São Paulo, sábado, 12 de dezembro de 2009

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UE pressiona FMI por taxa sobre transações financeiras

Dinheiro iria para cobrir resgates de bancos; EUA e Fundo já disseram ser contra

Brown e Sarkozy afirmam que verba também poderia ser usada no combate às mudanças climáticas, com ênfase nos países pobres


Gerard Cerles/France Presse
Gordon Brown e Nicolas Sarkozy, que defendem tributo global

DA REDAÇÃO

Os líderes da União Europeia instaram o FMI a estudar a implementação de uma taxa global sobre as transações financeiras (conhecida como taxa Tobin). A ideia, no entanto, foi criticada recentemente tanto pelo governo dos EUA como pelo próprio Fundo.
Com o francês Nicolas Sarkozy e o britânico Gordon Brown na linha de frente, as lideranças do bloco pediram que o Fundo analise uma série de medidas para impedir que os bancos voltem a tomar riscos excessivos, o que poderia desencadear uma nova crise financeira global.
"O Conselho Europeu salienta a importância de renovar o contrato econômico e social entre as instituições financeiras e a sociedade à qual elas servem e de assegurar que o público em geral aproveite os benefícios nos tempos favoráveis e esteja protegido dos riscos", afirma a nota após reunião de dois dias em Bruxelas (Bélgica).
Além da taxa global sobre as transações financeiras, as autoridades europeias "encorajam" o FMI a analisar taxas de seguro, fundos de resolução e mecanismos de capital contingente.
O FMI está estudando uma série de opções de arrecadação global sobre os bancos. Esse dinheiro seria usado para cobrir os gastos com os recentes e os futuros resgates do setor financeiro -que até hoje foram patrocinados pelos contribuintes.
O Fundo deve apresentar em abril um relatório sobre as alternativas para os membros do G20 (grupo que reúne as principais economias mundiais e a União Europeia), a quem caberá a decisão final.
Porém o diretor-gerente do Fundo, Dominique Strauss-Kahn, disse, no mês passado, durante reunião dos ministros das Finanças do G20, que a taxa global sobre transações financeiras "é uma ideia muito velha que não é exequível hoje em dia". A proposta foi criada em 1971 pelo economista americana James Tobin (1918-2002) e visava originalmente levantar fundos para os países em desenvolvimento.
Quem também já se opôs à ideia foi o secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, que afirmou, no mesmo encontro do G20, que "uma taxa sobre as transações financeiras diárias não é algo que estamos preparados para apoiar".
Brown e Sarkozy (que decidiram impor tributo de 50% sobre os bônus dos bancos) sugeriram ontem que as receitas obtidas com a taxa Tobin possam ser usadas na luta contra as mudanças climáticas, especialmente nos países pobres. Mas as autoridades britânicas afirmaram posteriormente que o principal ponto da medida seria garantir que os contribuintes não voltem a subsidiar resgates do setor financeiro.
Governos da Europa e dos EUA já gastaram centenas de bilhões de dólares para resgatar e recapitalizar bancos.

Com agências internacionais e "Financial Times"



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