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MAR PARA PEIXE
Presidente quer o uso de linhas do BNDES para a construção de barcos; pescadores terão programas sociais
Lula dá crédito para ampliar frota pesqueira
EDUARDO SCOLESE
JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA
Mesmo sob críticas, ainda desestruturada e sem um orçamento definido, a Secretaria Especial
da Aquicultura e da Pesca terá hoje Luiz Inácio Lula da Silva como
seu porta-voz.
Lula anunciará um pacote de
programas sociais e de crédito
que, segundo o próprio governo,
justificam a recente criação do órgão e afastam dele o rótulo de
"apêndice" da Agricultura.
As metas da secretaria são audaciosas, se baseadas em um total de
gastos previsto de R$ 12 milhões
para este ano. Para a secretaria, os
objetivos principais vão dos incentivos para a construção de
uma frota nacional até a exploração de águas internacionais.
No campo social, os pescadores
terão, entre outros benefícios, direito a ampliação do seguro-desemprego, que visa auxiliar os trabalhadores nos períodos de proibição da pesca para fins de preservação. Um ano de registro irá garantir o direito ao seguro, em vez
dos três exigidos atualmente.
"Temos uma frota nacional
muito limitada, pequena e desequipada, velha no sentido tecnológico. Para pescar os peixes que
existem na ZEE [Zona Econômica
Exclusiva, entre 12 e 200 milhas
náuticas da costa], é preciso apelar para o arrendamento, que é o
aluguel de barcos de outros países", afirmou o secretário-adjunto da Pesca, Romeu Porto Daros.
Segundo ele, a intenção é construir uma frota nacional por meio
de linhas de crédito vindas do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), com auxílio do FMM (Fundo de Marinha Mercante). Hoje,
das 150 embarcações que operam
na ZEE, cerca de 50 são brasileiras. Além disso, por causa de seus
modelos de fabricação, elas não
conseguem avançar para águas
internacionais que contornam o
Brasil e a Antártida, hoje exploradas por europeus e asiáticos.
Documento a Lula
O Sindicato dos Pescadores do
Estado de São Paulo pretende entregar hoje, em Brasília, ao presidente Lula, documento no qual
critica o secretário José Fritsch
por supostamente priorizar os autônomos e ignorar os empregados das empresas de pesca.
Segundo o presidente do sindicato, Luiz Demétrio de Araújo Filho, Fritsch excluiu o movimento
sindical das discussões de projetos para o setor e direcionou as
propostas da secretaria para as
colônias de pescadores (reúnem
os "artesanais", trabalhadores
sem vínculo empregatício).
O presidente da Federação das
Colônias de Pescadores do Estado
de São Paulo, Tsuneo Okida, diverge do sindicalista e elogia o secretário porque Fritsch "procura
incentivar o cooperativismo".
"Nunca houve uma atenção tão
grande ao setor pesqueiro. Por isso é que estou otimista. Sentimos
que, desta vez, o governo poderá
alavancar o setor, tanto na área industrial como na artesanal."
Informada pela Agência Folha
sobre as críticas do sindicato paulista, a assessoria da Secretaria Especial da Aquicultura e da Pesca
disse: "O ministro tem um cargo
político. Ele foi um dos maiores
incentivadores da aquicultura e
da pesca em Santa Catarina. Ele,
inclusive por ser filho de aquicultores, não assumiu o cargo por
acaso. Ele talvez tenha sido o único candidato a governador a ter
incluído o tema da pesca entre
suas prioridades políticas. Não é
justa a queixa do sindicato, pois é
notório o esforço do ministro
Fritsch para incentivar o diálogo
sobre o tema em todo o país".
Colaborou Fausto Siqueira,
da Agência Folha, em Santos
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