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NEGOCIAÇÕES
Grupo reúne nações em desenvolvimento
Países ricos avaliam proposta de redução de protecionismo do G20
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A fórmula de redução do protecionismo agrícola apresentada
ontem pelo G20 no encontro de
ministros da OMC (Organização
Mundial do Comércio) foi bem
recebida pelos países ricos, que
estão discutindo o assunto em
Dalian, na China.
Essa boa recepção da proposta
do G20, uma das apresentadas
ontem, deve favorecer a posição
defendida pelo Brasil, um dos países que lideram o grupo. A reunião termina amanhã, e só uma
das propostas deverá prevalecer.
O G20 é o grupo composto pelos países em desenvolvimento
que são produtores e exportadores agrícolas e tentam convencer
EUA, Europa e Japão, os países ricos que mais protegem seu mercado agrícola e mais subsidiam a
produção e exportação desses
produtos, a abrir seus mercados.
Ontem, ministros da Agricultura e das Relações Exteriores dos 31
países mais interessados nessas
mudanças se reuniram para discutir de que forma serão feitos os
próximos cortes nas tarifas agrícolas, conforme previsto na Rodada Doha -que ganhou esse
nome porque foi lançada nessa cidade, capital do Qatar, em novembro de 2001.
O prazo para que os 148 países
que integram a OMC definam como será feita a redução da proteção e dos subsídios agrícolas termina no final deste mês.
Entre as três principais propostas de redução de tarifas apresentadas ontem, a do G20 foi a que recebeu mais apoio -inclusive entre os países ricos. As outras propostas são de União Européia e
Estados Unidos.
"É a fórmula que fornece a base
sobre a qual podemos chegar a
um meio-termo. Estou encorajado por essa atitude", disse aos jornalistas o representante de Comércio dos Estados Unidos, Rob
Portman, segundo a agência de
notícias Reuters.
Para o subsecretário de Assuntos Econômicos do Itamaraty,
embaixador Clodoaldo Hugueney, os EUA querem promover
um corte nas tarifas mais altas. O
problema é que nem sempre a tarifa que os países registraram na
OMC ao fim da última rodada de
negociações, em 1995, conhecida
como Rodada Uruguai, é a efetivamente aplicada.
"É o que se chama de cortar
água, porque esse tipo de corte
abarca poucos produtos", disse o
embaixador à Folha, antes de viajar para a China. Exemplo: a tarifa
máxima registrada pelo Brasil na
OMC é de 35%, mas a média de
tarifas efetivamente aplicadas pelo Brasil é de 13%.
A proposta européia também
incluiria cortes em poucos produtos. A União Européia sugeriu
que fosse calculada a média tarifária de cada país e os cortes fossem
feitos a partir das tarifas mais altas
até o limite da média, para todos
os produtos.
O problema é que a UE tem produtos, classificados como sensíveis, com tarifas altíssimas. É o caso de carnes, cujas tarifas chegam
a 255%. Como há produtos com
tarifas baixas, os picos tarifários
puxariam a média para cima.
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