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Venezuela adota racionamento de energia
Medida, que começa hoje e valerá por cinco meses, inclui cortes no fornecimento de luz de até quatro horas a cada dois dias
Presidente Chávez culpa a falta de chuva causada pelo fenômeno El Niño; para seus críticos, culpa é o atraso dos investimentos no setor
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Enquanto ainda assimilam a
recente desvalorização da moeda local, os venezuelanos terão
de se adaptar a partir de hoje a
um duro plano de racionamento de energia elétrica, que inclui cortes de luz de até quatro
horas a cada dois dias.
A medida terá, a princípio,
cinco meses de duração e deixa
de fora apenas grandes hospitais, metrôs, aeroportos, polícia
e meios de comunicação. Cada
região terá seu esquema próprio de racionamento, anunciado pelas empresas distribuidoras locais.
O anúncio foi feito pelos presidentes das empresas de distribuição, todas estatais. Segundo o presidente da Electricidad de Caracas (EDC), Javier
Alvarado, o deficit nacional de
produção de energia é de 12%.
Caracas, a principal cidade
do país, foi dividida em seis blocos, com horários de racionamento entre meia-noite e 4h,
8h e 12h e 12h e 16h. Desde o
fim do ano passado, a capital
venezuelana já sofre com o racionamento de água, com interrupções no fornecimento de
até dois dias por semana.
No Estado de Zulia (oeste), o
mais rico do país por concentrar a produção petroleira, o racionamento também será de
quatro horas a cada dois dias.
No vizinho Táchira, o apagão
será de apenas duas horas.
Na semana passada, o governo paralisou parcialmente as
estatais Alcasa e Venalum, ambas de alumínio, e até a recém-estatizada Sidor, a principal siderúrgica da Venezuela.
Existe o temor de que a queda da produção dessas empresas afete outros setores, como a
construção civil, abastecida
principalmente pela Sidor.
El Niño, o culpado
Por causa da crise, a Venezuela está reduzindo por etapas
o fornecimento de energia a
Roraima, forçando a Eletronorte a criar um plano de contingência para o Estado.
A Venezuela não tem como
importar energia dos vizinhos.
Com o Brasil, o problema é a
falta de interligação de Roraima e o restante do país.
A alternativa seria a Colômbia, mas a grave crise diplomática entre os países, além do
fantasma de problemas similares, fizeram Bogotá suspender
a exportação de energia para o
vizinho em dezembro.
O presidente Hugo Chávez
tem afirmado que a culpa pelos
racionamentos de água e de luz
se deve à falta de chuva causada
pelo fenômeno El Niño. O problema principal é a usina hidrelétrica de Guri, a terceira maior
do mundo.
No ano passado, Chávez pediu que os venezuelanos tomassem banho de três minutos
e usassem lanternas para ir ao
banho à noite como formas de
diminuir o consumo.
Para críticos de Chávez, a
culpa é dos atrasos nos investimentos. "É um governo irresponsável que, tendo dinheiro e
os planos, não executou os projetos", disse Victor Poleo, ex-vice-ministro de Eletricidade no
primeiro ano de Chávez (1999-2000) e professor de economia
da UCV (Universidade Central
da Venezuela).
Como exemplo, Poleo menciona a hidrelétrica Tocoma, de
médio porte (2.150 MW), a
mais importante obra em andamento do setor. Prevista inicialmente para começar a funcionar neste ano e estar concluída em 2012, agora deve ficar
pronta apenas em 2014.
A obra, suficiente para abastecer uma cidade de 6 milhões
de habitantes, está sendo tocada por um consórcio liderado
pela brasileira Odebrecht.
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