São Paulo, domingo, 13 de janeiro de 2008

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Governo improvisa com horário de verão e censo de ar-condicionado

DE BUENOS AIRES

Embora o agravamento da crise energética se anunciasse havia muito tempo, o governo argentino adotou medidas que beiram o improviso.
No fim de 2007, a presidente Cristina Fernández de Kirchner anunciou um plano de uso racional de energia que consistia da volta da adoção do horário de verão depois de anos e da substituição de 5 milhões de lâmpadas convencionais por similares de baixo consumo.
A primeira parte do plano foi implementada em tempo recorde. Cristina anunciou a medida em 21 de dezembro. O Congresso a aprovou no dia 26. No dia 30, ela estava em vigor.
A Argentina havia abolido o horário de verão porque o país tem um fuso horário que não condiz com a sua posição geográfica, de -4 horas em relação ao meridiano de Greenwich. No verão, o fuso será de -2 horas, o que desagrada principalmente às Províncias mais ocidentais, onde a claridade persiste até depois das 22h30.
Analistas divergem sobre a efetividade do horário de verão. Afirmam que a eventual economia com lâmpadas será anulada pelo uso de ar-condicionado.

Censo nos edifícios
O governo voltou a improvisar: após os cortes da última terça-feira, ordenou ao sindicato dos porteiros que promova um censo nos edifícios para calcular quantos aparelhos de ar-condicionado há em uso. Ainda não se sabe o que será feito com o resultado do levantamento.
Em 2007, foi vendido no país 1 milhão de aparelhos de ar-condicionado. Se ligados simultaneamente, representam um consumo de 600 MW, o dobro do que a Argentina teve que importar emergencialmente do Brasil na semana passada.
O chefe-de-gabinete de Cristina, Alberto Fernández, transformou o ar-condicionado no grande vilão da crise energética. "O governo optou por atuar sobre a demanda e tentar conscientizar os consumidores de que haverá problemas se não economizarem energia. Mas o fez de uma maneira light, sem mexer nas tarifas, o que nos leva a duvidar do resultado", diz o analista Néstor Scibona. (RR)


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