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Emprego na indústria tem pior desempenho em 8 anos
Queda de 5% em relação a março do ano passado é o maior tombo desde 2001
Para o IBGE, movimento
de queda é generalizado, pois atingiu todos os indicadores, as regiões e quase todos os setores
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Combalido pela crise, o mercado de trabalho na indústria
registrou, em março, o pior desempenho em oito anos: o nível
de emprego no setor caiu 5%
em relação a março de 2008, o
maior tombo desde o início da
série do IBGE, em 2001.
Já em relação a fevereiro, a
ocupação teve retração de 0,6%
na taxa com ajuste sazonal, o
sexto resultado negativo seguido nessa base de comparação.
Em queda desde outubro, o indicador registra perda acumulada de 5,8%.
Até mesmo o rendimento no
setor, que se mantinha em alta
graças à inflação mais baixa,
não resistiu: a folha de pagamento recuou 2,2% na comparação com março de 2008, a
primeira taxa negativa desde o
começo da crise. Ante fevereiro, houve queda de 2,3%.
Segundo André Macedo, economista do IBGE, os efeitos da
crise ainda afetam o mercado
de trabalho industrial. "O movimento de queda é generalizado, atingindo todos os indicadores, as regiões e quase todos
os setores. Esse movimento
acompanha o menor dinamismo da produção da indústria."
Pelos dados do IBGE, foram
fechados postos de trabalho em
14 dos 18 ramos industriais pesquisados e em todos os 14 locais
-com destaque para São Paulo,
maior parque fabril do país,
com perda de 4% em relação a
março de 2008.
Para Macedo, a tendência de
"suave recuperação" apontada
pelos dados de produção de
março não se refletiu em melhora do mercado de trabalho
industrial. Naquele mês, a indústria cresceu 0,7% ante fevereiro, num sinal, diz o IBGE, de
"reação gradual" do setor.
O único sinal positivo, diz
Macedo, é o fato de a ocupação
ter caído menos em março do
que em meses anteriores -tanto em janeiro como em fevereiro, o recuo havia sido de 1,4%
na taxa com ajuste sazonal.
É, porém, insuficiente para
prever a recuperação do emprego industrial no curto prazo. Os próprios números da
pesquisa não trazem alento, já
que o total de horas pagas pelo
setor caiu 0,9% em relação a fevereiro e 5,6% ante março de
2008. O indicador é antecedente ao emprego, ou seja, quando
crescem as horas trabalhadas é
sinal de contratações no futuro.
"Fundo" ficou para trás
"Não há sinalização de resultados positivos mais à frente, se
olharmos as horas pagas como
um indicador antecedente. A
indústria ainda mantinha estoques no final do primeiro trimestre e não precisou lançar
mão de horas extras."
Já para Fábio Romão, economista da LCA, o emprego fabril
tende a melhorar em abril, embalado sazonalmente pelo início do processamento da safra
de cana-de-açúcar -que emprega especialmente na indústria paulista.
O economista estima que o
setor tenha aberto quase 34 mil
vagas, segundo projeção feita
com base nos dados do Caged
(Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) -que
em março registrou o fechamento de 35 mil postos de trabalho formais na indústria.
"A queda do emprego começou a estancar, depois de um
ajuste muito rápido e intenso.
O fundo do poço ficou no primeiro trimestre." A indústria
voltou a contratar, diz, ainda
que de modo "muito lento".
Para o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento
Industrial), o crescimento do
emprego em relação a fevereiro
mostra que "a queda perdeu
ritmo em março", o que é "um
bom sinal". "Não significa que,
no curto prazo, os problemas
do emprego industrial estejam
resolvidos. Os ajustes podem
continuar", diz o instituto.
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