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Lucro do Itaú dobra e é o maior do setor
Ganho em 2007 chega a R$ 8,47 bi, contra R$ 8,01 bi do Bradesco, inflado por vendas de participações e crédito em alta
Setubal afirma que receita com tarifas deve crescer em ritmo menor neste ano por causa de ação do governo para reduzir cobrança
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Itaú dobrou seu lucro de
2006 para 2007. Com isso, cravou novo recorde para o setor
bancário nacional, ao computar lucro líquido de R$ 8,474 bilhões no ano passado -aumento de 96,7%. O Bradesco, principal rival do Itaú, teve lucro de
R$ 8,010 bilhões em 2007.
Como no caso do Bradesco, o
resultado de 2007 foi inflado
por efeitos extraordinários,
dentre os quais a venda de participações na Bovespa, na
BM&F e na Redecard. Em
2006, a realidade foi inversa: o
desconto de ágios referentes a
compras de instituições financeiras engoliu parte do lucro final dos bancos.
Se todos esses efeitos forem
desconsiderados, nos dois
anos, o lucro do Itaú subiu
15,9% em 2007, ficando em R$
7,179 bilhões. Só no quarto trimestre do ano passado, o lucro
da instituição financeira totalizou R$ 2,029 bilhões.
Com a economia aquecida e
os juros em níveis elevados internacionalmente -o Brasil é o
segundo no ranking dos países
com maiores taxas reais do
mundo-, a disseminação do
crédito tem desempenhado papel relevante no resultado dos
bancos: mais dinheiro tem sido
emprestado, a taxas ainda altas.
No caso do Itaú, dentro da
carteira de crédito, que aumentou 36,2% no ano passado, para
R$ 127,59 bilhões, o destaque
foi a expansão do segmento de
financiamento de veículos, que
teve aumento anual de 64,4% e
totalizou R$ 29,61 bilhões.
Roberto Setubal, presidente
do Itaú, avalia que a expansão
do crédito vai se manter com
fôlego privilegiado em 2008.
"Devemos ver um crescimento
entre 25% e 30% no crédito
neste ano, excluindo o destinado às grandes empresas", afirmou Setubal.
Nos últimos anos, as grandes
empresas têm buscado outras
formas de conseguirem recursos, como emissão de debêntures e ações. O crédito dirigido
ao segmento subiu 18% em
2007 no Itaú.
Setubal prevê que a economia brasileira crescerá em torno de 4,5% em 2008. Para o
executivo, a maior probabilidade é a de a taxa básica Selic ser
mantida em 11,25% no decorrer
do ano. Dessa forma, a tendência é a de o cenário para os ganhos com crédito se manter.
O que deve perder um pouco
de ritmo em 2008 são os ganhos com receitas de prestação
de serviços -que incluem tarifas bancárias, taxas de cartões
de crédito e administração de
fundos, entre outros-, impactada pelas novas regras estipuladas para a cobrança de tarifas.
Setubal avalia que isso deve
ocorrer e é possível que "as receitas obtidas com tarifas bancárias" decresçam no ano.
No ano passado, as receitas
de serviços totalizaram R$
10,17 bilhões, aumento de 11,8%
sobre 2007.
"A tendência é o ganho com
prestação de serviços manter-se em crescimento, mas não no
mesmo ritmo que temos visto",
afirma Ariadne Arnosti, analista financeira do Inepad (Instituto de Ensino e Pesquisa em
Administração).
Um destaque do resultado do
Itaú foi a melhora do perfil de
sua carteira de crédito. Isso se
refletiu na diminuição das despesas com provisão para créditos de liquidação duvidosa, que
caíram de R$ 1,631 bilhão no
terceiro trimestre para R$
1,565 bilhão nos últimos três
meses do ano. Na comparação
de 2006 com 2007, o aumento
nesse quesito foi pequeno
(1,8%), indo de R$ 6,448 bilhões para R$ 6,563 bilhões.
O banco comemorou a queda
na inadimplência no ano passado. De 5,3% do total em 2006
(para operações vencidas há
mais de 60 dias), a taxa caiu para 4,4% no ano passado.
"Havíamos tido um aumento
grande da inadimplência em
2006, o que nos levou a ser
mais conservadores [na concessão de crédito]. E isso se refletiu já em 2007", disse Setubal. As ações preferenciais do
Itaú subiram 6,13% na Bovespa
no pregão de ontem.
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