São Paulo, terça-feira, 13 de maio de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Estado retoma papel na economia, diz Delfim

O plano de política industrial anunciado ontem com pompa e circunstância pelo governo, batizado de Política de Desenvolvimento Produtivo, gerou uma discussão que parecia adormecida. Trata-se da importância do papel do Estado como indutor do crescimento econômico.
Ex-ministro superpoderoso quando o Estado ainda ditava os rumos da economia durante o regime militar, Delfim Netto considerou bastante positivo o novo plano de política industrial. Para ele, "o governo está reconstruindo um caminho que foi abandonado nos últimos anos".
Delfim, que estava à frente da economia quando o país lançou o Plano Nacional de Desenvolvimento, no final da década de 60, acha que o novo plano irá ser muito criticado, apesar de estar na direção correta.
"O plano deverá ser execrado pelos "estadofóbicos" e considerado insuficiente pelos "estadolatras", diz Delfim. "O importante do plano é que ele recupera a idéia de que o desenvolvimento depende do Estado indutor."
Não há, segundo Delfim, nenhum caso no mundo de desenvolvimento econômico sem a participação do Estado. Delfim também não vê problema no fato de o plano favorecer alguns setores da economia, embora este atual seja mais abrangente do que os anteriores.
"Muitos criticam a idéia de uma política industrial porque encaram um mal a escolha dos vencedores. Talvez prefiram a escolha dos perdedores", diz Delfim.
Ex-presidente do BNDES e ex-ministro das Comunicações no governo Fernando Henrique Cardoso, o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros também enxerga com bons olhos o plano anunciado ontem pelo governo.
Mendonça de Barros diz que não vê com preconceito a adoção de uma política industrial. A seu ver, sempre há espaço para uma política industrial que seja inteligente. Ou seja, que incentive os setores nos quais o país apresente vantagens comparativas. No mundo inteiro é assim.
"Faz todo o sentido o Brasil incentivar os setores que vão vender para a China, por exemplo, e não aqueles setores que vão competir com a China", diz o economista.
Mendonça de Barros também acha positivo o fato de o plano promover a redução de impostos, mesmo que seja pequena. Afinal, o governo não está em condições de abrir mão de uma parte significativa da arrecadação tributária sem antes cortar gastos.

Positivo investe em pequena e média empresa

Nem bem lançou sua nova linha de produtos, Hélio Rotenberg, presidente da Positivo Informática, já prepara novo plano de ação. Ele estuda como implementar a venda de computadores para pequenas e médias empresas.
"Nesse segmento perdemos para as lojas especializadas na montagem de equipamentos", diz Rotenberg. "As pequenas e médias não costumam comprar seus produtos nas redes varejistas." Isso acontece porque, além do preço e da assistência técnica, essas lojas acabam instalando programas piratas.
Por isso, a Positivo quer ampliar o número de distribuidores -hoje a Officer centraliza sua operação- e estuda como oferecer crédito aos pequenos empresários. Foi um modelo de negócio parecido que, no passado, transformou a Positivo na maior fabricante (e vendedora) de computadores da América Latina no varejo.
Além disso, uma nova linha está sendo projetada para atender os pequenos empresários. "Nossa parceria com a Microsoft, por exemplo, permite que embarquemos o Windows nos computadores a cerca de R$ 100", diz Rotenberg. No varejo, só o programa custaria duas vezes mais.
O projeto para as pequenas empresas será desenvolvido antes da internacionalização da Positivo. Rotenberg diz que seria viável vender cerca de 200 mil computadores ao ano para essas empresas. "Na Argentina, seria mais difícil conseguir esse resultado em tão pouco tempo."
Mesmo assim, Rotenberg afirma que o grupo está estudando as possibilidades. "O mais prático será entrar nos países do Mercosul."

POLPA
A Samarco começa a operar, no fim do mês, seu novo mineroduto, que transportará 24 milhões de toneladas por ano de polpa de minério de ferro de Mariana (MG) a Anchieta (ES).

NA TELONA
A Natura comemora os resultados da sua primeira investida no cinema. A empresa patrocinou o documentário "Mistério do Samba", sobre a Velha Guarda da Portela, dirigido por Lula Buarque de Hollanda e Carolina Jabor, em produção da Conspiração Filmes. O filme, que estréia em agosto, foi incluído, na última hora, na seleção oficial do Festival de Cannes e será exibido na noite do dia 25, último dia da mostra.

DIA D
Héctor Núñez, presidente do Wal-Mart Brasil, participa hoje do programa "Dia na Comunidade", que estimula funcionários a se engajarem em ações voluntárias. Entre os projetos, estão a pintura de muros de escolas e aulas de executivos do Wal-Mart em escolas públicas. Neste ano, a adesão dos empregados ao projeto cresceu 16%.

TIJOLO COM TIJOLO

A incorporadora Cytec+, especializada nas classes C e D, reúne nesta semana presidentes de grandes empresas da construção. Estarão presentes a presidente da Standard & Poor's no Brasil, Regina Nunes -para falar de riscos do setor-, Walter Schalka, da Votorantim Cimentos, Élio Martins, da Eternit, e Danilo Talanskas, da Otis. "O mercado habitacional nunca teve acesso a crédito, e as grandes construtoras não eram voltadas a esse segmento. Agora as principais empresas estão trabalhando o mercado supereconômico", diz Yorki Estefan, da Cytec+.

AO TRABALHO
Vai ser lançado na quinta-feira, na Câmara dos Deputados, em Brasília, o livro "FGTS, 41 anos -Ganhos -Perdas -Fraudes" (editora SuperÚtil, 160 páginas). O autor, Mario Avelino, especialista em FGTS, faz o histórico e definição do fundo, que entrou em vigor em janeiro de 1967. O livro traz orientações ao trabalhador sobre os saques e como lidar com perdas ou fraudes envolvendo o FGTS .


com JOANA CUNHA, VERENA FORNETTI e JULIO WIZIACK


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