São Paulo, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

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BNDES diz que priorizará infra-estrutura e o PAC

Governo quer garantir recursos ao programa, apesar de cortes orçamentários

Coutinho sinaliza que banco pode vender ações de sua carteira para elevar oferta de crédito; infra-estrutura tem demanda de R$ 40 bi

JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo estabeleceu que os investimentos em infra-estrutura serão prioridade do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) neste ano, no caso de faltar recursos no orçamento do banco para atender a toda a demanda por crédito. O presidente da instituição, Luciano Coutinho, elencou em segundo lugar na lista de prioridades os investimentos (financiamento de máquinas e equipamentos), seguidos pelos projetos de inovação tecnológica.
Apesar da dificuldade para conseguir mais recursos, Coutinho afirmou que não vai faltar dinheiro para investimentos neste ano. Lembrou que o banco tem uma farta carteira de ações, o que sinaliza que pode vender alguns ativos para conseguir mais dinheiro.
"Temos discutido dentro do banco e com o Ministério da Fazenda. Estamos tomando como prioridade infra-estrutura e, dentro disso, o PAC [Programa de Aceleração de Crescimento] é prioritário para a oferta de recursos do banco", afirmou ele.
Só a demanda por financiamentos em infra-estrutura para 2008 soma R$ 40 bilhões. O valor representa 80% dos R$ 52,5 bilhões que o banco tem disponível no orçamento deste ano até agora. Significa, portanto, que sobrariam só 20% dos recursos para indústria, agricultura e empresas de serviços e comércio. A demanda total por financiamentos em todas as áreas é de R$ 80 bilhões.
No início do ano, o Tesouro Nacional autorizou um empréstimo de R$ 12,5 bilhões ao BNDES, mas não definiu as condições, como taxas de juros. O dinheiro ainda não chegou ao caixa do banco de fomento. A expectativa é que isso aconteça até abril, se não houver um impedimento legal.
Logo depois da autorização do empréstimo, o DEM entrou com recurso no Supremo para suspender a medida, com a justificativa de que os juros devem ser definidos pelo Congresso, e não pelo governo. Coutinho negou que os recursos do Tesouro representem uma forma de subsídio para o banco.
"É [um empréstimo] feito pela melhor taxa. Vamos receber um empréstimo pelo custo marginal de captação do Tesouro. Claro que vou pedir a melhor taxa, mas não é subsídio", disse.
O presidente do BNDES esteve reunido ontem com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para tentar mais uma vez uma solução para os R$ 15 bilhões que ainda faltarão para completar o orçamento do banco, mesmo depois que o Tesouro liberar o empréstimo.
"Estamos providenciando mais recursos ao BNDES, que está em um momento muito bom porque os investimentos no país estão acelerados", disse Mantega, ao final da reunião.


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