São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

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Para analistas, ação pode aliviar câmbio; dólar recua a R$ 2,345

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado de câmbio viveu um dia de forte alívio ontem. O dólar recuou 3,54% e encerrou as operações vendido a R$ 2,345. E, com as medidas anunciadas pelo governo ontem, depois do fechamento do mercado de câmbio, a pressão sobre a moeda tende a diminuir ainda mais, na avaliação de analistas.
"Hoje [ontem] o dia já foi favorável no câmbio, e as medidas vão significar uma pressão a menos sobre a moeda. As reservas devem ser utilizadas pelo governo para esse tipo de ação, mesmo", afirma Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos.
O dólar ainda registra alta de 1,30% diante do real neste mês. Em 2008, a apreciação acumulada está em 31,96%.
O presidente do BC, Henrique Meirelles, anunciou ontem uma resolução que permitirá o financiamento, com recursos das reservas do país, das empresas que têm dívida externa. Com essas operações, a demanda por dólares e crédito por parte das empresas deve ser atendida, o que ajudará a desafogar o mercado.
"As medidas do BC ajudarão a tirar a força da especulação, pois vão desafogar um mercado que anda sob muita pressão", diz João Medeiros, diretor da corretora de câmbio Pioneer.
Dependendo da resposta do mercado às medidas nas operações de hoje, os bancos podem revisar para baixo suas estimativas para o dólar no fim de 2008. Os vencimentos externos privados são um dos pontos que vêm fortalecendo o dólar, pois as empresas têm tido dificuldades para rolar seus débitos lá fora. Dessa forma, necessitam de recursos para quitar essas dívidas. E o crescimento da demanda acaba por pressionar a moeda.
Na pesquisa Focus feita na semana passada pelo BC com o mercado, foi projetado que o dólar estaria em R$ 2,27 no fim de 2008. Há um mês, estimava-se que a moeda ficaria em torno de R$ 2,05.
"Não podemos esquecer que o fortalecimento do real hoje [ontem] ocorreu em um cenário de depreciação generalizada do dólar no mercado internacional", diz Medeiros.
A moeda norte-americana perdeu valor ontem em relação às principais divisas do mundo. Diante do euro, o dólar teve baixa de 2,2%. Em relação à libra, caiu 1,34%.
Mesmo com o cenário externo favorável, o BC realizou leilão para vender dólares ao mercado. A autoridade monetária também fez operação para ofertar contratos de "swap cambial" (que acompanham a variação da moeda), na qual vendeu US$ 1,2 bilhão.

Aposta menor
No mercado futuro, os investidores estrangeiros começaram a desmontar suas posições compradas em dólar. Isso significa que esses investidores têm diminuído suas apostas na manutenção do dólar em patamares mais apreciados.
Quanto mais elevadas são as posições compradas, maiores são as apostas na alta do dólar. Após o pico de quase US$ 13,5 bilhões que as posições líquidas dos estrangeiros na BM&F atingiram, houve um recuo para US$ 11,9 bilhões no último dia 10. Esse movimento ajuda a elevar a possibilidade de o real voltar a se fortalecer.
Operadores afirmaram que ontem o fluxo de dólares para o país foi positivo, o que favoreceu o recuo da moeda estrangeira. Na primeira semana de dezembro, o fluxo de recursos para o país ficou positivo em US$ 7 milhões. Em novembro, houve saída líquida de US$ 7,159 bilhões, o pior resultado mensal desde janeiro de 1999.


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