São Paulo, terça-feira, 13 de julho de 2004

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PR faz campanha contra o produto

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

Depois de proibir a exportação de soja transgênica pelo porto de Paranaguá, o governo do Paraná lançou campanha publicitária em que ataca a multinacional Monsanto. Na campanha, o governo Roberto Requião (PMDB) informa que os produtores paranaenses economizaram US$ 60 milhões ao deixar de plantar a soja modificada pela multinacional.
Outdoors espalhados por 200 dos 399 municípios paranaenses anunciam que esse é o valor que o Brasil deixou de pagar à Monsanto em royalties com a decisão do governo paranaense de proibir a exportação de transgênicos pelo porto paranaense.
Ontem, o assessor de imprensa de Roberto Requião, Benedito Pires, e o secretário de Comunicação Social do Paraná, Airton Pissetti, negaram que a campanha publicitária seja uma "provocação" à multinacional, com quem o governador paranaense trava uma batalha pessoal.
"O paranaense, depois de toda a polêmica da proibição do plantio, comercialização, transporte e exportação de transgênicos pelo Paraná, precisa ser informado das razões pelas quais o governo Requião tomou a medida. A campanha é de informação, não de provocação", disse Pires.
Airton Pissetti lembrou que o Rio Grande do Sul vai ter que pagar royalties à multinacional, e que o Paraná mostra que não exportar soja transgênica é uma forma de poupar divisas para o país.

Área experimental
A disputa entre Requião e a Monsanto não se restringe à proibição do plantio da soja modificada no Estado. Há um ano, a Monsanto teve sua unidade experimental de Ponta Grossa (PR) invadida pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). A área foi transformada em unidade de pesquisa agroecológica com o apoio de Requião.
Em nota oficial ontem, o diretor de Comunicação da Monsanto, Lúcio Mocsányi, preferiu não polemizar. Na nota, ele afirma que "os benefícios econômicos e de utilização da soja RR (resistente ao roundup, um herbicida) já foram atestados por milhões de agricultores no Brasil e de outros países que optaram por utilizar essa tecnologia legalmente há vários anos".
Mocsányi continua: "Acreditamos que existe mercado para todos os tipos de soja -transgênica ou não- e que os produtores devem ter a liberdade de escolher aquela que preferir e que seja melhor para seu manejo e para o ambiente".
Embora o governo anuncie que economizou US$ 60 milhões, a decisão de não exportar soja transgênica provocou a perda da liderança, pela primeira vez, do porto de Paranaguá na exportação de soja em grão para o porto de Santos (SP).
Nos cinco primeiros meses do ano, o porto paulista exportou 3,52 milhões de toneladas de soja em grão, contra 2,93 milhões do porto paranaense.
Até o final de junho, Paranaguá mostrava uma redução de 15% nas exportações de soja em grão em relação aos primeiros seis meses do ano passado.
No complexo soja (grão, farelo e óleo), no entanto, o porto paranaense continua líder nacional, com um total de 6,81 milhões de toneladas em exportações até junho, contra 7,5 milhões de toneladas no mesmo período do ano passado.


Colaborou Fausto Siqueira, da Agência Folha, em Santos

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