São Paulo, terça-feira, 13 de janeiro de 2009

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Mercado vê alta de apenas 2% no PIB

Analistas reduzem projeção para o crescimento da economia neste ano, e Lula diz que especialistas vão errar

Diante das perspectivas cada vez menos otimistas, setor privado aposta em um corte agressivo nos juros por parte do Banco Central


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Analistas do mercado financeiro consultados pelo Banco Central voltaram a reduzir suas projeções para o crescimento da economia neste ano e, agora, apostam em expansão de 2%. Confirmada a estimativa, o Brasil cresceria em 2009 menos da metade dos 5,6% previstos pelos mesmos analistas para 2008 -o resultado oficial de 2008 ainda não foi divulgado.
O levantamento, feito a cada sexta-feira com cerca de 80 bancos e empresas de consultoria, mostra que a expectativa do mercado é que a desaceleração atinja todos os setores da economia, sendo mais pronunciada na agricultura e nos serviços.
Segundo a pesquisa, o PIB (Produto Interno Bruto) do setor agropecuário deve ter expansão de 2%, contra 6,05% projetados para 2008. A indústria, com crescimento estimado de 5,04% no ano passado, deve crescer 2,15% em 2009.
Diante das perspectivas cada vez menos otimistas para o crescimento do PIB, os analistas do setor privado passam a apostar num corte mais agressivo nos juros por parte do BC.
Até a sexta-feira retrasada, a expectativa era a de uma redução de 0,5 ponto na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) marcada para a semana que vem, o que levaria a Selic para 13,25% ao ano. Nos outros encontros, as apostas eram de vários cortes de 0,25 ponto cada um, fazendo com que os juros chegassem a 12% em julho e continuassem nesse patamar até dezembro.
Na semana passada, porém, as projeções mudaram, e agora os analistas consultados pelo BC dizem esperar três cortes de 0,5 ponto cada um nas próximas três reuniões do Copom, o que reduziria a Selic para 11,75% já em junho.
O cenário traçado pela pesquisa mostra que, para o mercado financeiro, uma queda gradual dos juros pode não ser suficiente para reativar a economia, e uma ação mais agressiva do BC pode ser mais recomendável, especialmente porque não há sinais de que a inflação possa se descontrolar e sair das metas fixadas pelo governo.
A meta do BC é manter o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em 4,5%, admitindo-se desvio de até dois pontos percentuais. Em 2008, a alta foi de 5,9%, e, para este ano, a projeção média é de 5%.
No seu primeiro pronunciamento em 2009, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, em São Paulo, que os analistas que projetam crescimento de 2% estão enganados.
"Os economistas que apostam em crescimento de 2% vão errar. Podem ficar certos de que vão errar. Mas, mesmo com esse pessimismo, veja a diferença do Brasil para os outros países. Os economistas que apostam que a crise vai ser profunda dizem que a economia vai crescer 2%. O problema é que no mundo desenvolvido estão discutindo recessão. Vamos trabalhar para crescermos o máximo possível. E o governo continua trabalhando com a possibilidade de crescer 4%."


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