São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 2008

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PIB / ANÁLISE

Para analistas, impacto da crise é restrito

Fato de a economia brasileira estar sustentada pelo consumo interno deve reduzir efeitos da desaceleração nos EUA

Temor é que desaquecimento global leve a queda no preço das commodities; economista cobra mais investimento e elevação da produtividade

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com a economia dependente de 60% do consumo interno, a crise nos EUA terá impacto restrito no resultado do PIB em 2008. O maior temor é que um desaquecimento global leve a uma queda no preço das commodities exportadas pelo país.
Segundo economistas, o impacto depende da extensão da crise. A boa notícia é que, até o momento, as commodities mantêm seus preços no alto.
Para o ex-ministro Mailson da Nóbrega, o Brasil não ficará imune à crise, mas os efeitos serão restritos e chegarão atrasados. "Os EUA já se encontram a caminho da recessão. Os parceiros comerciais norte-americanos sentirão isso. A China sentirá, e a Europa deverá crescer menos. Ou seja, parceiros norte-americanos são nossos parceiros e nós sentiremos no próximo semestre. Felizmente, temos muitos investimentos realizados e os efeitos serão sentidos com atraso", disse.
"Nosso crescimento depende bastante de fatores domésticos -renda, emprego e crédito. Mesmo com um cenário externo adverso, temos condições de manter o crescimento", disse Juan Jensen, do Ibmec-SP.
Para Alexandre Schwartsman, do ABN Real, acelerar o crescimento daqui em diante vai depender de aumentar ainda mais o nível de investimento e de ganhos de produtividade.
"O investimento depende também de reduzir os gastos do governo. Já o ganho de produtividade é mais micro do que macroeconômico", disse.
Na avaliação do editor-chefe da revista inglesa "The Economist", John Micklethwait, a crise nos EUA poderá afetar indiretamente o Brasil. Ele afirma que o Brasil deveria fazer reformas estruturais para tornar a taxa de investimento mais alta. Em uma pesquisa feita com 146 países sobre a taxa de investimento em relação ao PIB, o Brasil aparece em 128º lugar. "Hoje, o Brasil está muito mais descolado da economia dos EUA. Mas não acredito em total descolamento", disse.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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