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Intervenções são temporárias, diz Summers
Conselheiro afirma que Obama não foi eleito para administrar bancos, seguradoras e montadoras
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
A atuação do governo Barack
Obama sobre bancos e montadoras, como Citigroup e GM, é
temporária, afirmou ontem
Larry Summers, conselheiro
econômico do presidente Barack Obama, em palestra no
Council on Foreign Relations
em Nova York. De acordo com
o economista, o governo pretende fortalecer o mercado, e
não ocupar o seu lugar.
Para Summers, o país já dá sinais de ter superado os piores
momentos da crise. Apesar disso, ele afirma que ainda não é
hora de relaxar no cumprimento das políticas adotadas.
Questionado sobre como evitar que o país saia da recessão e
mergulhe num cenário de déficit insustentável nas transações com países superavitários,
como a China, disse: "Não há
mágica, precisamos poupar".
Dados divulgados ontem reforçam a percepção de que o
pior da crise nos Estados Unidos teria ficado para trás. A
confiança do consumidor alcançou, neste mês, o maior patamar dos últimos nove meses.
Apesar da melhora, o resultado (69 pontos, na leitura preliminar) ainda não retornou ao
patamar de setembro, quando
estava em 70,3 pontos.
Em discurso realizado para
acadêmicos e profissionais de
instituições financeiras, Summers afirmou que o debate sobre o papel do governo no setor
privado, com a participação em
empresas de destaque no país, é
inevitável. De um lado estão os
que afirmam que a interferência do governo é insuficiente, e,
de outro, os que avaliam que ela
é excessiva. Segundo Summers,
a compra de participações acionárias foi determinada pela necessidade -e não pela escolha.
"Barack Obama concorreu à
Presidência para restaurar o
papel da América no mundo,
para reformar o sistema de saúde, alcançar a independência
energética e preparar nossas
crianças para a economia do século 21. Ele não concorreu à
Presidência para administrar
bancos, seguradoras ou montadoras. As ações que tomamos
foram resultado da necessidade, não da escolha", disse.
Summers definiu a intervenção do governo como temporária, baseada em princípios de
mercado e de caráter minimamente invasivo. O discurso de
compromisso com o livre mercado rebateu as críticas quanto
ao caráter do auxílio dado pelo
governo Obama a empresas em
dificuldades financeiras.
Segundo Summers, o governo tem resistido à tentação de
interferir nas políticas do dia a
dia das empresas. Ele citou como exemplo o caso da GM e disse que não cabe ao governo decidir o tipo de veículo que a empresa deverá passar a produzir
para recuperar a rentabilidade.
Apesar disso, espera-se que a
empresa comece a produzir
veículos menores e mais eficientes quanto ao consumo de
combustível.
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