São Paulo, segunda-feira, 13 de março de 2006

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MERCADO ABERTO

Lula desagrada empresários

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não agradou aos empresários durante encontro ocorrido na sexta-feira com cerca de 20 presidentes de federações da indústria em Recife, na abertura da Olimpíada do Conhecimento.
O que mais deixou os empresários descontentes foi o fato de Lula ter deixado claro que o governo não tem intenção de repassar para os Estados a compensação tributária do crédito do ICMS à exportação prevista na Lei Kandir.
Desde outubro do ano passado, os Estados deixaram de autorizar o ressarcimento de novos créditos de ICMS obtidos por empresas exportadoras.
A medida foi adotada com o objetivo de pressionar a União a repassar aos governos estaduais cerca de R$ 900 milhões a título de compensação pela desoneração das exportações. A Lei Kandir concede a isenção do ICMS para os exportadores, mas prevê que parte das perdas de arrecadação dos Estados seja compensada pela União.
Como as empresas não estão tendo direito a receber de volta o ICMS pago no país na produção dos bens exportados, elas começam a rever seus planos de investimento, além de estarem pressionando as federações industriais para que a União volte a fazer a compensação tributária aos Estados.
Há estudos que mostram que os custos das empresas podem aumentar em até 10% com esse não ressarcimento do ICMS.
Na reunião de sexta-feira, Lula jogou uma ducha de água fria na expectativa dos líderes industriais de verem esse problema solucionado. Lula disse que os Estados também devem a União, e, portanto, não fazia sentido o governo federal repassar esses recursos para os governos estaduais. O desânimo foi geral. A maioria dos presentes saiu frustrada do encontro.
Os empresários não gostaram também das respostas dadas por Lula quando se falou sobre juros, câmbio e gasto público. Sobe juros, Lula disse que a taxa vai baixar, mas não mostrou a mesma ênfase de outras vezes.
Os líderes industriais também não sentiram muita disposição de Lula de reverter a atual situação de sobrevalorização cambial, e tampouco de apertar os botões para ampliar a redução dos gatos públicos. Lula disse que havia muita pressão para o aumento do gasto público.
Outra decepção dos empresários foi quando se falou sobre a proposta defendida pela Fazenda de ampliar a redução das tarifas de importação. Lula disse que o efeito da medida pode ser positivo para o câmbio, já que o aumento das importações provocaria inevitavelmente uma maior saída de recursos, o que contribuiria para uma desvalorização do real.
O encontro de Lula com os empresários foi realizado logo depois, da abertura da Olimpíada do Conhecimento, numa sala pequena e improvisada no Centro de Convenções de Recife, debaixo de um calor de 40C.
Muitos empresários, por exemplo, ficaram em pé durante a conversa. Um detalhe curioso foi que não falou-se de política nesse encontro.

MARKETING EM ALTA
Na esteira da expansão do ramo de marketing promocional no país, a Mix Comunicação Integrada, agência do grupo Giovanni, FCB, registrou aumento de 150% no faturamento no ano passado. Entre as razões, a conquista de nove clientes, como Natura, Pirelli e Alpargatas. Para 2006, a expectativa é a de uma alta de 25% no faturamento.

SAÚDE POPULAR
Em um ano em que apostou, por exemplo, em planos voltados para camadas mais populares (classes C e D) e pequenas e médias empresas, a Unimed paulistana superou pela primeira vez a marca de R$ 1 bilhão em faturamento. A receita foi de R$ 1,155 bilhão, alta de 24,67% ante 2004. O número de clientes subiu 10,5%, para 974 mil pessoas.

PRÊMIO
A Fundação Santillana, empresa editorial que atua na Europa e nas Américas, lança hoje, em São Paulo, o Prêmio Vivaleitura 2006. O lançamento ocorre no Fórum Plano Nacional do Livro e Leitura Vivaleitura. Os vencedores receberão um prêmio de R$ 25 mil. No Brasil, o grupo Santillana está presente por meio das editoras Moderna e Objetiva.
PAPEL DAS EMPRESAS
Executivos ao redor do mundo encampam a noção de que o papel das corporações vai além de só atender às obrigações com os acionistas. É o que revela pesquisa da consultoria McKinsey sobre a relação negócios/sociedade. Outra conclusão é que o setor de saúde é, com folga, aquele visto como o que mais contribui para o bem público, seguido do farmacêutico, tão criticado pela sociedade.

MISSÃO
O novo presidente da Carlson Wagonlit Travel -braço de turismo de negócios do grupo Accor- no Brasil, Alberto Ferreira, tem um desafio pela frente. Sua missão é aumentar a receita da empresa, que se manteve estável no ano passado, apesar do crescimento do volume de negócios. A idéia agora é, além do foco nas empresas maiores, trabalhar com as companhias de menor porte, com pacotes fechados, desenvolvidos especialmente para elas. "Queremos fazer um realinhamento do nosso mercado", explica Ferreira, ex-diretor-geral da Vivo. No último ano, a CWT movimentou US$ 330 milhões (cerca de R$ 780 milhões) no país, o que representou 66% de toda a América Latina -US$ 500 milhões. A previsão de crescimento da empresa, que tem 120 postos de serviço no Brasil, é de 5,5% neste ano.

RAIO-X DAS PEQUENAS
São registradas no Brasil atualmente 470 mil novas empresas formais por ano. Do total, 99% são de micro e pequeno porte. Ao todo, são 5,1 milhões de empresas formais em atividade, das quais 4,7 milhões são microempresas. As pequenas empresas chegam a 326 mil. Os resultados constam de levantamento do Fórum Permanente de Micro e Pequenas Empresas sobre acesso ao crédito ao segmento. Os dados serão apresentados na conferência internacional da OCDE, organizada pelo Ministério do Desenvolvimento, que será no fim do mês, em Brasília.


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