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RETOMADA
Segundo o presidente, indicadores positivos devem ser recebidos com "cautela" e país deve rejeitar surtos de crescimento
Lula abandona retórica do "espetáculo"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva afirmou no seu programa
quinzenal de rádio, "Café com o
Presidente", transmitido ontem,
que recebe com "otimismo e ao
mesmo tempo com cautela" as
notícias de que a produção industrial no país bateu recorde.
"Queremos que o modelo de
crescimento da economia brasileira tenha um crescimento sustentável, que se dê durante vários
anos seguidos. Nós não queremos
aquele crescimento que cresce um
ano e no ano seguinte não cresce
mais. Por isso é que nós temos
cautela", disse Lula.
O tom do presidente consolida
o abandono definitivo da retórica
do ""espetáculo do crescimento"
anunciado por ele próprio em junho de 2003. O ano passou, o PIB
(Produto Interno Bruto) de 2003
ficou negativo e todas as autoridades da área econômica adotaram
um tom mais cauteloso, próximo
à linha do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda). Para o ministro, é preciso investir na recuperação dos fundamentos da economia que possibilitem que o
crescimento seja sustentável.
Lula ecoou esse discurso em algumas ocasiões anteriores, como
na abertura do Fórum Nacional,
em maio. Ontem, sacramentou a
mudança retórica.
"Estou otimista, mas consciente
que temos que trabalhar muito
mais para que a economia cresça
de verdade, de forma sustentada e
duradoura. Esse é o nosso objetivo e vamos fazer isso. Temos apenas que ter consciência que estamos no caminho certo", afirmou.
Segundo Lula, os indicadores da
retomada do crescimento econômico, como o recorde da produção industrial, representam a colheita do que o governo plantou
em 18 meses do seu mandato.
Nesse período, afirmou, seu governo trabalhou de forma "muito
dura para arrumar a casa".
"O Brasil nunca teve tanto crédito disponível como tem hoje
para a agricultura, para a agricultura familiar e para as pessoas físicas. Um trabalhador pode tomar
dinheiro emprestado e depois ser
descontado na sua folha de pagamento. [Por isso] Os bancos têm
emprestado dinheiro a juros mais
baratos", afirmou.
Lula disse também que o
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) tem "muito dinheiro para investimento, para empresas que
têm projetos para fazer a economia brasileira crescer, para gerar
empregos, para distribuir renda".
Quanto à oferta de emprego, o
presidente afirmou que, com o
reaquecimento da produção,
num primeiro momento, as empresas preferem pagar hora extra,
até ter certeza de que o crescimento é "para valer".
"O emprego formal está crescendo não tanto quanto nós queríamos, mas é o maior crescimento desde 1992. A capacidade ociosa da empresa está sendo ocupada, não, ainda, do jeito que nós
queríamos, mas já é a maior ocupação desde 1992. Estamos fazendo as coisas com a tranqüilidade
com que precisam ser feitas."
Segundo Lula, os empresários
estão acreditando no Brasil, na
política que o governo coloca em
prática, e já começam a contratar
novos trabalhadores com carteira
profissional assinada.
O presidente disse ser importante lembrar que o crescimento
do país ocorre desde setembro de
2003. "Ele vem crescendo mês a
mês, um pouquinho em cada
mês, mas de forma sustentável."
Lula afirmou que está cumprindo parte do seu sonho e previu
que em dezembro o governo federal levará o programa de transferência de renda Bolsa-Família para 6,5 milhões de famílias.
(WILSON SILVEIRA)
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