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FolhaInvest
Juro eleva "peso" de taxa de administração
Com a queda da Selic, taxa cobrada por fundos afeta mais o retorno do investidor, que deve pesquisar custos menores
Taxa de administração média cobrada nos fundos DI é de 1,04% ao ano, mas fundos mais populares têm preços muito mais elevados
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O atual ciclo de redução dos
juros deixou uma antiga conhecida dos investidores em evidência ainda maior: a taxa de
administração. Responsável
por engolir uma parcela dos ganhos brutos das aplicações, o
peso da taxa de administração
cresce a cada novo corte que o
BC faz nos juros básicos.
No caso dos fundos DI, que
seguem de perto a oscilação da
taxa básica Selic, essa questão
fica bem evidente. Em 2008, a
categoria deu retorno médio de
12,1%. Para este ano, considerando a expectativa do mercado para a Selic, a aplicação deve
pagar algo em torno de 10%. Ou
seja, se a taxa de administração
cobrada em um fundo se mantiver em 2% ao ano, por exemplo, seu impacto sobre o retorno da aplicação será bem maior
do que era até pouco tempo.
"O peso da taxa de administração no retorno final das aplicações tem ficado mais visível
aos clientes nesse momento de
redução dos juros. Mas os bancos apenas vão mexer nas taxas
quando houver reclamações do
outro lado do balcão", diz Mauro Halfeld, professor da Universidade Federal do Paraná.
A taxa de administração média cobrada nos fundos DI é de
1,04% ao ano, segundo a Anbid.
Mas há fundos com taxas muito
maiores, especialmente nos
mais populares, que exigem
menores aplicações de seus
clientes. Não é difícil encontrar
fundos com taxa de administração de 4% ou mesmo ainda
mais elevadas.
Nos fundos de ações livres,
que exigem maior trabalho por
parte dos gestores, a taxa média
cobrada fica em 2,73%. A função da taxa de administração é
a de remunerar os gestores por
sua atividade.
Sempre que o cliente vai fazer uma aplicação deve ter
acesso ao prospecto do fundo,
que traz todas as suas características -taxas cobradas, riscos
etc. Com o prospecto nas mãos,
pode comparar os perfis de fundos da mesma categoria e avaliar qual o mais interessante
para aplicar suas economias.
"Infelizmente a minoria olha
para esses detalhes. Tem aumentado o número de investidores mais conscientes, mas
ainda são poucos", diz Halfeld.
O número de fundos oferecidos é muito elevado. A indústria como um todo soma mais
de 8.000 fundos. Desses, há
mais de 400 fundos na categoria DI, e quase 1.000 na de renda fixa. Oferta não falta.
O aperto na rentabilidade líquida dos fundos voltou a ser
tema após o Copom (Comitê de
Política Monetária do BC) iniciar, em janeiro, o atual ciclo de
redução da taxa básica Selic
-referência para os juros praticados no mercado. De 13,75%
no começo do ano, a Selic está
em 11,25%. O mercado projeta
que a taxa básica alcance os
9,25% até o fim de 2009.
Como os fundos DI e de renda fixa são compostos por títulos públicos e privados que pagam juros e acompanham as
oscilações da Selic, suas rentabilidades estão em rota de baixa. Nesse cenário, cresceu o temor de que os investidores migrem dos fundos para a poupança, que não cobra nem taxa
de administração, nem IR.
"Com os juros em queda, não
é pouco o que se paga em taxa
de administração. Muitas vezes, é um serviço caro mesmo.
Mas apenas se começar a faltar
demanda para as aplicações
com as taxas praticadas atualmente é que os preços vão baixar", afirma Mauro Calil, professor e educador financeiro.
Poupança
Calil avalia que se o governo
tomar medidas para baixar o
retorno da poupança, devido à
ameaça que a conservadora
aplicação representa para a indústria de fundos, as instituições ficarão ainda mais confortáveis para manterem suas taxas nos atuais níveis.
O Copom se reúne nos próximos dias 28 e 29. A expectativa
é que a Selic seja reduzida em
ao menos 1 ponto percentual,
para 10,25%, o que significará
mais um encolhida na rentabilidade dos fundos DI.
Segundo uma simulação feita
pelo economista José Dutra
Vieira Sobrinho, se a Selic descer a 10,25%, apenas os fundos
DI e de renda fixa que cobrem
uma taxa de administração de
1% conseguirão dar ganho líquido maior que o oferecido
pela caderneta de poupança.
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