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Governo improvisa com horário de verão e censo de ar-condicionado
DE BUENOS AIRES
Embora o agravamento da
crise energética se anunciasse
havia muito tempo, o governo
argentino adotou medidas que
beiram o improviso.
No fim de 2007, a presidente
Cristina Fernández de Kirchner anunciou um plano de uso
racional de energia que consistia da volta da adoção do horário de verão depois de anos e da
substituição de 5 milhões de
lâmpadas convencionais por similares de baixo consumo.
A primeira parte do plano foi
implementada em tempo recorde. Cristina anunciou a medida em 21 de dezembro. O
Congresso a aprovou no dia 26.
No dia 30, ela estava em vigor.
A Argentina havia abolido o
horário de verão porque o país
tem um fuso horário que não
condiz com a sua posição geográfica, de -4 horas em relação
ao meridiano de Greenwich.
No verão, o fuso será de -2 horas, o que desagrada principalmente às Províncias mais ocidentais, onde a claridade persiste até depois das 22h30.
Analistas divergem sobre a
efetividade do horário de verão.
Afirmam que a eventual economia com lâmpadas será anulada pelo uso de ar-condicionado.
Censo nos edifícios
O governo voltou a improvisar: após os cortes da última
terça-feira, ordenou ao sindicato dos porteiros que promova
um censo nos edifícios para calcular quantos aparelhos de ar-condicionado há em uso. Ainda
não se sabe o que será feito com
o resultado do levantamento.
Em 2007, foi vendido no país
1 milhão de aparelhos de ar-condicionado. Se ligados simultaneamente, representam um
consumo de 600 MW, o dobro
do que a Argentina teve que importar emergencialmente do
Brasil na semana passada.
O chefe-de-gabinete de Cristina, Alberto Fernández, transformou o ar-condicionado no
grande vilão da crise energética. "O governo optou por atuar
sobre a demanda e tentar conscientizar os consumidores de
que haverá problemas se não
economizarem energia. Mas o
fez de uma maneira light, sem
mexer nas tarifas, o que nos leva a duvidar do resultado", diz o
analista Néstor Scibona.
(RR)
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