São Paulo, terça-feira, 13 de julho de 2004

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Analistas começam a revisar PIB para cima

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Economistas se preparam para uma nova rodada de revisão, desta vez para cima, das estimativas do PIB (Produto Interno Bruto) de 2004. Com a divulgação de dados recentes, que indicam recuperação forte da atividade, a tendência é que as estimativas convirjam para 4% ou até mais.
"Estamos trabalhando em uma revisão da estimativa do PIB para cima. Estávamos com 3,7% e acho que devemos mudar para algo próximo a 4%", afirma Alexandre Bassoli, economista-chefe do HSBC.
Para Bassoli, o bom desempenho da produção industrial, que cresceu 7,8% em maio passado em relação ao mesmo período de 2003, tem sido o motor mais importante da recente recuperação e a principal razão das revisões dos números do PIB. Bassoli está mudando sua projeção de crescimento da produção industrial de 6% para 7% em 2004.
Por outro lado, a agricultura, segundo analistas, pode puxar as estimativas do desempenho da economia um pouco para baixo.
"Nós já estávamos com uma projeção de 4% para o PIB neste ano. Agora, vamos revisar os dados da indústria de transformação para cima e os do setor agropecuário para baixo. Mas deveremos continuar com os 4% ou até mais", afirma Juan Jensen, economista da consultoria Tendências.
Já para Tomás Málaga, economista-chefe do Itaú, as "notícias ruins" em relação à agricultura, com algumas quebras de safra, estão contrabalançando negativamente a recuperação industrial. Por isso, o economista não vai revisar, por enquanto, sua previsão de 3,7% de crescimento da economia em 2004.
Segundo Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management, se a economia tiver crescido 1% no segundo trimestre de 2004 em relação aos primeiros três meses deste ano, isso já será suficiente para garantir uma expansão de 3,5% neste ano em razão do crescimento inercial herdado de 2003, que os economistas chamam de "carry over".
"Vou esperar os dados do PIB do segundo trimestre para poder rever minha projeção do ano, que está entre 3,5% e 4%. Mas, certamente, deve subir para algo entre 4% e 4,5%", afirma Maia.
O economista lembra, no entanto, que, mesmo que cresça 4,5% neste ano, o Brasil ainda deverá ficar atrás da economia mundial, que deverá se expandir em 5%, segundo estimativas. Desde 1996, a economia brasileira vem exibindo crescimento inferior à média dos demais países.
Segundo economistas, apesar da forte recuperação recente, há -conforme afirmou o presidente Lula- um limite agora para a expansão da economia que, se atingido, poderá levar a pressões inflacionárias. Faltam novos investimentos que levem à expansão da capacidade de produção.
Enquanto isso não ocorre, esse risco explica, em parte, o fato de que o Banco Central deverá manter a taxa de juros de 16% inalterada pelos próximos meses, na opinião de analistas.


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