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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Estado retoma papel na economia, diz Delfim
O plano de política industrial
anunciado ontem com pompa e
circunstância pelo governo, batizado de Política de Desenvolvimento Produtivo, gerou uma
discussão que parecia adormecida. Trata-se da importância
do papel do Estado como indutor do crescimento econômico.
Ex-ministro superpoderoso
quando o Estado ainda ditava
os rumos da economia durante
o regime militar, Delfim Netto
considerou bastante positivo o
novo plano de política industrial. Para ele, "o governo está
reconstruindo um caminho
que foi abandonado nos últimos anos".
Delfim, que estava à frente da
economia quando o país lançou
o Plano Nacional de Desenvolvimento, no final da década de
60, acha que o novo plano irá
ser muito criticado, apesar de
estar na direção correta.
"O plano deverá ser execrado
pelos "estadofóbicos" e considerado insuficiente pelos "estadolatras", diz Delfim. "O importante do plano é que ele recupera a idéia de que o desenvolvimento depende do Estado indutor."
Não há, segundo Delfim, nenhum caso no mundo de desenvolvimento econômico sem
a participação do Estado. Delfim também não vê problema
no fato de o plano favorecer alguns setores da economia, embora este atual seja mais abrangente do que os anteriores.
"Muitos criticam a idéia de
uma política industrial porque
encaram um mal a escolha dos
vencedores. Talvez prefiram a
escolha dos perdedores", diz
Delfim.
Ex-presidente do BNDES e
ex-ministro das Comunicações
no governo Fernando Henrique Cardoso, o economista
Luiz Carlos Mendonça de Barros também enxerga com bons
olhos o plano anunciado ontem
pelo governo.
Mendonça de Barros diz que
não vê com preconceito a adoção de uma política industrial.
A seu ver, sempre há espaço para uma política industrial que
seja inteligente. Ou seja, que incentive os setores nos quais o
país apresente vantagens comparativas. No mundo inteiro é
assim.
"Faz todo o sentido o Brasil
incentivar os setores que vão
vender para a China, por exemplo, e não aqueles setores que
vão competir com a China", diz
o economista.
Mendonça de Barros também acha positivo o fato de o
plano promover a redução de
impostos, mesmo que seja pequena. Afinal, o governo não está em condições de abrir mão
de uma parte significativa da
arrecadação tributária sem antes cortar gastos.
Positivo investe em pequena e média empresa
Nem bem lançou sua nova linha de produtos, Hélio Rotenberg, presidente da Positivo Informática, já prepara novo plano de ação. Ele estuda como implementar a venda de computadores para pequenas e médias empresas.
"Nesse segmento perdemos para as lojas especializadas na montagem de equipamentos", diz Rotenberg. "As pequenas e médias não costumam comprar seus produtos nas redes varejistas." Isso acontece porque, além do preço e da assistência técnica, essas lojas acabam instalando programas piratas.
Por isso, a Positivo quer ampliar o número de distribuidores -hoje a Officer centraliza sua operação- e estuda como oferecer crédito aos pequenos empresários. Foi um modelo de negócio parecido que, no passado, transformou a Positivo na maior fabricante (e vendedora) de computadores da América Latina no varejo.
Além disso, uma nova linha está sendo projetada para atender os pequenos empresários. "Nossa parceria com a Microsoft, por exemplo, permite que embarquemos o Windows nos computadores a cerca de R$ 100", diz Rotenberg. No varejo, só o programa custaria duas vezes mais.
O projeto para as pequenas empresas será desenvolvido antes da internacionalização da Positivo. Rotenberg diz que seria viável vender cerca de 200 mil computadores ao ano para essas empresas. "Na Argentina, seria mais difícil conseguir esse resultado em tão pouco tempo."
Mesmo assim, Rotenberg afirma que o grupo está estudando as possibilidades. "O mais prático será entrar nos países do Mercosul."
POLPA
A Samarco começa a operar, no fim do mês, seu novo
mineroduto, que transportará 24 milhões de toneladas
por ano de polpa de minério
de ferro de Mariana (MG) a
Anchieta (ES).
NA TELONA
A Natura comemora os resultados da sua primeira investida no cinema. A empresa patrocinou o documentário "Mistério do Samba", sobre a Velha Guarda da Portela, dirigido por Lula Buarque
de Hollanda e Carolina Jabor, em produção da Conspiração Filmes. O filme, que
estréia em agosto, foi incluído, na última hora, na seleção oficial do Festival de
Cannes e será exibido na
noite do dia 25, último dia da
mostra.
DIA D
Héctor Núñez, presidente
do Wal-Mart Brasil, participa hoje do programa "Dia na
Comunidade", que estimula
funcionários a se engajarem
em ações voluntárias. Entre
os projetos, estão a pintura
de muros de escolas e aulas
de executivos do Wal-Mart
em escolas públicas. Neste
ano, a adesão dos empregados ao projeto cresceu 16%.
TIJOLO COM TIJOLO
A incorporadora Cytec+, especializada nas classes C e
D, reúne nesta semana presidentes de grandes empresas
da construção. Estarão presentes a presidente da Standard & Poor's no Brasil, Regina Nunes -para falar de riscos do setor-, Walter Schalka, da Votorantim Cimentos,
Élio Martins, da Eternit, e Danilo Talanskas, da Otis. "O
mercado habitacional nunca teve acesso a crédito, e as
grandes construtoras não eram voltadas a esse segmento.
Agora as principais empresas estão trabalhando o mercado supereconômico", diz Yorki Estefan, da Cytec+.
AO TRABALHO
Vai ser lançado na quinta-feira, na Câmara dos Deputados, em Brasília, o livro
"FGTS, 41 anos -Ganhos
-Perdas -Fraudes" (editora SuperÚtil, 160 páginas). O
autor, Mario Avelino, especialista em FGTS, faz o histórico e definição do fundo,
que entrou em vigor em janeiro de 1967. O livro traz
orientações ao trabalhador
sobre os saques e como lidar
com perdas ou fraudes envolvendo o FGTS .
com JOANA CUNHA, VERENA FORNETTI e JULIO WIZIACK
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