São Paulo, segunda-feira, 13 de agosto de 2007

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Petrobras será minoritária em petroquímica

Empresa que será criada para integrar os ativos de produção do setor no Sudeste será controlada pelo grupo privado Unipar

Anúncio, feito ontem, afasta temor de reestatização do setor, que surgiu depois da compra da Suzano pela Petrobras, no início do mês

Renato Stockler - 04.abr.07/Folha Imagem
Funcionários em refinaria da Petrobras em Mauá (SP); estatal pagou R$ 2,7 bilhões pela Suzano


DA SUCURSAL DO RIO

A estatal Petrobras e a Unipar pretendem se unir para criar a CPS (Companhia Petroquímica do Sudeste), que terá o grupo privado como acionista majoritário. As duas empresas divulgaram fato relevante ontem no qual dizem que já começaram as negociações para a criação da empresa, que terá como objetivo integrar os ativos de produção de resinas termoplásticas e petroquímicos básicos na região Sudeste.
A princípio, o anúncio afasta o temor de reestatização do setor petroquímico que surgiu depois da compra da Suzano Petroquímica pela Petrobras, há pouco mais de uma semana. A estatal pagou R$ 2,7 bilhões pela empresa e assumiu dívida de R$ 1,4 bilhão, preço considerado alto por analistas.
A Suzano e a Unipar são as principais petroquímicas do Sudeste e a expectativa do setor era que as duas se fundissem para criar uma grande companhia na região. A união faria parte do processo de consolidação do setor petroquímico, que passaria a ser dominado por duas ou três grandes empresas, que tivessem escala e fossem capazes de competir internacionalmente. O primeiro passo desse processo foi dado no início desta década com a criação da Braskem, que domina a petroquímica nas regiões Nordeste e Sul. Faltava o Sudeste.
Nesse modelo, a Petrobras teria participação relevante, mas não majoritária nas novas empresas -a estatal é acionista da Braskem. Como a Petrobras é a principal fornecedora de matéria-prima para o setor, havia o temor que a reestatização no Sudeste desequilibrasse a concorrência com as demais companhias. A estatal já havia ampliado sua presença no setor com a compra do grupo Ipiranga, por US$ 4 bilhões, em conjunto com Braskem e Ultra, no início deste ano.

Participação acionária
O comunicado não revela qual será o percentual do grupo privado na nova companhia. Na semana passada, o presidente da Unipar, Roberto Garcia, disse que pretendia ficar com 60% do capital. Segundo a nota de ontem, a Petrobras terá "papel relevante" como acionista.
Dentro de 90 dias, as empresas fecharão um acordo de investimento prevendo as condições de criação da CPS. Até lá, será feita a avaliação de ativos da Suzano e da Unipar. Procuradas pela reportagem, as empresas não se pronunciaram.
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) investiga a possibilidade de vazamento de informações da operação em razão da grande movimentação dos papéis da Suzano nos dias que antecederam o anúncio da aquisição. Não é a primeira vez que a CVM investiga o vazamento de informações em uma operação envolvendo a Petrobras neste ano. Em março, a autarquia iniciou investigações sobre a compra da Ipiranga.
O comunicado afirma ainda que serão reconhecidos os direitos da Unipar, da Petrobras e dos demais signatários do acordo de acionistas da Petroquímica União, Petroflex e Rio Polímeros de adquirir ações das mesmas empresas em decorrência da compra da Suzano pela Petrobras.
A Unipar atua com foco no eixo Rio-São Paulo e concentra seus principais ativos no Pólo Petroquímico de São Paulo, localizado na região do ABC, onde tem a Petroquímica União e Polietilenos União. A empresa atua na produção de petroquímicos básicos e de resinas. Segundo a Unipar, a escolha da região Sudeste se deve à concentração do maior mercado consumidor de petroquímicos.


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