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BRASIL X ARGENTINA
Para Cebri, medida contra importação poderia ser levada à OMC
Crise fragiliza Mercosul, diz analista
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
Anunciadas como formas de
proteção contra o avanço de eletrodomésticos no mercado argentino, as medidas de restrição à
importação de produtos brasileiros são ilegais.
Para Mário Antônio Marconini,
do Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais), a atitude
argentina poderia ser levada a órgãos de arbitragem no Mercosul
ou à OMC (Organização Mundial
do Comércio). Leia entrevista.
Folha - As medidas anunciadas
pela Argentina têm respaldo legal
no Mercosul?
Mário Antônio Marconini - Elas
são absolutamente ilegais. Não
têm nenhuma base jurídica. Em
primeiro lugar, não há um mecanismo de salvaguardas no Mercosul. Para criar medidas de salvaguarda, a Argentina até poderia
usar o mecanismo da OMC, mas
teria de provar que o aumento das
exportações de eletrodomésticos
brasileiros para o país está, de fato, prejudicando a indústria local.
Folha - Qual o principal problema
do bloco hoje?
Marconini - Falta embasamento
institucional. Esse "bate-boca"
que vimos em nível presidencial e
ministerial mostra que não temos
ainda políticas comuns para evitar as assimetrias, principalmente
econômicas, que existem entre
Brasil e Argentina. Não há integração microeconômica e microrregulatória. E a maior parte
das medidas acordadas no bloco
não é implementada.
Folha - O bloco sofre com uma crise de credibilidade?
Marconini - Sim. O Mercosul
precisa de um choque de credibilidade. Precisa-se de uma agenda
interna mais enxuta. Os presidentes não podem ser bombeiros, e o
Mercosul não deveria estar pegando fogo a toda hora. Isso emite
sinais ruins para o exterior.
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