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TECNOLOGIA
Analistas afirmam que produto passa por maturação natural, mas outros vêem necessidade de reformulação
Mercado vê desaceleração no ritmo do iPod
SCOTT MORRISON
DO "FINANCIAL TIMES"
Por quanto tempo o iPod continuará tocando naquele ritmo acelerado? Essa é a pergunta que investidores e analistas estão se fazendo enquanto a Apple se prepara para divulgar seus resultados
do terceiro trimestre fiscal.
O crescimento de três dígitos
das vendas do famoso tocador de
música digital da Apple fez as
ações da companhia dispararem
mais de 200% em 2004. Mas a Apple perturbou o mercado três meses atrás com uma perspectiva
não muito otimista.
Agora, com o preço da ação cerca de 16% abaixo de seu pico neste
ano, Wall Street está procurando
na Apple sinais de que a demanda
pelo iPod vai se recuperar com a
volta às aulas e as compras de fim
de ano.
Diversos indicadores sugerem
que o mercado de tocadores de
música digitais está esfriando. A
Creative Technology, empresa de
Cingapura concorrente da Apple,
recentemente advertiu sobre uma
demanda abaixo da expectativa.
A Apple reduziu há pouco tempo os preços de dois modelos de
tocadores de música, incluindo o
iPod. Alguns observadores acreditaram que os cortes de preços
indicavam uma desaceleração da
demanda.
Mais revelador, talvez, é o fato
de que os consumidores realmente encontram iPods estocados nas
lojas da Apple -uma grande diferença em relação às filas que os
clientes enfrentavam alguns meses atrás. A Apple também promete remessa no mesmo dia para
os iPods comprados pela internet.
"Parece que houve uma desaceleração neste trimestre. Há mais
produtos disponíveis no canal",
diz Shyam Nagrani, analista de
produtos eletrônicos de consumo
na firma de pesquisa iSuppli.
Por outro lado, os otimistas afirmam que o mercado de tocadores
de música digitais como um todo
ainda está crescendo e os consumidores voltarão a procurar o
iPod no segundo semestre.
No trimestre que acaba de terminar, a maioria dos analistas estima que a Apple terá vendido entre 5,4 milhões e 5,5 milhões de
unidades. Isso seria um enorme
crescimento em relação às 860 mil
unidades vendidas no mesmo período do ano passado, mas apenas um ligeiro ganho sobre as 5,3
milhões de unidades vendidas no
segundo trimestre.
A Apple deverá divulgar lucros
de US$ 0,31 por ação sobre um faturamento de US$ 3,33 bilhões,
segundo a Thomson First Call. Isso é comparável aos US$ 0,09 por
ação sobre as vendas de US$ 2 bilhões no mesmo período de 2004.
Enquanto alguns investidores
continuam em dúvida, Gene
Munster, analista da Piper Jaffray,
acredita que as vendas do iPod
voltarão a decolar, atingindo um
total de 35 milhões de unidades
até o final do ano, mais que o dobro da marca acumulada no final
do último trimestre.
"Não acho que elas já atingiram
o pico. Acho que estamos vendo
fatores sazonais, e não a decadência dessa categoria de produto",
diz Timothy Deal, analista da
Technology Business Research.
Os analistas também afirmam
que o entusiasmo que cerca o
iPod continuará atraindo consumidores para os computadores
da empresa.
Mas Barry Jaruzelski, analista
da Booz Allen Hamilton, disse
que é difícil imaginar que as vendas do iPod não diminuam depois do crescimento que tiveram
no ano passado. "Ele vai percorrer seu trajeto como qualquer outro produto de sucesso. Enquanto
o iPod passa por sua curva de maturação natural, a pergunta é: como a Apple vai preencher a lacuna?", ele disse.
Alguns analistas sugerem que a
Apple deveria lançar um iPod
Shuffle com tela. Outros afirmam
que a empresa deveria lançar um
iPod com novas capacidades e
funções, como computador de
mão, rádio por satélite, e-mail
sem fio e telefone.
Essa medida pode parecer contra-intuitiva para a Apple, que
tem uma reputação por fazer produtos de design simples e fáceis de
usar. Mas, com suas ações ainda
muito valorizadas, a Apple precisa encontrar uma maneira de fazer a música continuar tocando.
Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves
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