São Paulo, terça-feira, 13 de abril de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AGROFOLHA

CLIMA

Perdas são estimadas em R$ 4 bi, afetando soja, arroz, milho e banana; Fetag prevê corte de 4.500 vagas temporárias

Estiagem destrói culturas e empregos no RS

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Além dos prejuízos já calculados em R$ 4 bilhões e de uma quebra estimada em mais de 30% na colheita de soja, as perdas causadas pela estiagem nas lavouras gaúchas estão provocando, também, desemprego no campo.
Segundo a Fetag (Federação dos Trabalhadores na Agricultura), o corte já é de aproximadamente 30% nos postos de trabalho temporários oferecidos durante a safra de verão -que inclui também milho, arroz e outras culturas.
A estimativa da Fetag é que 4.500 vagas já tenham deixado de ser oferecidas devido aos prejuízos nas lavouras de soja e milho -especialmente na de soja. Há reflexos dessa queda na geração de empregos em zonas urbanas.
As chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul e Santa Catarina nos últimos dias foram insuficientes até mesmo para atenuar o quadro de estiagem. A previsão da meteorologia é de clima seco novamente para esta semana.
Os problemas para a agricultura no Rio Grande do Sul devido ao clima, porém, não se resumem à estiagem que castiga o Estado.
Por causa do ciclone Catarina, que atingiu o norte do Rio Grande do Sul e o sul de Santa Catarina na semana retrasada, as lavouras de arroz e as plantações de banana foram atingidas com força.
Os primeiros levantamentos elaborados pela Emater indicam que em Dom Pedro de Alcântara as perdas nos 650 hectares com a fruta tenham oscilado de 80% a 90%.
Em Três Cachoeiras, dos 2.600 hectares com banana, os danos alcançam cerca de 10%. Em Torres, 90% dos 167 hectares cultivados foram perdidos. Na lavoura de arroz, em Torres a perda pode alcançar 40% da área plantada de 1.500 hectares.
Onze municípios do litoral norte gaúcho cultivam banana. Há 3.012 fruticultores, em 11,32 mil hectares. A produção esperada era de 118,1 mil toneladas.

Crédito de emergência
O impacto dos fenômenos climáticos para as lavouras de Santa Catarina é calculado em R$ 435 milhões pela Secretaria da Agricultura do Estado. Foram perdidos cerca de 10% das 6.000 toneladas de grãos produzidas pelo Estado por ano.
Os prejuízos atingiram em cheio os pequenos produtores do Estado. Alguns tiveram perdas de até 40% em suas plantações. O ciclone destruiu lavouras inteiras de arroz, banana, feijão e milho. A estiagem, que atinge 135 municípios, afetou a produção de soja, milho e feijão.
O governo catarinense levou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma proposta de crédito de emergência, por seis meses, aos pequenos agricultores que comprovarem perdas de até 30% em suas plantações. O auxílio seria de seis salários mínimos por seis meses. Foi proposto também o prolongamento de prazos de empréstimos. Nesta semana, o ministro Ciro Gomes (Integração Nacional) visita as regiões afetadas.


Colaborou Jairo Marques, da Agência Folha


Texto Anterior: Telefonia: Embratel vê "guerra de pareceres"
Próximo Texto: Doce safra: Colheita de cana deve crescer em SP
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.