São Paulo, domingo, 13 de janeiro de 2008

Próximo Texto | Índice

Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Alto crescimento da AL reflete avanço da democracia, diz Ibre

Apesar de as percepções internas e externas freqüentemente indicarem que a América Latina é quase um caso perdido em termos de desenvolvimento das instituições, uma rápida percorrida pelo mundo atual mostra que não somos piores do que nossos pares emergentes em diversas questões importantes que muitas vezes somos superiores à média. E em alguns pontos atingimos níveis equivalentes ao do mundo desenvolvido.
O bom momento econômico de que desfrutamos agora, portanto, não é apenas o resultado fugaz de commodities em alta, mas reflete o nosso amadurecimento institucional.
A América Latina vive, hoje, o mais brilhante período democrático de toda a sua história. Com a exceção de Cuba, todas as nações do subcontinente são atualmente democracias ou semidemocracias.
O texto acima poderia ser muito bem de autoria de um nacionalista empedernido, daqueles que apóiam governos polêmicos como o de Hugo Chávez, na Venezuela, Evo Morales, na Bolívia, e Rafael Correa, no Equador, mas não é.
Esses primeiros parágrafos foram extraídos da Carta do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) que será publicada na edição deste mês da "Conjuntura Econômica", da Fundação Getulio Vargas. Trata-se de uma das mais conservadoras publicações do país.
Segundo o texto, entre novembro de 2005 e dezembro de 2006, foram celebradas, na América Latina, nada menos do que 26 eleições presidenciais e legislativas em 16 países, evidência eloquente de um vigor sem precedentes das liberdades políticas na região.
A Carta do Ibre cita exemplos de decisões ou promessas anunciadas pelos governos do Brasil, da Venezuela ou da Bolívia que foram encarados por analistas de pendor mais liberais como sinais prematuros de intervenções preocupantes do Estado.
Já quando o governo Bush congela por cinco anos as taxas de juros flutuantes de parte das hipotecas do segmento "subprime" -que é uma clara interferência governamental em contratos do mercado-, a medida foi vista como uma iniciativa inteligente para mitigar as perdas de crise no segmento imobiliário. No Brasil, seria uma imperdoável quebra de contratos.
"Quando todos esses fatos são levados em consideração, a tese sobre o dramático subdesenvolvimento institucional da América Latina começa a parecer exagerada. A atual maré de esquerda na região, oportuno lembrar, é normal e previsível em vista da incapacidade dos governos, ao longo da história, de encaminhar soluções estruturais aos dramáticos problemas de desigualdade e de pobreza", diz a Carta do Ibre.
O documento conclui dizendo que "é importante ter em mente que os índios e mestiços que compõem a maior parte das nossas populações não são, definitivamente, nem um pouco mais suscetíveis a políticas de quebra de contrato e ao autoritarismo político do que os brancos, loiros e orientais que povoam outros países desenvolvidos e emergentes -e para os quais freqüentemente olhamos como modelos".

CARÊNCIA

O Brasil é um dos países mais carentes de auditoria. Em relação ao número de habitantes, é um dos que têm a menor proporção de auditores por população, segundo estudo da RCS Brasil (veja quadro acima). "O Brasil precisa entender a cultura preventiva da auditoria, em vez de limitá-la ao apontamento de fraudes e à avaliação de gastos de campanha", diz Julian Clemente, da RCS.

ÁREA NOBRE

A Canpuig Empreendimentos Imobiliários se prepara para fazer um dos últimos loteamentos em área nobre de São Paulo, a Chácara Santa Helena. A empresa está investindo R$ 17 milhões na implantação integral do projeto. O terreno, de 85 mil metros quadrados, é vizinho à Chácara Flora, no Alto da Boa Vista, região sul da capital paulista. Membros da família Esteve, que adquiriu a propriedade no final da década de 1930, moraram nela por mais de 50 anos. "Meus avós compraram o terreno quando se mudaram para o Brasil", afirma Antonio Luiz Esteve, que dirige a empresa. No total, serão comercializados 57 lotes. O projeto de arquitetura é assinado por Isay Weinfeld.

LONGEVIDADE:
EM 2010, 19% DOS BRASILEIROS TERÃO MAIS DE 50

Em 2010, mais de 19% da população brasileira terá mais de 50 anos e, juntamente com a idade dos brasileiros, aumentará o índice de doenças crônicas ou ligadas ao envelhecimento, como hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes, artrite e câncer.
Os dados fazem parte um estudo da FIA (Fundação Instituto de Administração), da USP, encomendada pela farmacêutica Roche.
A pesquisa constatou que, entre Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, México e Venezuela, apenas o México aumenta, a cada ano, o valor investido na saúde. Os demais mantêm o mesmo investimento há 15 anos.
A média do investimento per capita da América Latina é de US$ 261.

EM OBRAS
A Klabin Segall atingiu a cifra de R$ 1,1 bilhão de VGV (valor geral de vendas), em 2007, e a marca de 19 lançamentos. A expansão pelo interior paulista, o lançamento da marca popular Olá e a aquisição da construtora Setin impulsionaram o crescimento. Para 2008, a previsão é de 24 produtos e VGV de R$ 1,5 bilhão.

IPO
A Bovespa Holding recebe amanhã, em Londres, o prêmio IFR's Latin American Equity Issue. O IPO da Bovespa foi eleito a melhor operação de emissão pública de ações da América Latina em 2007.

SALTO ALTO
A Corso Como fechou parceria com Lino Villaventura para a São Paulo Fashion Week. A aliança levará para o evento os sapatos exclusivos assinados pelo estilista e produzidos pela empresa Strada Shoe.

ENVENENADO
A TIM, por meio da fornecedora de conteúdos Buongiorno, acaba de firmar parceria com a Ferrari. Os clientes da operadora contam com uma loja da escuderia italiana no portal wap da companhia telefônica.


com ISABELLE MOREIRA LIMA e JOANA CUNHA


Próximo Texto: Brasil ganha 60 mil novos milionários
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.