São Paulo, sábado, 13 de março de 2010

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Só 2% dos assinantes mudam de operadora

Índice de migração está entre os mais baixos do mundo e, segundo especialistas, reflete falta de concorrência no setor

Na Finlândia e em Hong Kong, taxa de portabilidade telefônica é de 100%; Espanha, Portugal e França registraram índices de 5%

DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de passar a ser dono do número de seu telefone, os brasileiros não aderiram à portabilidade numérica. Estimativas da ABR, a entidade que gerencia a portabilidade no país, indicam que somente 2% da base de assinantes das operadoras fixas e móveis migrou para um concorrente desde setembro de 2008, quando foi implementado o serviço no país.
Segundo José Moreira, presidente da ABR, na Finlândia e em Hong Kong, por exemplo, todos os clientes mudaram de operadora ao menos uma vez.
Em países europeus, como Portugal, Espanha e França, a taxa de portabilidade foi de 5%.
Diferentemente da Europa, onde existe competição na telefonia fixa, os especialistas afirmam que, no Brasil, não há possibilidade de portabilidade porque boa parte dos municípios é atendida por uma operadora. Na telefonia móvel, a vigência de contratos de fidelidade tira a liberdade do cliente.
Outro agravante tem sido a própria experiência dos consumidores. O administrador carioca Luís Henrique Oliveira, 47, está entre eles. Em meados de 2009, ele decidiu migrar da Oi para a TIM. "Foi um calvário", diz. "Esperei quase um mês. A Oi nunca me liberava de sua base para a TIM, que me dizia que a culpa não era dela."
Descontente com a TIM, Oliveira decidiu-se por uma nova portabilidade e escolheu a Claro. "Depois disso tudo, não mudo mais de operadora," diz. Nesse período, sua portabilidade foi cancelada sete vezes sem que ele soubesse.
José Moreira, da ABR, afirma que não é papel da associação fiscalizar as operadoras. "Nossa função é gerenciar o sistema e garantir que o serviço será eficiente para o usuário", diz. "A fiscalização é papel da Anatel."
Moreira diz que não há registros de cancelamentos irregulares no sistema feitos pelas operadoras. Ainda segundo ele, a taxa de cancelamento está em 11,5% do total de pedidos de migração e todos foram feitos pelo próprio cliente.

Saldo do ano
Na telefonia fixa, Embratel e GVT foram as operadoras que tomaram clientes entre janeiro de 2009 e fevereiro deste ano com a portabilidade. A Oi foi a que mais perdeu, principalmente na área da Brasil Telecom, que cedeu 298 mil clientes, principalmente para a GVT. Na telefonia móvel, Oi e Vivo tiveram saldo positivo. Claro e TIM perderam clientes.


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