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INVESTIMENTOS
Na segunda-feira, aplicações de renda fixa tiveram, em média, a pior remuneração diária desde dezembro de 2002
Mercado tenso afeta rentabilidade de fundos
ÉRICA FRAGA
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A forte turbulência que tem afetado o mercado financeiro provocou estragos no retorno dos fundos de renda fixa, que amargaram
rentabilidades negativas de até
1,22% na última segunda-feira.
Dos 410 fundos dessa categoria
abertos ao público, 100 amargaram perdas nesse dia, segundo
dados do site Fortuna.
Na média, os fundos de renda fixa tiveram remuneração negativa
de 0,01%. Essa é a maior perda registrada em um único dia desde
18 de dezembro de 2002, logo depois da eleição presidencial,
quando essa categoria registrou
retorno negativo de 0,1%.
Segundo dados da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento), apenas nove fundos
de renda fixa voltaram a apresentar retorno negativo na última terça-feira. A melhora ocorreu em
conseqüência da recuperação do
mercado financeiro no dia.
Os fundos de renda fixa representam 35% (o equivalente a cerca R$ 192 bilhões) de todo o patrimônio do mercado de fundos de
investimento. Considerados aplicações de risco moderado, são
bastante procurados por pequenos e médios investidores.
O problema, segundo analistas,
é que os fundos de renda fixa estão sujeitos a fortes variações em
períodos de volatilidade no mercado. Isso ocorre porque eles são
afetados pelo movimento dos juros no mercado futuro.
Os fundos de renda fixa têm ganho quando os juros futuros recuam, mas tendem a sofrer perdas quando essas taxas sobem.
São aplicações que têm em suas
carteiras títulos públicos e privados que oferecem retorno prefixado. Quando os juros sobem,
ocorre o seguinte: a rentabilidade
previamente fixada desses papéis
passa a estar abaixo das taxas praticadas no mercado. Para corrigir
esse ajuste nos juros, o preço desses títulos sofre uma depreciação,
o que pode fazer com que as cotas
dos fundos de investimento fiquem negativas e estes apresentem perdas de rentabilidade.
Foi exatamente o que ocorreu
na segunda-feira. As taxas no
mercado futuro dispararam devido ao temor de alta de juros nos
Estados Unidos.
Esse movimento acarretou fortes perdas aos fundos de renda fixa. A rentabilidade dos 20 fundos
com piores desempenho variou
de -0,33% a -1,22%.
Na semana passada, como os
juros futuros já estavam subindo
a um ritmo lento, alguns fundos
amargaram retorno negativo.
Com isso, há fundos que, neste
mês (até o último dia 10), já devolveram toda a rentabilidade obtida
em março passado, que, em média, foi de 1,15%.
Apesar disso, desde o início do
governo Lula até a segunda-feira
passada, os fundos de renda fixa
tiveram retorno positivo de
30,33%. A indústria de fundos como um todo apresentou rentabilidade de 30,58% no período.
Correção das cotas
Nas últimas semanas, alguns
fundos DI, considerados aplicações de risco baixo, chegaram a
ter retorno negativo em determinados dias. Isso porque esses fundos aplicam em títulos pós-fixados, que vêm perdendo valor devido à maior percepção de risco.
As fortes correções sofridas por
alguns fundos em apenas um dia
reforçam as suspeitas de analistas
de que alguns gestores não estariam cumprindo a determinação
de corrigir a cota dos fundos diariamente.
Procurada pela Folha, a CVM
(Comissão de Valores Mobiliários), instituição responsável pela
fiscalização dos fundos, não concedeu entrevista ontem.
As fortes oscilações que atingiram o mercado brasileiro na última segunda-feira tiveram efeitos
ainda mais negativos sobre aplicações mais arriscadas, como os
fundos multimercados e os de
ações. Alguns tiveram perdas de
2% a até 10% em um único dia.
Se forem considerados os fundos de todas as categorias, a rentabilidade média na última segunda-feira foi de -0,11%.
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