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Leia a declaração presidencial de São José
Leia a seguir a declaração presidencial de São
José dos Campos (12 de fevereiro de 1999).
No dia 12 de fevereiro de 1999, os presidentes da
República Federativa do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, e da República Argentina, Carlos
Menem, encontraram-se em São José dos Campos
para analisar a situação internacional e regional,
bem como o andamento do processo de integração do Mercosul.
2) Os presidentes coincidiram em que o cenário
internacional caracteriza-se hoje por instabilidade e incertezas. Isso impõe novos desafios para as
instituições multilaterais, regionais e nacionais,
que devem encontrar respostas urgentes para reconduzir a economia mundial ao caminho do desenvolvimento e do crescimento.
3) Nesse quadro, constataram que é prematuro
extrair, neste momento, conclusões sobre os possíveis efeitos da nova realidade cambial brasileira
sobre a situação das economias e sobre as relações
comerciais dos dois países. Não obstante, coincidiram em que o Mercosul deve ser capaz de oferecer respostas eficazes aos desafios que se apresentam num período de desaceleração do crescimento econômico e de redução da demanda.
Por isso, os presidentes coincidiram em que, no
limiar do século 21, o Mercosul é mais útil e necessário do que nunca.
4) O Mercosul é constituído por sociedades
abertas e fundadas sobre valores como a paz e a vigência das instituições e do sistema democrático.
A existência de coincidências básicas em âmbito
regional permite que o Mercosul propicie um espaço ampliado de certezas e estabilidade em suas
relações com terceiros países e grupos de papéis,
que constitui uma contribuição do Mercosul à estabilidade internacional. Mostras concretas disso
são os progressos na associação com o Chile e com
a Bolívia, as relações com a Comunidade Andina e
com a União Européia e as negociações coordenadas no âmbito da OMC e do processo de conformação de uma Alca.
5) Os presidentes ressaltaram que o diálogo político no mais alto nível é fundamental para o desenvolvimento do processo de integração do Mercosul. A esse respeito, ressaltaram o completo entendimento mútuo e o apoio recíproco às medidas que sejam necessárias adotar para fazer face,
conjuntamente, à conjuntura atual.
6) Qualificaram essa capacidade de resposta
como parte da credibilidade internacional que o
Mercosul conquistou e também como instrumento valioso para fazer prevalecer os interesses comuns de longo prazo, expressos solenemente no
Tratado de Assunção, assim como as oportunidades do livre comércio, ante a eventuais demandas
protecionistas.
7) Os presidentes reafirmaram o interesse em
acelerar a agenda de consolidação e aprofundamento do Mercosul e reconheceram que se deve
atribuir maior ênfase a temas novos que constituem matéria crucial de negociações futuras e serão relevantes no século 21; a liberalização do comércio de serviços e a adoção de um instrumento
comum em matéria de compras governamentaisampliarão a perspectiva sobre as oportunidades
oferecidas pela união aduaneira.
8) Os presidentes decidiram:
a) Que o Brasil e a Argentina deverão contribuir para que o Mercosul avance, em ritmo adequado, no estabelecimento dos elementos necessários ao cumprimento do artigo 1 do Tratado de
Assunção, até mesmo a coordenação de políticas
macroeconômicas para assegurar condições adequadas de concorrência entre os Estados Partes e
ante a terceiros países;
b) Recomendar que, no contexto das reuniões
regulares dos ministros da Economia e presidentes de Bancos Centrais do Mercosul, seus representantes intensifiquem o intercâmbio de informações e pontos de vista sobre os temas da agenda da consolidação e do aprofundamento da
união aduaneira, assim como elaborem uma proposta conjunta para o acompanhamento regular
da evolução da conjuntura econômica dos quatro
Estados Partes. Nesse sentido, recomendam que a
próxima reunião se realize no mais breve prazo
possível;
c) Ao reafirmar sua plena adesão ao princípio
do livre comércio intrazona e sublinhar a importância da dinâmica dos mercados internos e do
quadro internacional para os setores produtivos
dos dois países, estabelecer um mecanismo ágil de
acompanhamento dos fluxos comerciais bilaterais, a fim de avaliar os eventuais efeitos derivados
de mudanças conjunturais nas respectivas economias e, se for o caso, sugerir propostas consensuadas de cursos de ação recomendáveis. Para esses
fins, decidiram criar um grupo especial de acompanhamento, a cargo da Secretaria de Comércio
Exterior do Ministério do Desenvolvimento, da
Indústria e do Comércio do Brasil e da Subsecretaria de Comércio Exterior do Ministério de Economia da Argentina. Decidiram, ademais, que
seus representantes nas instâncias apropriadas do
Mercosul proponham conjuntamente, na próxima reunião ordinária do Conselho do Mercado
Comum, a consideração dos meios necessários
para avaliar os eventuais efeitos comerciais derivados das mudanças conjunturais nas economias
dos Estados Partes.
d) Reiterar os compromissos comuns de não
aplicar, ao comércio intra-Mercosul, medidas e
instrumentos que não sejam compatíveis com a
decisão 10/94 do Conselho do Mercado Comum e
de eliminar as restrições não-tarifárias ao comércio;
e) Ressaltar a importância da promoção conjunta de exportações para o resto do mundo, a ser
gradualmente implementada e com o objetivo de
que participem progressivamente, mediante
ações conjuntas, todos os Estados Partes do Mercosul; e
f) Implementar a coordenação e cooperação
em mecanismos de defesa comercial ante a terceiros mercados, no quadro do previsto pelo artigo 4
do Tratado de Assunção, assim como um mecanismo de consulta para os procedimentos de antidumping intrazona.
9) Os presidentes se congratularam pelos entendimentos alcançados pelas delegações dos
dois países em matéria econômico-comercial.
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