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Ganho na Bolsa pode não ser sustentável
Diferentemente do passado, crise atual ainda terá ciclos de recuperação e piora nos indicadores, alertam especialistas
Instituto privado diz que EUA podem ter 2ª recessão em 2010; investir na Bolsa é aplicação de longo prazo, aconselham analistas
DA REUTERS
DA REPORTAGEM LOCAL
O mercado de ações costuma
antecipar em seis meses, em
média, a retomada da economia quando há uma retração.
Mesmo assim, os analistas recomendam que os investidores
sejam bastante cautelosos neste momento, pois a elevação
das Bolsas de Valores no mundo nas últimas semanas pode
não ser o início de um novo ciclo de ganhos no segmento financeiro, como todos os que
perderam dinheiro nesta crise
gostariam de acreditar.
Nos EUA, cuja Bolsa costuma
ditar o rumo dos demais mercados em todo o planeta, ainda
há razão para pessimismo.
O desemprego está no mais
alto nível desde 1983, os preços
das casas seguem com quedas
recordes e ainda há significativas dúvidas sobre quais bancos
continuarão de pé. O Fed, o BC
americano, na ata da última
reunião do seu comitê de política monetária, reduziu as suas
expectativas de crescimento
para o país no segundo semestre de 2009 e em 2010.
Em relatório recém-divulgado, o prestigioso instituto privado "Conference Board" alertou: se a economia americana
se recuperar muito rapidamente, haverá risco de uma nova recessão em 2010, com a ameaça
da volta da inflação com a política de juros baixos do Fed.
Por isso, muitos investidores
preferem esperar sinais mais
claros de que a pior crise financeira em décadas está realmente perto do fim antes de recomeçar a comprar ações.
O temor é o de que mais más
notícias estejam por surgir nos
próximos meses. Essa falta de
convicção pode até ser considerada uma indicação de saúde do
mercado, pois, uma vez que a
Bolsa começa a subir, as pessoas rapidamente substituem o
bom senso pela ganância, o que
leva a tombos mais doloridos.
"Existe um consenso de que
o PIB [Produto Interno Bruto]
americano apresentará crescimento no terceiro trimestre",
afirma Tim Ghriskey, diretor
de investimentos da administradora de recursos Solaris Asset Management, em Bedford
Hills, Nova York. "A preocupação é: isso pode ser ainda um
pouco prematuro." Desde outubro, a Bolsa americana fez diversas tentativas de voltar a
avançar somente para sofrer
novas quedas logo depois.
A situação não é melhor no
resto do mundo, onde ainda há
poucas evidências do sucesso
dos pacotes fiscais e de estímulo à atividade em reanimar a
economia, embora todas as iniciativas nesse sentido sejam
bem-recebidas. O plano anunciado pelo Japão de US$ 154 bilhões na quinta-feira passada é
o mais recente exemplo.
Brasil
No Brasil, a Bovespa, que
chegou ao seu patamar mínimo
do ano, de 36.234 pontos, no
dia 2 de março, fechou na última quinta-feira aos 45.538
pontos, que corresponde ao pico de 2009. Em quase um mês e
meio, os ganhos são de 25%, repetindo o comportamento dos
mercados globais.
A economia brasileira não está fraca como a americana ou a
europeia, mas, ainda assim, o
conselho dos especialistas é
igual. "É preciso cuidado. Os níveis em que a Bolsa brasileira se
encontra justificam a aplicação, não necessariamente pelas
perspectivas futuras mas pelo
preço dos papéis", diz Ricardo
Fontes, consultor financeiro e
professor do Ibmec São Paulo.
Ele ressalta, porém: "Estamos falando de um investimento de prazo mais longo, um ou
dois anos. O cenário ainda está
repleto de incertezas, portanto
certamente haverá realizações
de lucro pelo caminho, altos e
baixos, de acordo com as informações que surgirem."
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