São Paulo, quarta-feira, 13 de maio de 2009

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Recurso do fundo garantidor deve vir do BNDES e do BB

Empresas pequenas e médias são as que mais sofrem com a crise no crédito

Custo de empréstimos do BNDES deve se reduzido também para acompanhar a redução da taxa básica de juros, a Selic


GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve anunciar hoje a criação do fundo garantidor de crédito para capital de giro das pequenas e médias empresas. O fundo será composto principalmente por recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O Banco do Brasil também poderá entrar com uma parcela.
O anúncio será feito durante reunião em Brasília com empresários que fazem parte do grupo de acompanhamento da crise. O grupo foi criado neste início do ano pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, para o governo acompanhar melhor a crise e poder tomar medidas com o objetivo de minimizar seus efeitos.
A criação de um fundo garantidor de crédito para as pequenas e médias empresas foi uma das principais reivindicações desse grupo. Em todas as reuniões realizadas neste ano, a restrição ao crédito, principalmente para as empresas de menor porte, sempre foi a maior queixa dos empresários.
O governo espera que a adoção do fundo garantidor sirva não só para os bancos destravarem o crédito para as pequenas e médias empresas como também para baixarem os juros dos empréstimos.
O risco da inadimplência é apontado pelos bancos como um dos principais fatores pelas altas taxas de juros cobradas às empresas de menor porte.
O fundo garantidor irá funcionar como uma espécie de aval para os bancos voltarem a conceder financiamento às empresas menores sem correrem o risco de o pagamento não ser efetuado. O fundo elimina o risco da inadimplência.
Os detalhes técnicos do fundo estavam sendo fechados ontem à noite. O montante não foi concluído, mas o dinheiro virá principalmente dos R$ 100 bilhões que a União se comprometeu a repassar para o orçamento do BNDES dos próximos dois anos. O Banco do Brasil também poderá entrar com uma parte. Ontem, a diretoria do banco foi informada pelo governo sobre a criação do fundo. Os recursos do fundo podem chegar a R$ 10 bilhões, mas o martelo não foi batido.

BNDES
O governo também deve baixar os juros do repasse para o BNDES. Hoje, a União cobra uma taxa de 2,5% mais os 6,25% da TJLP (taxa de juros de longo prazo, que serve como termômetro para os empréstimos do BNDES). Com a queda da Selic, a taxa básica de juros da economia, o governo deve abrir mão dos 2,5% ou de pelo menos uma parte.
O custo dos financiamentos do BNDES deve ser outro tema importante da reunião de hoje. Os empresários têm dito ao governo que o dinheiro do BNDES ficou caro depois que a Selic começou a baixar.
"O governo já deveria ter criado esse fundo antes", disse o economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, professor da Unicamp e ex-secretário de política econômica da Fazenda no governo Lula.
De acordo com o economista, as pequenas e médias empresas são as que mais sofrem com a escassez do crédito. Apesar dos juros altos, os bancos não fecharam totalmente as portas para os empréstimos às companhias de maior porte.
O governo tinha uma expectativa de que, com a normalização do crédito para os bancos médios, o acesso para as pequenas empresas também melhorasse. Mas isso não aconteceu.
"O custo do dinheiro continua muito alto", disse Paulo Godoy, presidente da Abidb (Associação Brasileira da Indústria de Base) e um dos participantes da reunião de hoje.


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