São Paulo, sábado, 13 de março de 2004

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O VÔO DA ÁGUIA

País registrou no ano passado um saldo negativo de US$ 541,8 bilhões nas suas transações com o exterior

Déficit em conta corrente dos EUA é recorde

DA REDAÇÃO

O déficit dos EUA em suas transações comerciais e financeiras com o exterior bateu um recorde histórico no ano passado. O saldo em conta corrente do país ficou negativo em US$ 541,8 bilhões, o pior resultado já registrado.
Em 2002, o país já havia registrado um expressivo déficit de US$ 480,9 bilhões. A deterioração nas contas externas reflete uma compra cada vez maior de produtos importados pelos americanos, ao passo que as exportações avançam de maneira mais lenta.
A conta corrente representa a balança de bens e serviços e também as transferências de recursos financeiros. Nos EUA, o déficit, equivalente a 5% do PIB (Produto Interno Bruto), ocorre sobretudo por causa de um grande desequilíbrio na balança comercial.
A questão tornou-se um dos pontos mais controversos na corrida para a Casa Branca neste ano e inflou o sentimento protecionista entre políticos e empresários no país. Os principais alvos são a política econômica do governo George W. Bush e a China.
O déficit comercial que os EUA mantêm com a China representa mais de um quarto de todo o saldo negativo. Os chineses têm sido atacados por adotar um câmbio fixo, com cotação depreciada, como forma de tornar os seus produtos mais baratos.
"A situação é difícil. As exportações terão que crescer no dobro da velocidade das importações apenas para que o déficit se mantenha constante", disse Clifford Waldman, economista da Manufactures Alliance, uma associação de pesquisa econômica. "A mensagem é que precisaremos de mais do que a desvalorização do dólar para reverter o déficit."
Representantes do Partido Democrata, de oposição, afirmam que a política comercial do presidente republicano George W. Bush "exporta" empregos para o exterior. Dizem ainda que tal fenômeno seria uma das causas da chamada "jobless recovery" (recuperação sem emprego).
De fato, os EUA perderam cerca de 2,2 milhões de vagas desde que Bush assumiu a Casa Branca, no início de 2001. Mas a equipe de Bush argumenta que, quando assumiu o governo, a economia já estava em desaceleração.
Apesar do recorde, o déficit ficou abaixo das expectativas. Isso porque houve uma diminuição do saldo negativo nos últimos três meses do ano passado.

Dólar mais fraco
Para financiar o seu enorme déficit comercial, os EUA precisam receber investimentos em volumes equivalentes -aproximadamente US$ 1,5 bilhão por dia. Se isso não ocorre, o dólar cai.
Como o ritmo de ingresso de investimentos perdeu fôlego após o fim da euforia nas Bolsas, o dólar enfrentou uma forte desvalorização recentemente. A cotação do euro está cerca de 30% acima dos valores do início do ano passado.
Dois outros indicadores sugerem que a atividade econômica talvez não esteja ganhando corpo. Os estoques das empresas cresceram apenas 0,1% em janeiro. Já o índice de confiança dos consumidores da Universidade de Michigan caiu pelo segundo mês, um reflexo do desemprego.


Com agências internacionais


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