São Paulo, quinta-feira, 13 de maio de 2004

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VÔO DA ÁGUIA

Aumento dos gastos com petróleo e das importações impulsiona um saldo negativo de US$ 46 bilhões em março

Déficit comercial dos EUA bate novo recorde

DA REDAÇÃO

Depois de cair em fevereiro, o déficit comercial americano voltou a crescer em março e registrou seu maior valor histórico, impulsionado pela alta do petróleo e pela recuperação interna, que puxou as importações.
Segundo dados divulgados ontem pelo Departamento de Comércio, o saldo com o exterior ficou negativo em US$ 45,96 bilhões, alta de 9,1% ante os US$ 42,12 bilhões de fevereiro.
As importações de petróleo subiram de US$ 8,4 bilhões para US$ 10,2 bilhões em março, mês em que o preço médio do barril foi de US$ 30,64, valor recorde desde fevereiro de 1983. No mês anterior, ele custava US$ 29,17.
Apenas com a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), o déficit alcançou um recorde de US$ 5,6 bilhões.
As importações cresceram 4,6% e registraram o maior aumento em um mês desde março de 1993. No total, os EUA gastaram US$ 140,7 bilhões em compras.
Mas as exportações também foram maiores e chegaram a US$ 94,7 bilhões, alta de 2,6% em relação a fevereiro. No acumulado em 12 meses até março, o crescimento foi superior, de 14,5%.
Analistas se mostraram surpresos com a elevação do déficit, que apresentava aparente estabilização nos últimos meses.
"Nós pensávamos que o déficit havia parado de crescer, porque o dólar tem se enfraquecido e há maior crescimento no exterior", disse David Hensley, economista do banco JP Morgan.
Além da questão do petróleo, que deve se agravar com a recente alta do preço do barril, os economistas demonstraram preocupação com o fato de o dólar acumular valorização nas últimas semanas, uma outra conseqüência da recuperação econômica.
Após perder mais de 16% de seu valor em relação a uma cesta de moedas compilada pelo JP Morgan, o dólar já recuperou cerca de 5% desde o início de abril.
Um dólar mais forte prejudica a competitividade no exterior dos produtos americanos e deve restringir a alta das exportações.
"[O relatório destaca] a tensão entre as boas notícias da rápida expansão econômica americana e as más das conseqüências desse crescimento sobre o tamanho dos déficits comercial e fiscal, que nós temos que financiar", afirmou Edwin Truman, do IIE (Instituto de Economia Internacional).
Em relação ao tamanho da economia, o déficit comercial representa um valor entre 4,5% e 5% do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA. Ou seja, o país precisa de cerca de US$ 1,5 bilhão por dia para financiar esse saldo.


Com agências internacionais e o "New York Times"


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