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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br
Múltis se interessam pelo país no longo prazo, diz economista
Na fadiga da crise, o sistema bancário mundial já não ameaça como antes, as medidas de
estímulo fiscal e monetário
adotadas mundo afora já começam a melhorar a confiança de
empresários e consumidores e,
nesses cenário, o Brasil avança
e ganha "market share" nos fluxos globais de investimento e
financiamento.
A análise é do diretor de pesquisas e estudos econômicos do
Bradesco, Octavio de Barros,
para quem está em curso um
reposicionamento estratégico
de multinacionais em relação
ao Brasil.
"Olhando para a frente", elas
creem que a ociosidade da economia brasileira se aplacará de
forma mais rápida do que no
resto do mundo.
O economista relata que
nunca havia recebido tantas
consultas de grandes empresas
estrangeiras solicitando cenários com horizonte de dez anos
ou mais para a economia brasileira. Isso reflete o fato de que
"as mais importantes empresas
do mundo passam a ver o Brasil
como uma economia com perspectivas inéditas e já fazem planos de longo prazo", afirma.
Dentre os fatores que alteraram de forma exemplar a maneira como os agentes econômicos avaliam o país, um dos
mais importantes foi a mudança estrutural que ocorreu no
balanço de pagamentos, mais
precisamente com a "desimportância crescente do endividamento externo brasileiro".
"Desta vez, enganam-se os
que acham que estamos falando de arbitragem de juros. Mesmo com juros em queda e acumulando reservas, a taxa de
câmbio apreciada revela um
país que mudou de estatuto no
concerto das nações", afirma.
Para Barros, o sistema financeiro global já respira melhor e
o atual momento é de ajuste
-este será longo, mas não impedirá uma lenta e consistente
recuperação global. No mundo
pós-crise, a rentabilidade média dos negócios em geral deve
baixar de patamar e haverá
uma menor abundância de recursos e de crédito, prevê.
NO PALCO
O ator palestrante Raul de Orofino, que vive em Portugal,
onde apresenta peças de teatro para motivação de funcionários em empresas, desembarcou no Brasil neste mês. Orofino está agora em negociação com clientes no país. Acostumado a apresentar seu trabalho para auxiliar programas de
treinamento de equipes e congressos, o ator palestrante afirma que a crise alterou a demanda por seus serviços. Aumentou a procura por suas apresentações para estimular áreas
de vendas e apoiar processos de fusões. "Nas fusões, as empresas precisam ensinar seus funcionários a lidar com as diferenças entre as duas equipes. Alguns profissionais sentem
dificuldade em aceitar as mudanças."
DESEMBARQUE
Uma comitiva com cerca
de cem empresários turcos
liderada pelo ministro do
Comércio Exterior do país,
Zafer Çaglayan, desembarca
no Brasil nesta semana. O
objetivo da visita é avançar
nas negociações por um
acordo de livre comércio entre os países. Desde novembro de 2008, a Turquia vem
negociando com os países do
Mercosul.
INTERCÂMBIO
Em 2002, as exportações
turcas para o Brasil somavam US$ 49 milhões. O valor
subiu para US$ 318 milhões
em 2008. As importações registraram alta de US$ 236
milhões em 2002 para US$
1,42 bilhão no ano passado.
Entre os setores que mais
movimentam o intercâmbio
comercial, estão infraestrutura, petróleo, aviação e alimentos.
CADEIRA
Eduardo Giestas é o novo
presidente da Sauipe S.A.. O
executivo ocupou posições
como diretor de operações
regionais da Claro, presidente da Equifax do Brasil e vice
de marketing e vendas da Time For Fun.
TAREFA
Giestas substitui Alexandre Zubaran. Sua tarefa será
apresentar à Previ, dona do
empreendimento, um novo
plano estratégico para o
complexo hoteleiro. A Previ
ainda pensa em vender Sauipe, mas antes estudará alternativas de reestruturação.
PRODUÇÃO
Em 2008 o Brasil ficou em
terceiro no ranking dos países que mais produzem relatórios de sustentabilidade,
segundo a ONG GRI (Global
Reporting Initiative).
TRAVESSIA
A marca de pilhas Duracell fez parceria com a administradora de empresas Luciana Mesquita, que no final deste
mês pretende fazer a travessia do canal da Mancha, que
conecta França e Reino Unido. A estimativa é de 12 horas
de duração. Aluna de Gustavo Borges, Mesquita treina
quatro horas diariamente para enfrentar a travessia. Nos
finais de semana, nada no Guarujá ou na represa de Guarapiranga. Em junho, foi a Mar Del Plata, na Argentina.
Americana traz ao Brasil energia "inteligente"
Concessionárias elétricas já se preparam para a evolução da rede por onde hoje
passa a energia antes de chegar às residências e empresas. Em três anos, esperam
trocar seus atuais medidores
por outros "inteligentes".
Quando isso ocorrer, será
possível monitorar gastos de
clientes à distância. Até o
consumo de cada eletrodoméstico dentro das casas poderá ser controlado. O atendimento também vai mudar.
Ao ligar à central, o atendente poderá oferecer tarifas
diferenciadas, caso o consumo ocorra em horas fora do
pico. Se algum equipamento
estiver com defeito, gastando mais que o devido, o atendente poderá recomendar o
conserto. Tudo para estimular o uso eficiente da energia.
Isso será possível porque
todos os cabos serão dotados
de sensores por onde vão trafegar dados na rede semelhante à internet. É o que
afirma John O'Farrell, presidente da Silver Spring Networks, uma empresa americana que implantou o sistema em algumas localidades
dos EUA. O'Farrell esteve no
Brasil. Em parceria com uma
brasileira, a Spring está prestes a fechar negócio com
quatro concessionárias nacionais.
"Hoje pelo menos 12 companhias brasileiras de energia estão aptas para essa evolução." Para ele, o sistema no
Brasil permitirá evitar perdas de receita de R$ 7,5 bilhões, só com o fim dos famosos "gatos". "O sistema detecta mudanças repentinas
de comportamento de consumo." Em consumo, esse
valor representa 10% da
energia gerada no país.
Para avançar, o sistema depende de regulamentação,
mas o processo está adiantado na Aneel. A expectativa é
que ela saia até o final do ano.
Já existem projetos- piloto.
Fabricantes de eletrodomésticos estão engajados e
projetam aparelhos com
chips. Detalhe: eles poderão
ficar conectados à internet.
Quem esquecer de apagar a
luz antes de sair de casa poderá fazer isso via celular.
com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
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