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Sem gás, Kirchner lança "Energia Total"
Programa de emergência de 90 dias prevê a substituição, nas indústrias, do uso do gás por combustíveis líquidos ao mesmo preço
Pelo menos 4.000 fábricas do país foram prejudicadas pela falta de gás e pelo racionamento de energia, que começou em maio
Leonardo Zavattaro/Télam/jc.
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Motoristas empurram táxi para poder abastecer em posto de combustível de Buenos Aires
RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES
Após uma reunião do presidente Néstor Kirchner com
executivos das petroleiras YPF,
Esso e Petrobras, o governo argentino anunciou um programa de substituição de gás por
combustíveis líquidos para a
indústria, em mais uma medida
para combater a crise energética vivida pelo país.
O programa "Energia Total",
anunciado pelo ministro do
Planejamento, Julio de Vido,
prevê que as petroleiras forneçam às indústrias combustíveis
líquidos (gasolina e diesel) para
suas máquinas pelo mesmo
preço que cobrariam pelo gás
natural. A duração inicial do
plano é de 90 dias.
Com isso, afirmou De Vido, o
governo espera que seja gerada
uma economia diária de 5,8 milhões de metros cúbicos de gás
(mais do que os 4,6 milhões que
o país importa hoje da Bolívia),
que seriam redeslocados para a
produção de eletricidade e o
consumo residencial. A indústria responde por 35% do consumo de gás em períodos normais, contra 20% das casas e
30% das centrais elétricas.
Sacrifício
O programa é uma tentativa
de resolver os problemas da indústria, maior afetada pela crise energética que começou no
fim de maio. Pelo menos 4.000
fábricas do país foram prejudicadas pela falta de gás e pelo racionamento de eletricidade
-durante oito horas por dia,
são obrigadas a reduzir seu
consumo aos níveis de 2005,
com o que o governo calcula
economizar 1.200 MWh, que
impedem o sistema elétrico de
entrar no comércio.
A cota de sacrifício da indústria ficou clara com a divulgação dos números do consumo
elétrico em junho. Em relação
ao mesmo mês do ano passado,
aumentou 7,3% o consumo de
eletricidade. O aumento aconteceu em todas as categorias tarifárias, menos a dos grandes
usuários (na qual houve um recuo de 9,9%).
Analistas temem que a restrição energética ao setor industrial leve a uma desaceleração
do crescimento da economia do
país, que vem se mantendo acima dos 8% nos últimos anos.
Apesar dos alertas, o governo
não abre mão de dar prioridade
absoluta aos consumidores domésticos, por medo dos efeitos
eleitorais que teria um racionamento de energia para os cidadãos. A falta de incentivos à
economia pelas casas teve como resultado um aumento de
17,4% no consumo de eletricidade por usuários residenciais
entre maio e junho.
Táxis
A medida de oferecer combustível líquido a preço de gás
para as indústrias é uma repetição do que já acontece desde
terça-feira nos postos de combustível do país, onde taxistas
podem abastecer seus carros
com gasolina ao mesmo preço
que pagariam pelo GNV (gás
natural veicular), que é 50%
mais barato.
Ontem pela manhã, alguns
postos voltaram a vender GNV.
Outros mantiveram a promoção da gasolina, que a YPF e a
Petrobras anunciaram que estenderão para todo o país, medida que vinha sendo reclamada por taxistas do interior.
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