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PIB / CARGA TRIBUTÁRIA
Receita com imposto cresce mais que o PIB
Consumo interno maior fez arrecadação com impostos sobre produtos avançar 9,1% em 2007, o maior índice desde 1996
Três outros fatores também contribuíram para elevar a receita: mais importação, maior formalização e aumento da fiscalização
DA SUCURSAL DO RIO
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO
A arrecadação de impostos
sobre produtos cresceu 9,1% no
ano passado. Trata-se do maior
crescimento desde o início da
série, iniciada em 1996.
Segundo o IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), o aumento reflete o
perfil atual de crescimento da
economia, com aumento da demanda doméstica sendo suprida, em parte, pelo crescimento
das importações.
No ano passado, o Imposto
de Importação cresceu 23,6%,
o IPI (Imposto sobre Produtos
Industrializados) teve alta de
14,1%, e o ICMS (Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e
Serviços), de 8,5%.
O ICMS é o que tem mais peso -cerca de 50% do total. Outros tributos, como a Cofins
(Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social),
tiveram alta de 7,8%.
Para Roberto Olinto, coordenador de Contas Nacionais do
IBGE, os impostos aumentaram porque houve crescimento
da economia. "Se a economia
está em expansão, a tendência é
que os impostos cresçam. Isso
depende do padrão de crescimento: o consumo em alta tem
impacto no ICMS", afirmou.
Em 2004, ano em que a economia teve expansão de 5,7%,
os impostos tiveram alta de
6,4%. Segundo o IBGE, o perfil
de expansão era diferente, puxado mais pelo setor externo.
"O que acontece no Brasil é
que os impostos estão crescendo em um ritmo superior ao da
economia", afirma o especialista em contas públicas Raúl
Velloso. Segundo ele, a explicação para esse cenário é que os
setores que crescem mais do
que a média da economia são os
que mais pagam impostos.
"Em geral, os que crescem
muito são os setores que têm
impostos concentrados. A indústria automobilística cresce
acima da média, por exemplo.
São setores mais estruturados,
em que é mais difícil sonegar",
disse Velloso.
Formalização maior
O aumento da formalização e
da fiscalização auxilia também
no crescimento da arrecadação
de impostos, segundo Denis
Blum, da consultoria Tendências. "A partir do momento que
há mais rigor na fiscalização, há
incentivo para a formalização.
As empresas menores percebem que precisam da formalização para ter acesso a novos
mercados", disse.
Para Velloso, fatores indiretos também contribuem para o
aumento da arrecadação. Em
períodos de crescimento econômico, as empresas têm menos prejuízos para abater do lucro tributável.
"Isso é bom para o governo
porque alivia o estresse com o
fim da CPMF", disse. Velloso
avalia que o aumento da arrecadação apenas atenua os efeitos
do fim do tributo sobre movimentações financeiras, cuja
prorrogação não foi aprovada
ao final do ano passado.
Na avaliação de Blum, diante
do aumento da arrecadação de
impostos, o governo não teria
dificuldades para cumprir as
metas fiscais, mas perdeu margem de manobra porque a
CPMF não era compartilhada
com os Estados e os municípios, como ocorre com outros
impostos.
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