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BC sinaliza que vai manter alta dos juros
Ata do Copom diz que posição será mantida o tempo que for necessário para assegurar que a inflação fique dentro da meta
Analistas do mercado financeiro criticaram o BC pela ata divulgada ontem; para eles, mensagem está "defasada" e sem novidades
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Copom (Comitê de Política
Monetária, formado pelos diretores do BC) sinalizou que está
disposto a persistir no ciclo de
aumento da taxa básica de juros, a Selic, para manter a inflação sob controle. A mensagem
estava na ata da reunião da semana passada, quando o BC decidiu, por unanimidade, elevar
os juros para 12,25% -alta de
0,5 ponto percentual.
Os analistas do mercado financeiro ouvidos pela Folha
criticaram o BC pela ata divulgada ontem. Eles classificaram
a mensagem como "defasada",
sem novidades e sem explicação sobre a decisão de aumentar os juros em 0,5 ponto e não
em 0,75 ponto, como esperava
uma parte dos analistas.
"O comitê acredita que a
atual postura de política monetária, a ser mantida enquanto
for necessário, irá assegurar a
convergência da inflação para a
trajetória das metas", diz a ata.
Apesar de admitir o aumento
dos preços internacionais das
commodities e dos alimentos
que afetam a inflação, o BC
mostra preocupação com o ritmo de crescimento da economia e a demanda aquecida,
provocados pela expansão do
crédito e a melhora do mercado de trabalho. A ata cita que o
nível de investimento no país
não é suficiente para suprir o
crescimento do consumo.
Em audiência na Câmara,
ontem, o diretor de Normas do
BC, Alexandre Tombini, disse
que a inflação vai ficar dentro
da meta. Gráfico apresentado
por ele indicava aumento do
IPCA de 5,5% neste ano, segundo projeções do mercado
financeiro, um ponto acima do
centro da meta, de 4,5%.
"As perspectivas futuras, de
acordo com o mercado, são de
inflação sob controle e consistente com as metas, apesar dos
choques recentes." Na mesma
audiência, Tombini admitiu
que hoje, no Brasil, "a demanda
corre na frente da oferta".
A ata divulgada ontem diz
que o BC já considerou, ao tomar a decisão de aumentar os
juros, que o governo federal aumentou a meta de superávit
fiscal de 3,8% para 4,3% do
PIB. Momentos antes do início
da reunião do Copom, na semana passada, o presidente do
BC, Henrique Meirelles, esteve
reunido com o presidente Lula
e o ministro Guido Mantega
(Fazenda), favorável à alta do
aperto fiscal para permitir que
o BC não aumente os juros em
maior intensidade.
O economista-chefe da SLW
Asset Management, Carlos
Thadeu de Freitas, disse que a
ata está defasada pois não considera a inflação divulgada anteontem, a maior dos últimos
12 anos. E o crescimento do
PIB, divulgado na terça-feira,
de 5,8%. Ele prevê que as projeções do mercado financeiro para a inflação serão revisados
para cima na próxima semana,
o que deve forçar o BC a aumentar os juros em 0,75 ponto
na reunião de 22 e 23 de julho.
Joel Bogdanski, economista
do Itaú, e Francisco Pessoa, da
LCA Consultores, mantiveram
a previsão de aumento de 0,5
ponto na próxima reunião.
Bogdanski lembra que o BC
prometeu, depois da reunião
de abril, mudar a estratégia de
política monetária se o risco de
inflação aumentasse, o que não
aconteceu. A mesma mensagem aparece na ata de ontem.
"Eles passaram a impressão
de que estão preocupados só
com a inflação de 2009. Parece
que, neste ano, estamos ao sabor dos choques", criticou o
economista do Itaú. A ata diz
ainda que, "em relação a 2009,
a projeção do cenário de referência elevou-se em relação ao
valor previsto na reunião de
abril, enquanto a projeção do
cenário de mercado permaneceu estável"-acima da meta de
4,5% nos dois casos.
Tombini confirmou, na Câmara, que o BC age para controlar a inflação futura e não o
resultado atual do IPCA. "A política monetária busca prevenir
pressões inflacionárias futuras.
A reação (sic) tem que ser preventiva". A ata diz que a pressão de aumento de preços começou no final de 2007. Mas o
BC só começou a agir, aumentando os juros, em abril.
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