São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 2008

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Empresa de Audi recebeu da VarigLog

Tucson Aviação cobrou R$ 291 mil a título de consultoria, mas é uma empresa de manutenção de aeronaves e hangar

Em relatório encomendado por interventor, situação econômica da companhia aérea de cargas é definida como "um estado de UTI"


ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A VarigLog pagou R$ 291 mil a título de consultoria para uma empresa pertencente a um de seus sócios, o empresário Marco Antônio Audi. Os repasses em benefício próprio, entre outras razões, levaram o juiz José Paulo Magano, da 17ª Vara Cível de SP, a afastar Audi e outros dois sócios brasileiros do comando da companhia.
Os pagamentos constam do "Relatório de Diagnóstico da VarigLog", encomendado pelo interventor da empresa, José Carlos Rocha Lima, nomeado pela Justiça em março e afastado um mês depois. Foram descobertos sete repasses à Tucson Aviação, de propriedade de Audi, todos sem a comprovação por contratos e notas fiscais, de acordo com o documento.
O relatório, incluído no processo cível, afirma que a situação econômica da empresa é grave. "Podemos afirmar que o estado é comparável a um estado de UTI", diz trecho.
O texto diz que em fevereiro o resultado operacional da VarigLog foi negativo em quase R$ 15 milhões. "Os gestores do período anterior à intervenção contrataram helicópteros pagando aluguel de R$ 40 mil por mês e advogados por R$ 400 mil por mês", afirma o relatório. "Nos primeiros meses deste ano foram gastos, antes da nomeação do administrador judicial, mais de R$ 4 milhões com advogados."
Ao comentar os pagamentos feitos à Tucson, os advogados dos sócios brasileiros alegam em um despacho que a empresa tinha uma dívida com o INSS e que, por isso, Audi não conseguia obter uma certidão negativa de débito, necessária para a Anac aprovar o negócio.
Procurado, Audi não quis falar. Seu advogado, Alexandre Thiollier, disse que os pagamentos são legais e estão registrados, mas não soube explicar as razões para os repasses.
Thiollier afirmou também que os pagamentos eram de conhecimento tanto dos sócios brasileiros como do fundo americano Matlin Patterson, representado pelo chinês Lap Wai Chan. Os brasileiros e Chan disputam na Justiça o comando da VarigLog. O fundo nega ter sido avisado e acusa Audi de fazer outras transferências para empresas suas.
A Tucson foi contratada para prestar consultoria, mas é uma empresa de manutenção de aeronaves e hangar. Jefferson Araújo de Almeida, ex-sócio de Audi na Tucson, diz que a empresa não tem autorização para executar esse serviço. "Ele [Audi] prestou um serviço sem fundamento legal." Ele tenta, na Justiça, retornar à sociedade.
Os sócios brasileiros da Va- rigLog, que a compraram em 2006, são acusados por Magano de praticar gestão temerária na companhia. Segundo o juiz, eles aumentaram os próprios salários de R$ 40 mil para R$ 45 mil, adquiriram carros de luxo e deixaram de pagar salários e tributos.
O advogado deles diz que os carros e os aumentos estavam previstos em contrato e que o interventor Rocha Lima foi nomeado com salário de R$ 85 mil. Rocha Lima não foi encontrado para comentar.


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