São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 2008

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PIB / SETOR PRODUTIVO

Taxa de investimento sobe e já chega a 17,6% do PIB

Queda dos juros de 15,1% ao ano em 2006 para 11,9% em 2007 estimula empresário

Para analista, é preciso ainda resolver gargalos na infra-estrutura para garantir mais investimento e crescimento sustentável

DA SUCURSAL DO RIO
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

A taxa de investimentos em relação ao PIB alcançou o patamar de 17,6% no ano passado. O resultado representa o maior nível desde 2000, início da nova série do IBGE.
Os investimentos, medidos pela FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo), tiveram alta de 13,4% em 2007. Os principais responsáveis pela expansão foram a produção e a importação de máquinas e equipamentos, que tiveram alta de 19,3%. Máquinas e equipamentos representam 60% do investimento.
Já a construção civil registrou crescimento de 5,1%.
O resultado dos investimentos representa o segundo recorde seguido da nova séria.
O IBGE destaca a queda da taxa básica de juros, de 15,1% ao ano em 2006 para 11,9% ao ano em 2007, como fator que contribuiu para o aumento dos investimentos. Além disso, ressalta o aumento do crédito para pessoas jurídicas de 27,1%, em termos nominais.
Para o presidente da Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base), Paulo Godoy, os investimentos devem seguir em alta em 2008. "Esse fenômeno mantém-se forte em janeiro." A Abdib afirma ter preocupação com o crescimento das importações em 2007, de 20,7%.
O crescimento no ano passado foi puxado pelo mercado interno. A contribuição da demanda doméstica foi de 6,9 pontos percentuais e a contribuição do setor externo foi negativa em 1,4 ponto percentual.
Apesar da alta dos investimentos e da sua proporção em relação ao PIB, o resultado divide especialistas. Alguns temem que o investimento não seja capaz de suprir o aumento do consumo doméstico, o que poderia gerar pressão inflacionária.
Para o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), o aumento de 13,4% nos investimentos "é a melhor política antiinflacionária que o país pode ter", mas seria desejável que a taxa de investimentos como proporção do PIB aumentasse.
Para Marcela Prada, da consultoria Tendências, caso a oferta não acompanhe a demanda, existe risco inflacionário. "É um cenário positivo, todo esse aumento de investimento indica que podemos crescer a taxas mais elevadas do que no passado. O crescimento do consumo das famílias no quarto trimestre, de 8,6% em relação a igual período do ano anterior, chama a atenção, há um ritmo forte de expansão da demanda", disse.
Para Francisco Pessoa Faria, da LCA, a velocidade dos investimentos associada ao crescimento das importações é capaz de absorver o aumento do consumo. "Isso é o divisor de água entre os analistas hoje. Se o investimento não for suficiente, significa dizer que o Banco Central não pode baixar a taxa de juros. Estamos no conjunto de analistas que avalia que a descompressão sobre o câmbio permitiria uma redução da taxa mais à frente."
Alguns economistas defendem que o crescimento sustentável acima de 5% ao ano ainda requer taxas mais elevadas de investimento. Para Antonio Carlos Pôrto Gonçalves, da FGV (Fundação Getulio Vargas), o resultado do PIB do ano passado evidencia que o país precisa se concentrar mais na resolução dos gargalos de infra-estrutura para permitir a continuidade do crescimento.
"O país só consegue sustentar esse ritmo de expansão quando aumentar o percentual de investimento sobre o PIB. As pressões inflacionárias não se manifestaram porque o dólar está barato. A taxa [investimento/PIB] deveria ser um pouco superior a 20% para assegurar a expansão."


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