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PIB / SETOR PRODUTIVO
Taxa de investimento sobe e já chega a 17,6% do PIB
Queda dos juros de 15,1% ao ano em 2006 para 11,9% em 2007 estimula empresário
Para analista, é preciso ainda resolver gargalos na infra-estrutura para garantir mais investimento e crescimento sustentável
DA SUCURSAL DO RIO
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO
A taxa de investimentos em
relação ao PIB alcançou o patamar de 17,6% no ano passado. O
resultado representa o maior
nível desde 2000, início da nova série do IBGE.
Os investimentos, medidos
pela FBCF (Formação Bruta de
Capital Fixo), tiveram alta de
13,4% em 2007. Os principais
responsáveis pela expansão foram a produção e a importação
de máquinas e equipamentos,
que tiveram alta de 19,3%. Máquinas e equipamentos representam 60% do investimento.
Já a construção civil registrou crescimento de 5,1%.
O resultado dos investimentos representa o segundo recorde seguido da nova séria.
O IBGE destaca a queda da
taxa básica de juros, de 15,1% ao
ano em 2006 para 11,9% ao ano
em 2007, como fator que contribuiu para o aumento dos investimentos. Além disso, ressalta o aumento do crédito para
pessoas jurídicas de 27,1%, em
termos nominais.
Para o presidente da Abdib
(Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base), Paulo Godoy, os investimentos devem seguir em alta
em 2008. "Esse fenômeno
mantém-se forte em janeiro." A
Abdib afirma ter preocupação
com o crescimento das importações em 2007, de 20,7%.
O crescimento no ano passado foi puxado pelo mercado interno. A contribuição da demanda doméstica foi de 6,9
pontos percentuais e a contribuição do setor externo foi negativa em 1,4 ponto percentual.
Apesar da alta dos investimentos e da sua proporção em
relação ao PIB, o resultado divide especialistas. Alguns temem
que o investimento não seja capaz de suprir o aumento do
consumo doméstico, o que poderia gerar pressão inflacionária.
Para o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento
Industrial), o aumento de
13,4% nos investimentos "é a
melhor política antiinflacionária que o país pode ter", mas seria desejável que a taxa de investimentos como proporção
do PIB aumentasse.
Para Marcela Prada, da consultoria Tendências, caso a
oferta não acompanhe a demanda, existe risco inflacionário. "É um cenário positivo, todo esse aumento de investimento indica que podemos
crescer a taxas mais elevadas
do que no passado. O crescimento do consumo das famílias
no quarto trimestre, de 8,6%
em relação a igual período do
ano anterior, chama a atenção,
há um ritmo forte de expansão
da demanda", disse.
Para Francisco Pessoa Faria,
da LCA, a velocidade dos investimentos associada ao crescimento das importações é capaz
de absorver o aumento do consumo. "Isso é o divisor de água
entre os analistas hoje. Se o investimento não for suficiente,
significa dizer que o Banco
Central não pode baixar a taxa
de juros. Estamos no conjunto
de analistas que avalia que a
descompressão sobre o câmbio
permitiria uma redução da taxa
mais à frente."
Alguns economistas defendem que o crescimento sustentável acima de 5% ao ano ainda
requer taxas mais elevadas de
investimento. Para Antonio
Carlos Pôrto Gonçalves, da
FGV (Fundação Getulio Vargas), o resultado do PIB do ano
passado evidencia que o país
precisa se concentrar mais na
resolução dos gargalos de infra-estrutura para permitir a continuidade do crescimento.
"O país só consegue sustentar esse ritmo de expansão
quando aumentar o percentual
de investimento sobre o PIB.
As pressões inflacionárias não
se manifestaram porque o dólar está barato. A taxa [investimento/PIB] deveria ser um
pouco superior a 20% para assegurar a expansão."
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