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Reservas servirão de crédito para empresas
Companhias com dívida no exterior poderão tomar até US$ 10 bi com BC; medida já estava prevista em MP de outubro
Recurso às reservas internacionais pode reduzir escassez de crédito no mercado brasileiro e a pressão sobre o câmbio
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo emprestará cerca
de US$ 10 bilhões das reservas
internacionais do país a empresas que tenham dívida no exterior vencendo até o fim do ano
que vem. A intenção é que os
dólares usados nesses empréstimos evitem uma desvalorização ainda maior do real e, ao
mesmo tempo, que as companhias deixem de recorrer a financiamentos em reais, abrindo espaço para as pequenas e
médias empresas que não captam no exterior.
Anunciada como uma nova
medida e incluída no pacote de
bondades tributárias divulgado
ontem, a ajuda às empresas já
estava prevista na medida provisória 442, editada em outubro, ainda não havia sido utilizada e foi apenas regulamentada pelo BC.
"Com menos acesso ao crédito externo [por causa da crise
global], as empresas substituíram por crédito interno, pressionando o custo e a disponibilidade de recursos no mercado
de crédito brasileiro", explicou
o presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles.
O ministro Guido Mantega
(Fazenda) disse que a medida
não representará perda de reservas, hoje em US$ 194 bilhões, por se tratarem de empréstimos por 360 dias. "Vamos manter as reservas e retirar uma pressão sobre a taxa de
câmbio. As empresas estavam
pegando dinheiro emprestado
aqui dentro e comprando dólares. Agora, vão pegar lá fora."
Mantega disse ainda que a
medida vai beneficiar as grandes empresas brasileiras, como
a Petrobras. Segundo ele, as
empresas vão ter direito a um
adicional de 20% a 25% no valor da dívida no exterior, para
que possam se capitalizar e fazer investimentos neste momento de escassez de crédito.
Segundo dados do Ministério
da Fazenda, a dívida externa total das empresas a vencer até o
final de 2009 totaliza entre US$
17 bilhões e US$ 18 bilhões.
Os empréstimos serão definidos caso a caso pelo BC. As
empresas com dívida vencendo
no exterior entre setembro de
2008 e dezembro de 2009 terão
que conseguir crédito numa
instituição autorizada pelo BC
a ter acesso a essa nova modalidade de empréstimo e, assinado o contrato, o banco pedirá ao
BC a liberação dos dólares.
A taxa de juros será fixa e definida pelo BC com base nos leilões de dólares que são feitos
para financiar as exportações.
A partir desse percentual mínimo, as empresas poderão negociar a rolagem de suas dívidas
externas a um custo menor
com os bancos.
Como o governo pretende
oferecer recursos suficientes
para que toda a dívida seja refinanciada, não deverá faltar dinheiro.
Um dos exemplos da pressão
dos empréstimos feitos por
grandes empresas junto a bancos nacionais foi a operação de
R$ 2 bilhões feita pela Petrobras em outubro com a Caixa
Econômica Federal. O financiamento foi criticado pelo presidente Lula por representar
redução na oferta de dinheiro a
companhias menores.
Além de reduzir a procura no
mercado doméstico, o governo
também espera ter ganhos no
câmbio. Como estará oferecendo dólares ao mercado, a taxa
não deve subir tanto como o
ocorrido nas últimas semanas,
em que o dólar chegou a R$
2,50 (fechou ontem a R$ 2,34).
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