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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Empresas não exploram produtos, diz consultor
Não é só por causa da sua inigualável esfera de influência
que o indiano Ram Charan, 69,
é uma lenda no mundo dos negócios. Há quase 40 anos ele
presta consultoria para os presidentes de gigantes como GE,
Verizon, Ford, DuPont, Citigroup, chegando a ser amigo íntimo de vários deles. Mais que
tal currículo, porém, o que impressiona é o seu grau de dedicação ao ofício de resolver os
problemas alheios. Dizer que a
sua vida se resume a isso não é
mera força de expressão.
Até o ano passado, Charan
sequer tinha uma casa. De
quando saiu da sua terra natal
para cursar engenharia na Universidade de New South Wales,
na Austrália, até chegar ao doutorado na Harvard Business
School, nos EUA, ele viveu em
alojamentos estudantis. Ao se
tornar consultor, passou a pernoitar em hotéis e na casa de
clientes. O porteiro do famoso
hotel Waldorf Astoria, na cidade de Nova York, cumprimenta-o com um "Seja bem-vindo
ao lar, professor".
Está a cada dia em um lugar
diferente do planeta, faz reuniões por celular a qualquer hora e não compra nem um par de
meias. Suas assistentes, baseadas em um escritório em Dallas, no Texas -no qual Charan
jamais pisou-, se encarregam
das aquisições e lhe enviam tudo pelo correio. O indiano manda de volta as roupas sujas, para
que sejam encaminhadas à lavanderia. Não sobrou tempo
para constituir uma família.
Teria ele pelo menos conhecido
o apartamento que comprou
em 2007, também em Dallas?
"Não importa", responde secamente. Ele quer é falar sobre o
seu trabalho.
Charan está lançando no
Brasil, pela editora Campus-Elsevier, seu novo livro, "O Que o
Cliente Quer Que Você Saiba".
Depois de algumas obras a respeito de liderança, ele se debruçou sobre os problemas enfrentados por empresas que vendem para outras empresas, o
nicho B2B, para vencer no ambiente altamente competitivo
de hoje.
Embora o profundo conhecimento do seu consumidor esteja no centro da estratégia das
companhias atualmente, elas
não estão utilizando essa poderosa ferramenta da forma correta, na visão do guru. "É preciso mostrar para o cliente exatamente como o produto oferecido pode ser vantajoso para as
suas operações. Chamo a tática
de "venda criadora de valor'",
explica Charan. É por isso que
algumas companhias já estão
firmando contratos com seus
fornecedores com cláusulas de
performance -por exemplo,
uma determinada máquina deve fazer a produção aumentar
em uma certa porcentagem ao
longo do tempo. "Tem que ficar
claríssimo como o item vai ajudar o cliente a atingir as suas
próprias metas. É fundamental
que a empresa vendedora se
reúna com a que está comprando para, juntas, elaborarem soluções únicas."
A estratégia requer investimentos pesados e paciência, já
que demora mais para dar resultados do que as ações tradicionais. "Os lucros compensam", garante Charan.
O indiano defende ainda que
as equipes de vendas sejam recompensadas pelo desempenho coletivo, e não individual,
como geralmente se faz, estimulando a solidariedade. "Dessa maneira, os ganhos são de
longo prazo", comenta.
Das lições que aprendeu com
os líderes das grandes corporações, a principal foi sobre como
lidar com pessoas. "Esses gestores de destaque se preocupam com os desejos de quem
está ao seu lado. E sempre dão
uma segunda chance."
Frase
"É preciso
mostrar para o
cliente
exatamente
como o
produto
oferecido pode
ser vantajoso
para as suas
operações"
RAM CHARAN
consultor de empresas
LICENÇA
Fragrâncias para casa serão o primeiro produto licenciado sob a nova gestão da Casa Cor, que em breve lança livros sobre arquitetura, decoração e paisagismo. "Em
cinco semanas, aumentamos o faturamento da Casa Cor
em 22%", afirma João Dória Jr., sócio do evento. Em outubro, a empresa lança o Casa Office, destinado à decoração de escritórios. Dória também pretende abrir a loja
Casa Cor e realiza, em 28 de maio, o Casa Cor Stars, fórum que trará ao Brasil grandes nomes da arquitetura.
BAGAGEM
A Rimowa, marca alemã de malas de alumínio e policarbonato (o mesmo material das janelas de aviões), prepara-se
para atuar no mercado do Rio de Janeiro, em junho, com
uma loja no Shopping Leblon. A fabricante, que é uma das líderes do segmento na Europa e inaugurou no final de 2007
sua primeira unidade na América Latina, em São Paulo, está
em expansão na região. Nos planos da Rimowa está a ampliação da atuação para o Chile, a Argentina e também para
o México, ainda em 2008. Para aumentar a produção da empresa, haverá investimentos no Canadá, até o final do ano,
em uma nova fábrica da empresa, que fechou 2007 com faturamento de 85 milhões.
SEM CRISE
A Itaú Corretora, em março, intermediou R$ 9,4 bilhões na Bovespa, volume
51% superior a igual período
de 2007. Em "home broker",
o Itautrade atingiu, no período, volume negociado de
R$ 1,06 bilhão, 140% superior a igual período de 2007.
Entre outros fatores, a corretora atribui o sucesso a novos serviços, como chats
com especialistas e blogs.
PARTICIPAÇÃO
A CAS Tecnologia, empresa especializada em solução
de automação, vai organizar
palestras para estimular os
seus funcionários a comprar
ações da empresa. Cerca de
20% dos trabalhadores já
têm ações e a expectativa é a
de que mais 15% comprem
papéis da companhia.
BRANCA
A Sagatiba começa a operar no Chile. A distribuição
da cachaça será feita pela
Concha y Toro, maior produtora e exportadora de vinho do país.
DIGITAL
Amanhã, a Samsung apresenta o celular V820L, o primeiro fabricado no Brasil
que é capaz de reproduzir o
sinal de TV digital.
PLANETA
Paulo Godoy, presidente
da Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e
Indústrias de Base), recebe
amanhã o secretário-executivo do Ministério de Meio
Ambiente, João Paulo Capobianco. O encontro será realizado na sede da entidade,
em São Paulo, e o objetivo é
construir uma agenda de
trabalho entre empresários
e governo e buscar soluções
aos problemas ambientais
identificados pelo setor. Em
abril de 2004, o ministério e
a Abdib criaram um comitê
de trabalho para tratar de
gestão socioambiental.
VAREJO:
H&M É A MARCA EUROPÉIA MAIS VALIOSA, DIZ CONSULTORIA INTERBRAND
A rede H&M é a marca européia de varejo mais valiosa,
com valor de marca avaliado em 10,366 bilhões, segundo a
consultoria de marca Interbrand, que fez seu primeiro ranking
europeu das marcas de varejo "The Top Performing European
Retail Brands". Em seguida, estão o grupo francês Carrefour,
com 6,620 bilhões, a sueca Ikea, com 6,516 bilhões, e os britânicos Tesco, com 5,617 bilhões, e M&S, com 5,100 bilhões. Zara, C&A e Mango, que já estão no Brasil, ficaram em
6º, 15º e 19º lugar, com valor de marca estimado em 4,112 bilhões, 882 milhões e e 702 milhões, respectivamente.
com JOANA CUNHA, VERENA FORNETTI e CRISTIANE BARBIERI
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