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Após Lula, Serra anuncia hoje alívio fiscal
Medidas incluem prazo maior para recolher ICMS e redução do tributo a microempresas que compram da indústria e do atacado
Com pacote, governo quer ajudar empresas a manter
a competitividade para enfrentar impactos da crise econômica internacional
CLAUDIA ROLLI
FÁTIMA FERNANDES
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A exemplo do governo Lula, o
governo do Estado de São Paulo anuncia hoje um pacote de
medidas para aliviar o caixa das
empresas e combater a sonegação fiscal. Entre as ações, estão
a ampliação de prazos para o
recolhimento do ICMS e de benefícios para quem solicita Nota Fiscal Paulista, além da
oportunidade de redução do
ICMS para todas as microempresas do Estado.
Pelo pacote, todas as microempresas -com faturamento de até R$ 240 mil
anuais- terão direito à devolução, em dinheiro, do ICMS pago nas compras feitas na indústria e no atacado. Elas serão beneficiárias de uma nova modalidade da Nota Fiscal Paulista.
Hoje, o programa só se aplica
às operações de varejo (em estabelecimentos comerciais): o
consumidor ganha crédito de
parte do ICMS pago na compra
de produtos e serviços.
Com o pacote, a nota fiscal é
ampliada. As microempresas
também poderão ser ressarcidas do imposto pago nas compras feitas na indústria e no
atacado, no limite do ICMS devido ao Estado. Na prática, o
governo avalia que as microempresas não pagarão mais ICMS.
O que o governador José Serra (PSDB) deve anunciar também são algumas medidas já
pedidas pela Fiesp (Federação
das Indústrias do Estado de São
Paulo), como o financiamento
para os setores de autopeças e
máquinas pela Nossa Caixa; o
adiamento, de fevereiro para
abril, da entrada em vigor do
regime de substituição tributária (pagamento antecipado do
ICMS) para alguns setores e a
criação de critérios para inclusão de novos setores ou produtos nesse regime. Propõe ainda
a manutenção de alíquota reduzida de 12% para alguns setores industriais -como têxteis,
couro, vinho, perfumes, brinquedos, entre outros.
Para completar o pacote fiscal, que estava em estudo desde
setembro, conforme antecipou
a Folha, o governo paulista
também conta com a aprovação, pela Assembléia Legislativa, do projeto de lei nº 716, de
2008, que estabelece novas regras para o pagamento do IPVA
(Imposto sobre a Propriedade
de Veículos Automotores).
Um dos artigos desse projeto
cancela débitos fiscais do IPVA
que ocorreram até o final deste
ano relativos a veículos registrados em outros Estados -ou
seja, que pagam o imposto em
outros Estados-, mas que pertencem a empresas ou pessoas
com domicílio fiscal no Estado
de São Paulo.
Com as novas regras para o
IPVA, o Estado quer acabar
com brechas que existem na legislação atual e inibir o emplacamento em outros Estados
(isso é feito porque nos Estados
do Paraná e do Tocantins, por
exemplo, as alíquotas são mais
baixas). O governo paulista estima que 326 locadoras deixaram de recolher R$ 500 milhões nos últimos três anos
com carros emplacados em outros Estados.
A ampliação do prazo para o
recolhimento do ICMS é uma
das medidas que, além de beneficiar as empresas em um
momento em que o país enfrenta os reflexos da crise internacional, também atende a
uma antiga reivindicação do
comércio paulista.
Em vez de recolher o imposto em janeiro, os empresários
teriam prazo de mais 30 ou 60
dias para pagá-lo.
No início de novembro, o governo federal também esticou
o prazo de recolhimento dos
principais tributos federais em
até dez dias para ajudar as empresas a suprirem a escassez de
crédito. O prazo foi considerado insuficiente por entidades
empresariais do país.
"O governo Serra está pegando carona em medidas federais,
com objetivo claramente eleitoreiro. O governo federal
anunciou pacote para montadoras, o governo Serra também
anunciou. O governo Lula esticou o prazo para pagamento de
impostos, o Serra também vai
esticar o prazo para pagar o
ICMS", afirma o deputado
Enio Tatto (PT).
Mais benefícios
Para ajudar no combate à sonegação fiscal, o governo Serra
também vai anunciar hoje o envio à Assembléia Legislativa de
um projeto de lei que estende
os benefícios da Nota Fiscal
Paulista aos consumidores que
participam desse programa.
Quem pede nota fiscal nos estabelecimentos comerciais do
Estado tem direito a crédito de
parte do valor do ICMS pago ao
adquirir um produto ou serviço
se o lojista registrar o valor da
compra no sistema.
O programa Nota Fiscal Paulista permite que até 30% do
imposto recolhido pelo estabelecimento comercial seja devolvido ao consumidor que informa o CPF ou o CNPJ, proporcionalmente ao valor de sua
aquisição, no ato da compra.
O consumidor pode receber
o crédito do ICMS em dinheiro,
na conta corrente, na conta
poupança, pelo cartão de crédito ou abater parte do valor do
IPVA de seu veículo.
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