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Interferência do Poder Executivo nas agências sofre críticas
Para especialistas, projeto pode inibir investimentos
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM GERAL
O projeto de lei que disciplinará
o funcionamento das agências reguladoras poderá inibir os investimentos nos setores de infra-estrutura. O projeto consagra a ingerência do Executivo nas agências, o que, segundo analistas, influirá negativamente nas decisões
dos investidores do setor privado.
"Prevalece [no texto] o espírito
de interferência do governo nas
decisões das agências, por meio
do contrato de gestão e do contingenciamento de verbas para as
que não cumprirem metas preestabelecidas. Isso é um absurdo",
diz David Zylbersztajn, diretor-geral da ANP (Agência Nacional
de Petróleo) no governo FHC.
Segundo ele, é "impossível estabelecer metas para uma agência
reguladora. "Qual seria a meta da
ANP, fiscalizar a perfuração de
"xis" poços de petróleo? Esses contratos de gestão são burocratizantes e ineficazes", argumenta.
"Se o governo pretende cortar
verbas das agências que não cumprirem metas, deveria começar
cortando recursos dos ministérios ineficientes," acrescenta.
Para Claudio Sales, presidente
da CBIEE (Câmara Brasileira de
Investidores em Energia Elétrica),
os contratos de gestão "poderão
ser usados como artifício para subordinar as agências aos ministérios". Nesse sentido, a medida "é
um tiro de morte na autonomia
das agências, condição para seu
bom funcionamento".
O projeto de lei, diz Zylbersztajn, esvazia o papel das agências
ao devolver aos ministérios o poder de concessão para a exploração de serviços de infra-estrutura.
"Os investidores querem estabilidade de regras, já que se trata de
investimentos de longo prazo de
maturação. Eles não podem ficar
sujeitos ao humor dos governos."
Adriano Pires, presidente do
CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura), diz que a forma como
ficou definido o mandato dos diretores das agências permite que
o governo controle suas políticas.
"O presidente da República terá
alguém da sua confiança nesses
órgãos por mais da metade do seu
mandato. Foi uma concessão, no
entanto, pois a intenção era permitir a substituição dos diretores
das agências no início dos mandatos presidenciais", afirma.
Sales, porém, considerou positivo e "um avanço" a forma estabelecida para os mandatos.
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