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TELECOMUNICAÇÕES
Estudos abordam viabilidade da venda
Embratel e grupo de operadoras fixas travam guerra de pareceres
DA REDAÇÃO
DO PAINEL S.A.
A contenda pela aquisição da
Embratel deflagrou uma guerra
de pareceres entre a operadora de
longa distância e o consórcio formado pelas maiores companhias
de telefonia fixa do país, Brasil Telecom, Telemar e Telefônica.
Ontem, a Embratel enviou a três
órgãos reguladores brasileiros,
Cade (Conselho Administrativo
de Defesa Econômica), Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações) e SDE (Secretaria de Direito Econômico), um estudo de
uma consultoria norte-americana, a Boston Consulting Group, e
pareceres de especialistas.
Segundo a Embratel, o estudo
demonstra a insustentabilidade
econômica e financeira da proposta da Calais (nome do consórcio das operadoras fixas) de desmembramento da companhia.
A Embratel encomendou oito
pareceres, que apontam a "ilegalidade da possível venda". Entre os
autores estão o ex-ministro da
Justiça e ex-secretário de Direito
Econômico Paulo de Tarso Ramos Ribeiro, o ex-conselheiro do
Cade Afonso Arinos, o ex-secretário de Comunicações Mário Leonel Neto e o ex-economista-chefe
do BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) Armando Castelar.
Os pareceres respondem a
questões formuladas pela Embratel, relacionadas à proposta das fixas. Ela tenta saber, por exemplo,
se a aquisição pelas fixas viola as
normas de defesa da concorrência e se o ato de concentração tem
características que permitem supor que ele não será aprovado pelo Cade e pela Anatel. "No nosso
caso, a análise abordou a regulamentação da prestação de serviços", disse o advogado Oswaldo
Murgel Correa, que trabalhou 20
anos na Embratel e preparou um
relatório com outros dois juristas.
Na quarta-feira passada, ao justificar a nova proposta pela Embratel, a Calais afirmara confiar
no aconselhamento de consultores da área regulatória, "alguns
dos maiores e mais respeitados
especialistas do setor no Brasil",
de que a oferta seria aprovada.
Na ocasião, a Calais disse assegurar que a MCI, controladora da
Embratel, receba ao menos US$
360 milhões -valor correspondente ao oferecido pela mexicana
Telmex- caso sua proposta seja
aceita por ela, mas não aprovada
pelas autoridades regulatórias.
A lista dos especialistas que elaboraram pareceres para as fixas,
segundo a Folha apurou, inclui o
ex-presidente da Anatel Renato
Guerreiro, o ex-presidente da
CVM (Comissão de Valores Mobiliários) Arnold Wald, um dos
autores da Lei das Sociedades
Anônimas, José Luiz Bulhões Pedreira, e um advogado que assessorou o governo FHC na elaboração da Lei Geral de Telecomunicações, Carlos Ari Sundfeld.
A Calais disse que a iniciativa da
Embratel de enviar os documentos prejudica os interesses dos
acionistas da empresa e dos credores de sua controladora, a MCI,
e objetiva só "tumultuar o processo de venda e influenciar de forma
ilegítima as autoridades".
(MARCELO SAKATE E GUILHERME BARROS)
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