São Paulo, sábado, 13 de junho de 2009

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Intervenções são temporárias, diz Summers

Conselheiro afirma que Obama não foi eleito para administrar bancos, seguradoras e montadoras

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

A atuação do governo Barack Obama sobre bancos e montadoras, como Citigroup e GM, é temporária, afirmou ontem Larry Summers, conselheiro econômico do presidente Barack Obama, em palestra no Council on Foreign Relations em Nova York. De acordo com o economista, o governo pretende fortalecer o mercado, e não ocupar o seu lugar.
Para Summers, o país já dá sinais de ter superado os piores momentos da crise. Apesar disso, ele afirma que ainda não é hora de relaxar no cumprimento das políticas adotadas.
Questionado sobre como evitar que o país saia da recessão e mergulhe num cenário de déficit insustentável nas transações com países superavitários, como a China, disse: "Não há mágica, precisamos poupar".
Dados divulgados ontem reforçam a percepção de que o pior da crise nos Estados Unidos teria ficado para trás. A confiança do consumidor alcançou, neste mês, o maior patamar dos últimos nove meses.
Apesar da melhora, o resultado (69 pontos, na leitura preliminar) ainda não retornou ao patamar de setembro, quando estava em 70,3 pontos.
Em discurso realizado para acadêmicos e profissionais de instituições financeiras, Summers afirmou que o debate sobre o papel do governo no setor privado, com a participação em empresas de destaque no país, é inevitável. De um lado estão os que afirmam que a interferência do governo é insuficiente, e, de outro, os que avaliam que ela é excessiva. Segundo Summers, a compra de participações acionárias foi determinada pela necessidade -e não pela escolha.
"Barack Obama concorreu à Presidência para restaurar o papel da América no mundo, para reformar o sistema de saúde, alcançar a independência energética e preparar nossas crianças para a economia do século 21. Ele não concorreu à Presidência para administrar bancos, seguradoras ou montadoras. As ações que tomamos foram resultado da necessidade, não da escolha", disse.
Summers definiu a intervenção do governo como temporária, baseada em princípios de mercado e de caráter minimamente invasivo. O discurso de compromisso com o livre mercado rebateu as críticas quanto ao caráter do auxílio dado pelo governo Obama a empresas em dificuldades financeiras.
Segundo Summers, o governo tem resistido à tentação de interferir nas políticas do dia a dia das empresas. Ele citou como exemplo o caso da GM e disse que não cabe ao governo decidir o tipo de veículo que a empresa deverá passar a produzir para recuperar a rentabilidade. Apesar disso, espera-se que a empresa comece a produzir veículos menores e mais eficientes quanto ao consumo de combustível.


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