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LEITE DERRAMADO
Participação da empresa em segmentos como o de leite longa vida caiu do ano passado para o início deste
Produtos da Parmalat perdem mercado
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A participação de mercado da
Parmalat no Brasil não resistiu intacta a cinco meses de escândalos
financeiros, pedido de concordata e uma polêmica intervenção judicial. Os principais beneficiados
da derrocada foram a Nestlé, a
Unilever e diversas marcas pequenas de leite longa vida.
De dezembro de 2002 a janeiro
de 2003, a Parmalat possuía 14,4%
do mercado de longa vida, segundo dados obtidos pela Folha. Entre novembro e dezembro de
2003, a participação caiu para
10,5%. O "market share" da multinacional italiana já vinha em
queda no Brasil devido à política
da empresa, adotada desde o ano
retrasado, de reduzir a produção
para aumentar a rentabilidade,
após seguidos prejuízos.
Após o estouro da crise, o percentual desabou em dezembro e
janeiro para 8,7%, segundo a AC
Nielsen, que divulga seus levantamentos apenas para executivos de
companhias. Cada ponto percentual equivale a 4.782 litros.
Os consumidores migraram
principalmente para "outras marcas", item do levantamento que
agrega marcas menores, que juntas possuem hoje 37,1% do mercado de longa vida. Entre outubro
e novembro de 2003, essas marcas
tinham 36,1% do mercado.
A marca Líder de longa vida
também cresceu, de 3,3% em outubro e novembro para 3,8% entre dezembro e janeiro de 2004.
Em leite condensado, a marca
mais afetada foi a Parmalat: em
dezembro, a participação era de
7%, fatia que caiu para 4% em fevereiro. A marca Glória, também
da Parmalat, recuou de 8% para
7% no mesmo período.
A Glória teve um tombo maior,
no mesmo período, em leite em
pó: passou de 8% para 5%.
Quem ganhou foi a Nestlé, que
no mesmo período subiu de 52%
para 54% com o tradicional leite
condensado Moça, e de 47% para
48,5% para leite em pó.
A estimativa do mercado é que
as vendas do molho de tomate Etti, outra marca da Parmalat, caíram 55% de novembro para cá.
Segundo uma rede de supermercados, 70% das vendas dos
atomatados da multinacional italiana foram para a Unilever. O
mesmo percentual teria sido registrado pela Nestlé nos segmentos leite condensado e iogurte.
Em segmentos onde a empresa
tem participação muito pequena,
como biscoitos, com a marca Duchen, também houve queda. Entre janeiro e fevereiro de 2002, a
Parmalat possuía 2,6%. Em novembro e dezembro do ano passado, 1,6%.
Em janeiro e fevereiro deste
ano, novo recuo, para 1,4%, o
equivalente a 1.650 toneladas de
biscoitos vendidos. Essa participação se dividiu entre diversos
compradores do segmentado
mercado de biscoitos.
Ativos
Após a matriz recuperar o comando sobre a empresa, depois
de dois meses de intervenção judicial, diferentes segmentos da indústria de alimentos esperam que
a multinacional se desfaça de
marcas e fábricas.
O novo conselho de administração foi eleito no final do mês passado, após um acordo com o juiz
da 42ª Vara Cível, Carlos Henrique Abrão, que havia determinado a intervenção, e a expectativa é
que o plano para reestruturar a
empresa envolva venda de ativos.
Para analistas do setor de alimentos, a solução mais viável é o
fatiamento da empresa, que tem
uma dívida de US$ 1,8 bilhão.
Isso porque, ao longo dos anos
90, a Parmalat foi uma compradora agressiva de marcas em setores
como biscoitos, sucos e molho de
tomate. Com a crise, o caminho
seria vender as que não geram caixa para centrar esforços nas operações principais da empresa.
As marcas menos interessantes
para a empresa e que podem ser
vendidas, segundo consultores,
são a Duchen, de biscoitos, cuja
participação é muito pequena no
mercado, e a Etti, de molhos de
tomate, já que esse segmento é
dominado pela Unilever, com a
marca Knorr/Cica.
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