São Paulo, terça-feira, 13 de abril de 2004

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CAPITALISMO VERMELHO

BC aperta política monetária para esfriar a economia

China aumenta depósito compulsório

CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM

O banco central da China anunciou ontem o aumento de meio ponto percentual nas reservas exigidas dos bancos do país, na tentativa de diminuir o volume de dinheiro em circulação na economia e reduzir o ritmo de expansão da atividade industrial, que teve alta de 19,4% em março.
A decisão foi adotada no fim de semana em reunião do Conselho de Estado, o gabinete chinês, já que o BC não tem autonomia. A medida elevará de 7% para 7,5% o percentual dos depósitos que os bancos são obrigados a deixar imobilizados no BC, o que vai tirar cerca de US$ 13 bilhões de circulação. Com isso, os bancos terão menos dinheiro para emprestar a seus clientes.
No Brasil, o BC recolhe 53% dos depósitos em conta corrente (à vista). No caso dos depósitos em poupança, são recolhidos 30%.
Segundo o "Diário do Povo", órgão oficial do Partido Comunista, o risco de superaquecimento da economia chinesa foi um dos pontos da reunião do Conselho de Estado, presidida pelo primeiro-ministro, Wen Jiabao.
Vários analistas acreditam que o nível de investimentos na China esteja superdimensionado, o que pode provocar excesso de capacidade em determinados setores, trazer pressões inflacionárias e levar a crises na geração de energia.
Nos dois primeiros meses deste ano, o volume de investimentos cresceu 50%, depois de ter tido alta de quase 30% em 2003, para US$ 667 bilhões.
Em uma nota oficial divulgada ontem, o BC afirmou que o aumento de meio ponto percentual nas reservas mínimas tem por objetivo "prevenir o crescimento descontrolado de dinheiro e crédito e manter a expansão da economia nacional em um caminho estável, rápido e saudável".
De acordo com a nota, as reservas das instituições financeiras são hoje de US$ 251 bilhões. O aumento de 7% para 7,5% será aplicado aos quatro grandes bancos estatais e a outras 111 instituições financeiras. Centenas de pequenas cooperativas de crédito continuarão com os 6% a que estão sujeitas atualmente.
O PIB chinês cresceu no ano passado em 9,1%, e o governo pretende reduzir o índice para 7% em 2004. Mas os indicadores mostram que a economia caminha para uma expansão mais acentuada. Integrantes do governo acreditam que o PIB possa encerrar o primeiro semestre com crescimento de dois dígitos.


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