São Paulo, terça-feira, 13 de janeiro de 2004

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EXUBERÂNCIA NACIONAL

Banco Central realiza dois leilões para compra de moeda americana, que fecha cotada a R$ 2,79

Dólar volta para o menor valor desde 2002

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O dólar registrou forte queda com o anúncio do Banco Central de que o governo fechou sua primeira captação do ano no mercado internacional. A queda da moeda foi de 1,52%. Isso levou o dólar a R$ 2,79, seu menor valor desde junho de 2002.
A baixa do dólar levou o BC a realizar dois leilões de compra de moeda. Mas, como mostra o fechamento do mercado, o máximo que a autoridade monetária conseguiu foi evitar que o dólar caísse para níveis ainda menores.
No mercado, a principal dúvida é se o BC tomará novas medidas para tentar conter a desvalorização do dólar diante do real.
Na semana passada, o Banco Central anunciou uma estratégia de compra de moeda para recompor as reservas internacionais -um ato interpretado como uma espécie de intervenção na livre flutuação do dólar.
O movimento de baixa da moeda norte-americana pode ser pernicioso para a balança comercial brasileira, encarecendo (e podendo prejudicar) as exportações do país. Por outro lado, pode reduzir o endividamento externo.
"Acredito que o dólar entre R$ 2,80 e R$ 3,00 é cômodo para a balança comercial e as contas do país. Fora dessa faixa, pode se tornar preocupante", afirma Luis Henrique Didier, presidente da Abracam (Associação Brasileira das Corretoras de Câmbio).
Para Didier, o BC tem instrumentos para agir e não deve deixar o dólar permanecer em níveis considerados muito baixos.
No ano, o dólar já acumula perda de 3,86%. Em 2003, o dólar havia caído outros 18,1% diante do real. No início dos negócios de ontem, a moeda norte-americana chegou a registrar alta de 0,21%, mas rapidamente perdeu forças após o anúncio do BC.
Se depender das apostas feitas no mercado futuro, o dólar não vai ficar muito tempo no atual nível. O contrato de câmbio com prazo de vencimento em outubro fechou ontem na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) com taxa de R$ 3,036. Para a virada do ano, a cotação do contrato futuro que indica as projeções para o período encerrou ontem a R$ 3,115.
A enxurrada de captações de recursos fechadas no mercado internacional por empresas brasileiras nas primeiras semanas deste ano tem feito com que o dólar não tenha forças para reagir diante do real. Somada a captação anunciada pelo governo brasileiro, o mercado tem tido mais vendedores que compradores de moeda, o que tem feito a cotação do dólar despencar.
Os juros futuros também recuaram com força pela tarde, após oscilarem perto da estabilidade.
O contrato DI -que considera as taxas das operações feitas entre bancos- de prazo mais curto caiu de 15,97% para 15,93% anuais, mostrando o maior otimismo do mercado em relação ao próximo encontro do Copom (Comitê de Política Monetária). Já há instituições financeiras apostando em um corte de até um ponto percentual na atual taxa básica de juros da economia (Selic, atualmente em 16,5%).
A Bovespa também reagiu com entusiasmo e fechou pela primeira vez acima dos 24 mil pontos. Com alta de 1,34%, o Ibovespa (principal índice da Bolsa) alcançou os 24.236 pontos.


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