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Lula ordenou redução de juros no BB e na CEF, afirma Dilma
SERGIO TORRES
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
CIRILO JÚNIOR
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ordenou ao BB (Banco do Brasil) e à CEF (Caixa
Econômica Federal) a redução
das taxas de juros dos empréstimos, afirmou ontem no Rio a
ministra-chefe da Casa Civil,
Dilma Rousseff.
Segundo a ministra, o presidente quer que os juros voltem
a patamares anteriores à crise
financeira. Ela afirmou que não
é correto os bancos públicos lucrarem com o risco em situações como a atual.
"O presidente Lula está extremamente preocupado com
os juros cobrados na ponta. E
determinou ao BB e à Caixa que
façam a revisão do que estão
cobrando acima da [taxa] Selic", disse a ministra.
Dilma afirmou que a queixa
do governo é referente ao
"spread", a diferença entre o juro cobrado nos empréstimos e
as taxas pagas pelos bancos aos
investidores. A diferença determina o lucro bancário nas operações de crédito.
Segundo especialistas, contudo, os bancos não têm condições de baixar seus "spreads" e
juros, pois seus custos de captação de recursos -principalmente via CDBs- e de administração são altos. "Eles não
baixam os juros porque não podem, não porque não querem",
diz Carlos Eduardo de Freitas,
ex-diretor do Banco Central.
Além disso, afirma, uma determinação do governo de reduzir os juros traz o risco de
reação de acionistas minoritários do Banco do Brasil, que
tem capital aberto. A CEF não
tem ações no mercado.
Para Aloísio Lemos, analista
da Ágora, o custo de captação
do BB e da CEF não permite diminuição dos "spreads". O que
indica, segundo ele, que a proposta do governo não passa "de
um discurso político".
Além de ordenar a redução
dos juros, o governo cobra do
BB e da CEF explicações sobre
as razões técnicas "de "spreads"
tão elevados". Segundo Dilma,
"não há aumento no custo de
captação, não faz sentido uma
cobrança de juros acima do que
se fazia antes".
Crise
Para a ministra, a atual crise
financeira internacional é "bastante grave" e supera o crash de
1929. "Temos condições de tomar uma série de medidas para
impedir que a crise tenha efeitos mais profundos", disse ela,
citando o PIB (Produto Interno
Bruto) do terceiro trimestre
deste ano -crescimento de
6,8% em relação ao mesmo período de 2007- para sustentar
a tese de que a crise só chegou
ao Brasil no fim de setembro.
Nos EUA e na Europa, afirmou,
ela começou no início do ano.
De acordo com a ministra, o
Brasil não quebrou por duas razões: as reservas financeiras e o
fato de a dívida interna não ser
mais fortemente indexada ao
dólar. "Hoje, somos credores líquidos em dólar. A dívida interna em relação ao PIB diminui
quando a moeda americana se
valoriza", disse.
Ela afirmou que o país "vai
manter os investimentos intactos" em 2009. Segundo Dilma,
o governo tem como "agir diante da crise, com instrumentos
de política fiscal e monetária".
A ministra disse ainda acreditar que o dólar se estabilizará
entre R$ 2 e R$ 2,50, mas reiterou que o governo não trabalha
com meta cambial. O objetivo,
afirmou, é ter o câmbio estável.
O BB informou que não comentaria as declarações da ministra. A CEF ficou de se manifestar por meio de nota, o que
não ocorrera até a conclusão
desta edição.
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