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Recurso do fundo garantidor deve vir do BNDES e do BB
Empresas pequenas e médias são as que mais sofrem com a crise no crédito
Custo de empréstimos
do BNDES deve se reduzido
também para acompanhar
a redução da taxa básica
de juros, a Selic
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve anunciar hoje a
criação do fundo garantidor de
crédito para capital de giro das
pequenas e médias empresas. O
fundo será composto principalmente por recursos do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
O Banco do Brasil também poderá entrar com uma parcela.
O anúncio será feito durante
reunião em Brasília com empresários que fazem parte do
grupo de acompanhamento da
crise. O grupo foi criado neste
início do ano pelo ministro da
Fazenda, Guido Mantega, para
o governo acompanhar melhor
a crise e poder tomar medidas
com o objetivo de minimizar
seus efeitos.
A criação de um fundo garantidor de crédito para as pequenas e médias empresas foi uma
das principais reivindicações
desse grupo. Em todas as reuniões realizadas neste ano, a
restrição ao crédito, principalmente para as empresas de menor porte, sempre foi a maior
queixa dos empresários.
O governo espera que a adoção do fundo garantidor sirva
não só para os bancos destravarem o crédito para as pequenas
e médias empresas como também para baixarem os juros dos
empréstimos.
O risco da inadimplência é
apontado pelos bancos como
um dos principais fatores pelas
altas taxas de juros cobradas às
empresas de menor porte.
O fundo garantidor irá funcionar como uma espécie de
aval para os bancos voltarem a
conceder financiamento às empresas menores sem correrem
o risco de o pagamento não ser
efetuado. O fundo elimina o risco da inadimplência.
Os detalhes técnicos do fundo estavam sendo fechados ontem à noite. O montante não foi
concluído, mas o dinheiro virá
principalmente dos R$ 100 bilhões que a União se comprometeu a repassar para o orçamento do BNDES dos próximos dois anos. O Banco do Brasil também poderá entrar com
uma parte. Ontem, a diretoria
do banco foi informada pelo governo sobre a criação do fundo.
Os recursos do fundo podem
chegar a R$ 10 bilhões, mas o
martelo não foi batido.
BNDES
O governo também deve baixar os juros do repasse para o
BNDES. Hoje, a União cobra
uma taxa de 2,5% mais os
6,25% da TJLP (taxa de juros
de longo prazo, que serve como
termômetro para os empréstimos do BNDES). Com a queda
da Selic, a taxa básica de juros
da economia, o governo deve
abrir mão dos 2,5% ou de pelo
menos uma parte.
O custo dos financiamentos
do BNDES deve ser outro tema
importante da reunião de hoje.
Os empresários têm dito ao governo que o dinheiro do
BNDES ficou caro depois que a
Selic começou a baixar.
"O governo já deveria ter
criado esse fundo antes", disse
o economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, professor da
Unicamp e ex-secretário de política econômica da Fazenda no
governo Lula.
De acordo com o economista,
as pequenas e médias empresas
são as que mais sofrem com a
escassez do crédito. Apesar dos
juros altos, os bancos não fecharam totalmente as portas
para os empréstimos às companhias de maior porte.
O governo tinha uma expectativa de que, com a normalização do crédito para os bancos
médios, o acesso para as pequenas empresas também melhorasse. Mas isso não aconteceu.
"O custo do dinheiro continua muito alto", disse Paulo
Godoy, presidente da Abidb
(Associação Brasileira da Indústria de Base) e um dos participantes da reunião de hoje.
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