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O VÔO DA ÁGUIA
País registrou no ano passado um saldo negativo de US$ 541,8 bilhões nas suas transações com o exterior
Déficit em conta corrente dos EUA é recorde
DA REDAÇÃO
O déficit dos EUA em suas transações comerciais e financeiras
com o exterior bateu um recorde
histórico no ano passado. O saldo
em conta corrente do país ficou
negativo em US$ 541,8 bilhões, o
pior resultado já registrado.
Em 2002, o país já havia registrado um expressivo déficit de
US$ 480,9 bilhões. A deterioração
nas contas externas reflete uma
compra cada vez maior de produtos importados pelos americanos,
ao passo que as exportações avançam de maneira mais lenta.
A conta corrente representa a
balança de bens e serviços e também as transferências de recursos
financeiros. Nos EUA, o déficit,
equivalente a 5% do PIB (Produto
Interno Bruto), ocorre sobretudo
por causa de um grande desequilíbrio na balança comercial.
A questão tornou-se um dos
pontos mais controversos na corrida para a Casa Branca neste ano
e inflou o sentimento protecionista entre políticos e empresários
no país. Os principais alvos são a
política econômica do governo
George W. Bush e a China.
O déficit comercial que os EUA
mantêm com a China representa
mais de um quarto de todo o saldo negativo. Os chineses têm sido
atacados por adotar um câmbio
fixo, com cotação depreciada, como forma de tornar os seus produtos mais baratos.
"A situação é difícil. As exportações terão que crescer no dobro
da velocidade das importações
apenas para que o déficit se mantenha constante", disse Clifford
Waldman, economista da Manufactures Alliance, uma associação
de pesquisa econômica. "A mensagem é que precisaremos de
mais do que a desvalorização do
dólar para reverter o déficit."
Representantes do Partido Democrata, de oposição, afirmam
que a política comercial do presidente republicano George W.
Bush "exporta" empregos para o
exterior. Dizem ainda que tal fenômeno seria uma das causas da
chamada "jobless recovery" (recuperação sem emprego).
De fato, os EUA perderam cerca
de 2,2 milhões de vagas desde que
Bush assumiu a Casa Branca, no
início de 2001. Mas a equipe de
Bush argumenta que, quando assumiu o governo, a economia já
estava em desaceleração.
Apesar do recorde, o déficit ficou abaixo das expectativas. Isso
porque houve uma diminuição
do saldo negativo nos últimos três
meses do ano passado.
Dólar mais fraco
Para financiar o seu enorme déficit comercial, os EUA precisam
receber investimentos em volumes equivalentes -aproximadamente US$ 1,5 bilhão por dia. Se
isso não ocorre, o dólar cai.
Como o ritmo de ingresso de investimentos perdeu fôlego após o
fim da euforia nas Bolsas, o dólar
enfrentou uma forte desvalorização recentemente. A cotação do
euro está cerca de 30% acima dos
valores do início do ano passado.
Dois outros indicadores sugerem que a atividade econômica
talvez não esteja ganhando corpo.
Os estoques das empresas cresceram apenas 0,1% em janeiro. Já o
índice de confiança dos consumidores da Universidade de Michigan caiu pelo segundo mês, um
reflexo do desemprego.
Com agências internacionais
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