São Paulo, sábado, 13 de maio de 2006

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Tony Blair sugere mais responsabilidade à AL

DO FINANCIAL TIMES

Tony Blair, primeiro-ministro do Reino Unido, pediu ontem que os Estados ricos em energia da América Latina ajam com responsabilidade. A declaração veio menos de 48 horas antes de uma visita "particular" a Londres pelo presidente da Venezuela, o esquerdista Hugo Chávez, que construiu uma estreita aliança com Cuba e Bolívia.
"O que países fazem com suas políticas de energia, quando se trata de produtores de energia como a Bolívia e a Venezuela, importa imensamente a todos nós", disse Blair na conferência de cúpula de líderes europeus, latino-americanos e caribenhos que ocorre em Viena.
"Todos estão preocupados. Meu único apelo é que as pessoas exerçam o poder que têm com relação a isso de maneira responsável para com toda a comunidade internacional", afirmou.
"Seria um erro acreditar que as decisões tomadas por esses líderes não refletem as opiniões dos povos de seus países", acrescentou lorde Triesman, o ministro encarregado dos assuntos latino-americanos na Secretaria do Exterior britânica. "Mas também seria um erro para eles acreditar que as decisões que tomam não influenciarão os investidores".
No mesmo evento, Chávez declarou que a Venezuela havia tomado o controle de quatro campos de petróleo pesado no cinturão do Orinoco, com investimento estrangeiro total da ordem de US$ 17 bilhões, ainda que o Congresso de seu país não tenha aprovado a medida até agora.
No dia anterior, Evo Morales, o presidente da Bolívia, havia declarado que seu país não indenizaria os investidores estrangeiros pela perda de suas concessões de gás natural, ainda que exista a possibilidade de que sejam indenizados pela perda de equipamentos. As empresas afetadas incluem as britânicas BP e BG, a brasileira Petrobras e a espanhola Repsol.
"A Europa precisa compreender que uma mudança está acontecendo na América Latina... e que os povos que foram explorados estão se erguendo, mas democraticamente, e não por meio da violência", disse Chávez ao "Financial Times" antes de sua visita a Londres, onde será recebido pelo prefeito de Londres, Ken Livingstone, e parlamentares trabalhistas.
"Vou defender Evo [Morales] porque ele agora está sendo atacado de todos os lados. [Ao nacionalizar o gás] ele cumpriu uma promessa de campanha", disse.


Tradução de Paulo Migliacci


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