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PT substitui o PMDB no comando da nova Telebrás
Santanna assume em meio a críticas das empresas de telecomunicações a respeito de um possível conflito de interesses na Anatel
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O PT ficou com o comando
da Telebrás reativada, em substituição ao PMDB. O ex-secretário de Logística e Tecnologia
da Informação do Ministério
do Planejamento, Rogério Santanna, assumiu ontem a presidência da empresa.
Santanna, que será responsável por gerir o PNBL (Plano Nacional de Banda Larga), é ligado
ao grupo político do ex-ministro Tarso Genro (PT-RS). Seu
antecessor na estatal era Jorge
da Motta, que foi indicado pelo
ex-ministro das Comunicações, deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE).
Ao longo das discussões no
governo, Santanna foi um dos
principais defensores da reativação da estatal. Ele se opunha
ao então ministro das Comunicações, o senador Hélio Costa
(PMDB-MG), que defendia que
o plano fosse tocado pela iniciativa privada, com incentivos do
governo federal.
Para tocar o plano de banda
larga, a Telebrás terá R$ 3,22
bilhões do Tesouro Nacional
nos próximos cinco anos. A expectativa é que a empresa dê
prejuízo até 2012. A estatal irá
ofertar, no atacado, acesso a
uma rede de fibras ópticas estatal para transporte de dados em
alta velocidade.
Somados benefícios fiscais,
empréstimos do BNDES e uso
de recursos de fundo setorial, o
total de dinheiro público usado
para alavancar o plano chega a
R$ 13,25 bilhões.
O governo projeta levar o
acesso à internet em alta velocidade para 39,8 milhões de domicílios em cinco anos (hoje esse número é de 11,9 milhões).
A ideia do governo é que, com
a oferta da rede, surjam novas
empresas para competir com as
atuais ofertantes de internet
em banda larga (operadoras de
telefonia fixa, celulares e a
Net). Isso pode estimular competição, aumento de oferta e redução de preços.
Pelo plano, o acesso ficará em
R$ 35, para velocidade de 512 a
784 kbps (quilobits por segundo), ou R$ 15, no plano com incentivos (banda larga sem fio,
com isenção fiscal para modens), para velocidade de até
512 kbps e limite de download.
Conflito
Santanna assumiu em meio a
críticas das empresas de telecomunicações a respeito de um
conflito de interesses na Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações).
Anteontem as teles entregaram à Anatel dados sobre Exploração Industrial de Linha
Dedicada (EILD) e Serviço de
Linha Dedicada Digital Total
(SLDD). São serviços que envolvem transporte de dados em
alta velocidade, mercado onde
a Telebrás também vai atuar.
Com a reativação da estatal,
esses mesmos empregados que
hoje estão na agência poderão
ter que voltar para a Telebrás,
que será uma competidora das
teles no mesmo segmento.
Ontem as empresas fizeram
uma reclamação formal, por
carta, ao presidente da Anatel,
Ronaldo Sardenberg.
Santanna descarta conflitos.
"Estranho essa preocupação,
porque os funcionários da Telebrás estão há 12 anos na agência. Já carregavam esse risco
havia 12 anos. Ex-funcionários
da Telebrás ocupam funções
graduadas em empresas privadas de telecomunicações."
Ele disse que o governo federal poderá contratar, sem licitação, os serviços da estatal. Essa
era uma preocupação das teles,
uma vez que o mercado da administração federal é grande.
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