São Paulo, quarta-feira, 13 de julho de 2005

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NEGOCIAÇÕES

Grupo reúne nações em desenvolvimento

Países ricos avaliam proposta de redução de protecionismo do G20

CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A fórmula de redução do protecionismo agrícola apresentada ontem pelo G20 no encontro de ministros da OMC (Organização Mundial do Comércio) foi bem recebida pelos países ricos, que estão discutindo o assunto em Dalian, na China.
Essa boa recepção da proposta do G20, uma das apresentadas ontem, deve favorecer a posição defendida pelo Brasil, um dos países que lideram o grupo. A reunião termina amanhã, e só uma das propostas deverá prevalecer.
O G20 é o grupo composto pelos países em desenvolvimento que são produtores e exportadores agrícolas e tentam convencer EUA, Europa e Japão, os países ricos que mais protegem seu mercado agrícola e mais subsidiam a produção e exportação desses produtos, a abrir seus mercados.
Ontem, ministros da Agricultura e das Relações Exteriores dos 31 países mais interessados nessas mudanças se reuniram para discutir de que forma serão feitos os próximos cortes nas tarifas agrícolas, conforme previsto na Rodada Doha -que ganhou esse nome porque foi lançada nessa cidade, capital do Qatar, em novembro de 2001.
O prazo para que os 148 países que integram a OMC definam como será feita a redução da proteção e dos subsídios agrícolas termina no final deste mês.
Entre as três principais propostas de redução de tarifas apresentadas ontem, a do G20 foi a que recebeu mais apoio -inclusive entre os países ricos. As outras propostas são de União Européia e Estados Unidos.
"É a fórmula que fornece a base sobre a qual podemos chegar a um meio-termo. Estou encorajado por essa atitude", disse aos jornalistas o representante de Comércio dos Estados Unidos, Rob Portman, segundo a agência de notícias Reuters.
Para o subsecretário de Assuntos Econômicos do Itamaraty, embaixador Clodoaldo Hugueney, os EUA querem promover um corte nas tarifas mais altas. O problema é que nem sempre a tarifa que os países registraram na OMC ao fim da última rodada de negociações, em 1995, conhecida como Rodada Uruguai, é a efetivamente aplicada.
"É o que se chama de cortar água, porque esse tipo de corte abarca poucos produtos", disse o embaixador à Folha, antes de viajar para a China. Exemplo: a tarifa máxima registrada pelo Brasil na OMC é de 35%, mas a média de tarifas efetivamente aplicadas pelo Brasil é de 13%.
A proposta européia também incluiria cortes em poucos produtos. A União Européia sugeriu que fosse calculada a média tarifária de cada país e os cortes fossem feitos a partir das tarifas mais altas até o limite da média, para todos os produtos.
O problema é que a UE tem produtos, classificados como sensíveis, com tarifas altíssimas. É o caso de carnes, cujas tarifas chegam a 255%. Como há produtos com tarifas baixas, os picos tarifários puxariam a média para cima.


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