São Paulo, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

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Lucro do Itaú dobra e é o maior do setor

Ganho em 2007 chega a R$ 8,47 bi, contra R$ 8,01 bi do Bradesco, inflado por vendas de participações e crédito em alta

Setubal afirma que receita com tarifas deve crescer em ritmo menor neste ano por causa de ação do governo para reduzir cobrança

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Itaú dobrou seu lucro de 2006 para 2007. Com isso, cravou novo recorde para o setor bancário nacional, ao computar lucro líquido de R$ 8,474 bilhões no ano passado -aumento de 96,7%. O Bradesco, principal rival do Itaú, teve lucro de R$ 8,010 bilhões em 2007.
Como no caso do Bradesco, o resultado de 2007 foi inflado por efeitos extraordinários, dentre os quais a venda de participações na Bovespa, na BM&F e na Redecard. Em 2006, a realidade foi inversa: o desconto de ágios referentes a compras de instituições financeiras engoliu parte do lucro final dos bancos.
Se todos esses efeitos forem desconsiderados, nos dois anos, o lucro do Itaú subiu 15,9% em 2007, ficando em R$ 7,179 bilhões. Só no quarto trimestre do ano passado, o lucro da instituição financeira totalizou R$ 2,029 bilhões.
Com a economia aquecida e os juros em níveis elevados internacionalmente -o Brasil é o segundo no ranking dos países com maiores taxas reais do mundo-, a disseminação do crédito tem desempenhado papel relevante no resultado dos bancos: mais dinheiro tem sido emprestado, a taxas ainda altas.
No caso do Itaú, dentro da carteira de crédito, que aumentou 36,2% no ano passado, para R$ 127,59 bilhões, o destaque foi a expansão do segmento de financiamento de veículos, que teve aumento anual de 64,4% e totalizou R$ 29,61 bilhões.
Roberto Setubal, presidente do Itaú, avalia que a expansão do crédito vai se manter com fôlego privilegiado em 2008. "Devemos ver um crescimento entre 25% e 30% no crédito neste ano, excluindo o destinado às grandes empresas", afirmou Setubal.
Nos últimos anos, as grandes empresas têm buscado outras formas de conseguirem recursos, como emissão de debêntures e ações. O crédito dirigido ao segmento subiu 18% em 2007 no Itaú.
Setubal prevê que a economia brasileira crescerá em torno de 4,5% em 2008. Para o executivo, a maior probabilidade é a de a taxa básica Selic ser mantida em 11,25% no decorrer do ano. Dessa forma, a tendência é a de o cenário para os ganhos com crédito se manter.
O que deve perder um pouco de ritmo em 2008 são os ganhos com receitas de prestação de serviços -que incluem tarifas bancárias, taxas de cartões de crédito e administração de fundos, entre outros-, impactada pelas novas regras estipuladas para a cobrança de tarifas. Setubal avalia que isso deve ocorrer e é possível que "as receitas obtidas com tarifas bancárias" decresçam no ano.
No ano passado, as receitas de serviços totalizaram R$ 10,17 bilhões, aumento de 11,8% sobre 2007.
"A tendência é o ganho com prestação de serviços manter-se em crescimento, mas não no mesmo ritmo que temos visto", afirma Ariadne Arnosti, analista financeira do Inepad (Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração).
Um destaque do resultado do Itaú foi a melhora do perfil de sua carteira de crédito. Isso se refletiu na diminuição das despesas com provisão para créditos de liquidação duvidosa, que caíram de R$ 1,631 bilhão no terceiro trimestre para R$ 1,565 bilhão nos últimos três meses do ano. Na comparação de 2006 com 2007, o aumento nesse quesito foi pequeno (1,8%), indo de R$ 6,448 bilhões para R$ 6,563 bilhões.
O banco comemorou a queda na inadimplência no ano passado. De 5,3% do total em 2006 (para operações vencidas há mais de 60 dias), a taxa caiu para 4,4% no ano passado.
"Havíamos tido um aumento grande da inadimplência em 2006, o que nos levou a ser mais conservadores [na concessão de crédito]. E isso se refletiu já em 2007", disse Setubal. As ações preferenciais do Itaú subiram 6,13% na Bovespa no pregão de ontem.


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