São Paulo, domingo, 13 de abril de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Elevação externa das commodities deve manter pressão nas cotações neste ano

DA REDAÇÃO

Os preços recordes das commodities no mercado externo começam a colocar novos produtos na lista de altas dos consumidores brasileiros.
O arroz é um deles. Produto que necessitou do apoio do governo para a comercialização na safra passada, está conseguindo uma forte aceleração de preços internos depois que as estatísticas começaram a mostrar problemas no abastecimento mundial.
Com isso, o produto brasileiro também tem chance de ganhar o mercado externo em volumes maiores, e as importações uruguaias e argentinas, tradicionais no país, ficarão mais caras.
O reflexo foi imediato: alta de 21% em 30 dias no campo, repasse que deve chegar à mesa dos consumidores nas próximas semanas.
Outro item que deve pesar mais no bolso dos consumidores neste ano é a carne bovina. Neste caso, há uma conjugação de elevação de preços externos e oferta menor interna de gado.
Os mais recentes dados da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne) indicam que os preços externos de março eram 32% superiores aos do mesmo mês de 2007. A demanda externa continua aquecida.
Além disso, internamente os frigoríficos encontram dificuldades para fechar a escala de abate, o que pressiona os preços. Nesta semana, a arroba atingiu os R$ 80.
O feijão, líder dos aumentos nos últimos meses, embora já comece a cair, ainda não tem um abastecimento tranqüilo neste ano, na avaliação do analista Vlamir Brandalizze. A segunda safra foi semeada mais tarde do que o normal, e o produto fica suscetível a eventuais problemas climáticos.
O produto pouco depende do mercado externo, e as previsões de importações da Conab são de volume pequeno. A disparada de preços ocorreu devido à oferta menor de feijão.
O leite, que entra no período de entressafra, também tem pouca influência do mercado externo, mas os 5% exportados aliviariam a demanda interna, na avaliação de Gustavo Beduschi, pesquisador do Cepea (Centros de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
A mudança de patamar dos preços do leite nos últimos anos ocorre devido à recuperação da economia e à maior demanda interna, mesmo com a maior oferta de produto.
A alta interna nos preços dos grãos, empurrada pela evolução externa, pesou também nos custos de produção das carnes suína e de frango.
Os consumidores devem se preparar também para o peso dos óleos comestíveis. O de soja, líder de vendas no mercado interno, vai continuar aquecido, seguindo as estimativas de preços elevados, devido aos baixos estoques mundiais.
O milho, também influenciado pelo setor externo, mantém preços médios aquecidos nos seus derivados. O óleo de milho subiu 32% em 12 meses. A redução na produção nos EUA abre caminho para exportações brasileiras, que, mais uma vez, devem superar 10 milhões de toneladas do grão. (MZ)


Texto Anterior: Consumo e estoque baixo encarecem comida
Próximo Texto: Inflação é a maior preocupação da América Latina
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.