São Paulo, segunda-feira, 13 de julho de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Múltis se interessam pelo país no longo prazo, diz economista

Na fadiga da crise, o sistema bancário mundial já não ameaça como antes, as medidas de estímulo fiscal e monetário adotadas mundo afora já começam a melhorar a confiança de empresários e consumidores e, nesses cenário, o Brasil avança e ganha "market share" nos fluxos globais de investimento e financiamento.
A análise é do diretor de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco, Octavio de Barros, para quem está em curso um reposicionamento estratégico de multinacionais em relação ao Brasil.
"Olhando para a frente", elas creem que a ociosidade da economia brasileira se aplacará de forma mais rápida do que no resto do mundo.
O economista relata que nunca havia recebido tantas consultas de grandes empresas estrangeiras solicitando cenários com horizonte de dez anos ou mais para a economia brasileira. Isso reflete o fato de que "as mais importantes empresas do mundo passam a ver o Brasil como uma economia com perspectivas inéditas e já fazem planos de longo prazo", afirma.
Dentre os fatores que alteraram de forma exemplar a maneira como os agentes econômicos avaliam o país, um dos mais importantes foi a mudança estrutural que ocorreu no balanço de pagamentos, mais precisamente com a "desimportância crescente do endividamento externo brasileiro".
"Desta vez, enganam-se os que acham que estamos falando de arbitragem de juros. Mesmo com juros em queda e acumulando reservas, a taxa de câmbio apreciada revela um país que mudou de estatuto no concerto das nações", afirma.
Para Barros, o sistema financeiro global já respira melhor e o atual momento é de ajuste -este será longo, mas não impedirá uma lenta e consistente recuperação global. No mundo pós-crise, a rentabilidade média dos negócios em geral deve baixar de patamar e haverá uma menor abundância de recursos e de crédito, prevê.

NO PALCO

O ator palestrante Raul de Orofino, que vive em Portugal, onde apresenta peças de teatro para motivação de funcionários em empresas, desembarcou no Brasil neste mês. Orofino está agora em negociação com clientes no país. Acostumado a apresentar seu trabalho para auxiliar programas de treinamento de equipes e congressos, o ator palestrante afirma que a crise alterou a demanda por seus serviços. Aumentou a procura por suas apresentações para estimular áreas de vendas e apoiar processos de fusões. "Nas fusões, as empresas precisam ensinar seus funcionários a lidar com as diferenças entre as duas equipes. Alguns profissionais sentem dificuldade em aceitar as mudanças."

DESEMBARQUE
Uma comitiva com cerca de cem empresários turcos liderada pelo ministro do Comércio Exterior do país, Zafer Çaglayan, desembarca no Brasil nesta semana. O objetivo da visita é avançar nas negociações por um acordo de livre comércio entre os países. Desde novembro de 2008, a Turquia vem negociando com os países do Mercosul.

INTERCÂMBIO
Em 2002, as exportações turcas para o Brasil somavam US$ 49 milhões. O valor subiu para US$ 318 milhões em 2008. As importações registraram alta de US$ 236 milhões em 2002 para US$ 1,42 bilhão no ano passado. Entre os setores que mais movimentam o intercâmbio comercial, estão infraestrutura, petróleo, aviação e alimentos.

CADEIRA
Eduardo Giestas é o novo presidente da Sauipe S.A.. O executivo ocupou posições como diretor de operações regionais da Claro, presidente da Equifax do Brasil e vice de marketing e vendas da Time For Fun.

TAREFA
Giestas substitui Alexandre Zubaran. Sua tarefa será apresentar à Previ, dona do empreendimento, um novo plano estratégico para o complexo hoteleiro. A Previ ainda pensa em vender Sauipe, mas antes estudará alternativas de reestruturação.

PRODUÇÃO
Em 2008 o Brasil ficou em terceiro no ranking dos países que mais produzem relatórios de sustentabilidade, segundo a ONG GRI (Global Reporting Initiative).

TRAVESSIA

A marca de pilhas Duracell fez parceria com a administradora de empresas Luciana Mesquita, que no final deste mês pretende fazer a travessia do canal da Mancha, que conecta França e Reino Unido. A estimativa é de 12 horas de duração. Aluna de Gustavo Borges, Mesquita treina quatro horas diariamente para enfrentar a travessia. Nos finais de semana, nada no Guarujá ou na represa de Guarapiranga. Em junho, foi a Mar Del Plata, na Argentina.

Americana traz ao Brasil energia "inteligente"

Concessionárias elétricas já se preparam para a evolução da rede por onde hoje passa a energia antes de chegar às residências e empresas. Em três anos, esperam trocar seus atuais medidores por outros "inteligentes".
Quando isso ocorrer, será possível monitorar gastos de clientes à distância. Até o consumo de cada eletrodoméstico dentro das casas poderá ser controlado. O atendimento também vai mudar.
Ao ligar à central, o atendente poderá oferecer tarifas diferenciadas, caso o consumo ocorra em horas fora do pico. Se algum equipamento estiver com defeito, gastando mais que o devido, o atendente poderá recomendar o conserto. Tudo para estimular o uso eficiente da energia.
Isso será possível porque todos os cabos serão dotados de sensores por onde vão trafegar dados na rede semelhante à internet. É o que afirma John O'Farrell, presidente da Silver Spring Networks, uma empresa americana que implantou o sistema em algumas localidades dos EUA. O'Farrell esteve no Brasil. Em parceria com uma brasileira, a Spring está prestes a fechar negócio com quatro concessionárias nacionais.
"Hoje pelo menos 12 companhias brasileiras de energia estão aptas para essa evolução." Para ele, o sistema no Brasil permitirá evitar perdas de receita de R$ 7,5 bilhões, só com o fim dos famosos "gatos". "O sistema detecta mudanças repentinas de comportamento de consumo." Em consumo, esse valor representa 10% da energia gerada no país.
Para avançar, o sistema depende de regulamentação, mas o processo está adiantado na Aneel. A expectativa é que ela saia até o final do ano. Já existem projetos- piloto.
Fabricantes de eletrodomésticos estão engajados e projetam aparelhos com chips. Detalhe: eles poderão ficar conectados à internet. Quem esquecer de apagar a luz antes de sair de casa poderá fazer isso via celular.


com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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