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OPINIÃO
Peso econômico dá prestígio à cúpula do Bric
Solidez do diálogo e relações de parceria vantajosas permitem antever êxito do fórum
DMITRI MEDVEDEV
A CÚPULA dos Brics a ser
realizada em Brasília,
nos dias 15 e 16, é um fórum que, por menos que seja
novo, desde seus primeiros
passos ganhou alto prestígio internacional. Esse fato não é de
surpreender, pois os países que
integram o bloco representam
26% do território do globo,
42% de sua população e 14,6%
do PIB mundial. Nos últimos
anos, a contribuição dos Brics
para o crescimento da economia mundial tem superado
50%.
E qual seria o lugar da Rússia
nesse grupo de Estados?
Ultrapassando as consequências da crise global, o nosso país avança simultaneamente pelo caminho de renovação
complexa. O objetivo principal
é alcançar o crescimento econômico sustentável e o aumento de renda dos cidadãos com
base na diversificação da economia, na modernização de
tecnologias e no modelo inovador do desenvolvimento.
Destinamos cada vez mais
recursos ao contínuo estudo do
espaço exterior, ao aumento da
eficácia energética, ao desenvolvimento da energia nuclear,
de fontes alternativas da energia, das tecnologias de informação, de telecomunicações e de
novas tecnologias em medicina, além da produção de medicamentos. Atribuímos grande
importância ao processamento
de fósseis que constituem a riqueza do nosso país, bem como
ao incremento de produção
agrícola. Estou convencido de
que esses avanços da Rússia estarão em demanda pelos nossos parceiros de Bric.
Por nossa vez, assistimos
com interesse e simpatia ao
crescimento dinâmico dos demais membros da aliança. A
combinação das vantagens
competitivas dos nossos países
cria a situação do benefício mútuo em várias áreas, oferece-nos os estímulos exclusivos para a cooperação. Muitos já estão sendo aplicados na prática.
Basta um exemplo. Durante
o recente encontro, em Moscou, nossos ministros da Agricultura tomaram as decisões
referentes à criação de um banco de dados comum para a análise da situação da segurança
alimentar dos Brics e para a
cooperação nas áreas de desenvolvimento e intercâmbio das
tecnologias agrícolas. Tais tecnologias visam estimular a redução da influência negativa do
clima sobre a segurança alimentar e a adaptação da agricultura a essas mudanças.
As oportunidades de cooperação multilateral nas áreas de
energia nuclear, construção de
aviões, estudo e uso do espaço
exterior e nanotecnologia são
de grande escala. Tal cooperação pode ser estimulada por
meio de estabelecimento da
cooperação financeira dos
Brics, particularmente na forma de acordos sobre o comércio recíproco em moedas locais.
Segurança econômica
Consideramos importantes
as medidas conjuntas da segurança econômica, tais como o
intercâmbio mútuo da informação sobre possíveis ataques
especulativos aos mercados de
câmbio, Bolsas de Valores e
mercadorias dos Brics.
O trabalho ágil e criativo durante a presidência do Brasil no
bloco, que levou a cooperação
no formato de Bric a um novo
patamar qualitativo, merece alta apreciação. Ultimamente
têm sido realizados os encontros extremamente úteis dos
ministros das Finanças, altos
representantes da área de segurança, dos bancos de desenvolvimento. É de especial valor o
fato de que a nossa cooperação
se alarga por conta da inclusão
nela do mundo de negócios e da
sociedade civil. Está sendo realizado no Brasil o encontro dos
representantes dos bancos privados, bem como um fórum de
negócios e a conferência dos
centros científicos dos países.
Desde a primeira cúpula de
pleno formato dos Brics, em
Ecaterimburgo (16 de junho de
2009), conseguimos pôr o início frutífero em diversas áreas
de trabalho planejadas. Dessa
maneira, os nossos países participam ativamente das atividades do G20, que se tornou um
mecanismo principal da coordenação de esforços internacionais para criar um novo sistema da gestão econômica global. É com base na abordagem
comum que na cúpula do G20
em Pittsburgh foi conseguida a
aprovação da decisão de distribuir 5% dos votos no FMI e 3%
dos votos no Banco Mundial a
favor de economias emergentes e em desenvolvimento. Pronunciamo-nos pela adoção de
claras regras de jogo que assegurariam a participação equitativa de todos os membros do
G20 nas suas atividades.
Bretton Woods
Além disso, os países do Bric
vão se empenhar em concluir
com êxito as reformas do sistema de Bretton Woods que estão sendo realizadas e que têm
sido necessárias há muito tempo. Acho que poderíamos também manifestarmo-nos juntos
a favor da elaboração do programa de ação do G20 durante
o período pós-crise, contribuir
juntamente para esse trabalho.
Fortalecendo o fundamento
econômico do mundo multipolar, os Brics objetivamente contribuem para a criação das condições para o reforço de segurança internacional. Estamos
unidos na opinião de que a comunidade internacional deve
recorrer aos meios político-diplomáticos e jurídicos na solução de conflitos, em vez de bélicos e de força. Estamos convencidos da necessidade de fortalecer os princípios coletivos nas
relações internacionais e de
formar um mundo justo e democrático.
Rússia, China, Índia e Brasil
cooperam ativamente com a
ONU. Um exemplo mais brilhante é o copatrocínio desses
países das resoluções da Assembleia-Geral da Nações Unidas sobre a prevenção da instalação de qualquer tipo de armas
no espaço exterior e o não uso
de métodos de força em relação
aos objetos espaciais.
Estou convencido de que a
cooperação entre os nossos
países tem grande futuro. E,
embora estejamos só no início
do caminho, os alicerces sólidos do nosso diálogo no formato de Bric, as relações de parceria mutuamente vantajosas e já
verificadas permitem contar
com o êxito desse fórum em
prol de nossos países e povos.
DMITRI MEDVEDEV , 44,
é presidente da Federação Russa.
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