São Paulo, terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

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Soja e milho injetam R$ 37 bi na economia

Após 3 anos em marcha lenta, setor começa a se recuperar e deve trazer pelo menos US$ 7 bi em exportações nos próximos meses

Safra maior acirra debate sobre valorização do real; com o dólar mais fraco, produtores rurais recebem menos por exportações

Mauro Zafalon - 8.set.04/Folha Imagem
Caminhão descarrega milho em cooperativa no Paraná


MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

Um dos motores da economia nos primeiros anos desta década, e que estava em marcha lenta nos últimos três anos, volta a funcionar acelerado em 2007. É o setor de grãos.
Só milho e soja, produtos que representam 82% da produção total de grãos do país, devem injetar R$ 37 bilhões na economia neste ano e trazer pelo menos mais US$ 7 bilhões para o país em exportações nos próximos meses.
O resultado será uma reanimada na economia e discussões acaloradas sobre a valorização do real em relação ao dólar.
Após dois anos de forte crise, quando os produtores tiveram perda de renda devido a quebra de safra, recuo nos preços das commodities e apreciação do real -além do aumento de custos de produção-, o cenário muda para 2007.
As receitas de R$ 37 bilhões com os dois produtos superam em 54% as do ano anterior. Melhor para os agricultores, que devem embolsar grande parte desse dinheiro. Os custos de produção deste ano caíram, em média, 8,3% no cultivo desses dois produtos, para R$ 21 bilhões, dinheiro que deve ser repassado ao pagamento de dívidas contraídas com as indústrias de adubos e de sementes, cooperativas e outros fornecedores. Mas a diferença neste ano é que os produtores ficarão com os outros R$ 16 bilhões -12 vezes o R$ 1,31 bilhão da safra anterior.
No ano passado houve o descasamento entre os custos elevados pagos na produção e a queda no preço das commodities no principal período de desova da safra. A perda de renda dos produtores foi maior ainda devido à valorização do real.

Recordes
Os dados sobre a possível lucratividade dos agricultores são de José Pitoli, assessor agrícola da Coopermibra (Cooperativa Mista Agropecuária do Brasil), com sede em Campo Mourão (PR). Pitoli estima safras recordes tanto de soja como de milho. A de soja bateria em 58 milhões de toneladas; a de milho, em 50 milhões de toneladas.
Se forem considerados dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), que também prevê safras recordes, mas um pouco abaixo (56,4 milhões para a soja e 47,9 milhões para o milho), as receitas totais que seriam injetadas na economia ficariam em R$ 35 bilhões, sobrando R$ 15 bilhões para os produtores.
O aumento de produção de grãos deve aquecer ainda mais as discussões sobre a valorização do real. Com as receitas das exportações de commodities entrando mais fácil neste início de ano, as perspectivas são que o dólar fique mais perto de R$ 2 do que de R$ 2,20, diz Pitoli.
Mas esse dólar fraco faz com que os produtores recebam menos pelo produto exportado, principalmente porque os gastos, mais acentuadamente os com logística (transporte de produtos), são todos feitos em real, que está valorizado.
Mas o quadro atual pode ficar ainda melhor para os produtores, segundo Pitoli. Um dos motivos desse aumento de receitas é a alta de preços, provocada pela subida dos preços das commodities destinadas à produção de agroenergia. Essa demanda continua forte.
Além disso, a agricultura poderia sofrer os efeitos do El Niño, fenômeno climático que afeta a produção de grãos em várias regiões produtoras do mundo, o que elevaria ainda mais os preços.

Preços
Os dados da Coopermibra estimam para este ano o preço médio de R$ 32 por saca de soja no Paraná e de R$ 26,30 para o país. A cada aumento de R$ 1 por saca da oleaginosa, o volume de dinheiro injetado na economia subiria R$ 969 milhões.
No caso do milho, que tem preços médios de R$ 16 por saca para o Paraná e de R$ 13,50 no resto do país, a alta das receitas seria de R$ 839 milhões a cada aumento de R$ 1 por saca.


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